- Ana Luísa, seu novo álbum “Solaris” é uma jornada através do amor em suas diversas formas. Como você descreveria essa experiência de criar um trabalho tão intimamente ligado a esse sentimento universal?
Foi muito natural e, incrivelmente, muito tranquilo colocar em palavras e música essa parte tão pessoal e íntima minha. Esse olhar para dentro é muito transformador e a gente acaba repensando muito sobre nossos valores e prioridades.
2. Você mencionou que compôs as músicas de “Solaris” logo após o nascimento de sua filha. Como foi esse processo criativo enquanto você equilibrava a maternidade com sua paixão pela música?
Foi e ainda é um processo que eu estou procurando entender e saber como equilibrar as demandas e mesmo minha energia e disposição. Para mim é muito difícil conseguir ser criativa quando muito cansada, e as noites mal dormidas e cansaço natural de ter uma criança pequena, me pegam bastante, mas esses primeiros meses, eu incrivelmente tive um pico de criatividade e consegui colocar essa energia nessas músicas.
3. “Ser Saudade” é o single de destaque do álbum e traz uma vibe de samba com metais envolventes. Como foi a experiência de criar essa faixa e o que você espera que os ouvintes sintam ao ouvi-la?
Essa música foi uma das últimas a serem escritas para o álbum. Primeiro escrevi a letra e apenas depois de um tempo fiz a música. “Ser Saudade” é uma canção que fala da saudade que fica de alguém que já partiu e da alegria de ter vivido esse amor. De reconhecer que muita saudade e dor apenas existem pois muito amor também existiu.
4. O álbum foi gravado em diferentes estúdios e envolveu músicos excepcionais. Como foi colaborar com essa equipe diversificada e espalhada pelo mundo?
Foi um processo muito interessante, mas ter todos os arranjos escritos facilitaram bastante. E hoje em dia é tranquilo gravar em estúdio e enviar esses arquivos.
5. A faixa “Clareia” é uma homenagem à sua filha. Você pode compartilhar conosco um pouco mais sobre a inspiração por trás dessa música e o que ela significa para você?
Minha filha se chama Clara, então eu brinco um pouco com a palavra como adjetivo e verbo e correlaciono algumas das suas características com a natureza, sentimentos e seu impacto em nossas vidas.
6. “From This Love” é uma música que aborda o amor de uma maneira menos convencional. Você pode nos contar mais sobre o conceito por trás dessa faixa e como ela se encaixa na narrativa geral do álbum?
“From This Love” fala de um amor que se multiplica e passa a ser algo maior que apenas o amor romântico. O álbum explora as diferentes formas de amor, seja ele o amor materno, o amor romântico, o amor por alguém que já não está entre nós, o amor por uma lugar e o amor próprio.
7. Você tem uma formação musical bastante diversificada, desde o coral infantil até apresentações em diferentes países. Como essas experiências influenciaram sua jornada como cantora e compositora?
Eu acho que essas experiências muito ricas e elas trazem uma singularidade muito grande. Desde sonoridade, inspirações, referências, tudo. E isso é o que nos fazem únicos, sabe? Cada um do seu jeito.
8. Em “Solaris”, você explora diferentes gêneros musicais, desde bossa nova até músicas mais contemplativas. Como você equilibra essa diversidade sonora enquanto mantém a coesão do álbum?
Acho que o álbum tem uma coesão temática, já que as músicas falam sobre o amor em suas diferentes formas. Além disso, os instrumentos usados e os arranjos ajudam a trazer uma sensação de unidade.
9. A capa do álbum reflete a delicadeza das suas composições. Como foi o processo de criação visual em colaboração com Thiago Dalleck e Sarah Kierstead?
O Thiago Dalleck é um amigo de muito anos e colaboramos juntos em vários projetos, então a gente já se entendia e tudo fluiu muito organicamente.
A Sarah eu conheci através de trabalhos de amigos músicos e automaticamente adorei o estilo dela. Ao conversar com ambos, conseguimos alinhar a estética que queríamos.
10. Como você espera que “Solaris” ressoe com seus fãs e novos ouvintes? Qual mensagem você espera transmitir através deste trabalho?
Eu espero trazer um pouco de beleza para os ouvintes. Que eles saiam um pouco mais felizes ao escutarem o álbum. Que a gente possa sempre repensar o que de fato é importante e fazer disso um exercício diário.
11. Você acha que o sol é realmente importante para o amor?
Eu acho que o sol é vital para a vida assim como o amor 🙂
12. O que você prefere, cantar ou fazer um churrasco?
Cantar! Sempre!
13. Você já pensou em compor uma música sobre abacaxis?
Nunca, mas não sou a maior fã de abacaxi…
14. Alguns críticos argumentam que o amor romântico é uma ilusão. Como você responderia a essa crítica em relação ao seu álbum?
Acho que cada um pode dizer o que é real ou não para si. Falando por mim, não há nada melhor do que amar e ser amado.
15. Há quem diga que a maternidade é romantizada demais na sociedade atual. Qual é a sua opinião sobre essa afirmação, considerando a temática do seu novo trabalho?
Eu discordo. Pelo menos pela minha ótica e vendo os debates nas rodas de conversa, e nas redes sociais, a maternidade tem sido cada vez mais desromantizada e a sobrecarga materna cada vez mais discutida.
16. Como você responde às críticas de que sua música é muito suave e não aborda questões mais profundas e controversas da vida?
Nunca olhei como crítica que minha música é suave. Num mundo de tanto ruído, suave é essencial para balancear.
Eu acho bastante delicado falar o que é ou não controverso, mas eu realmente acredito que falar sobre o amor, que é essencial para todo ser humano, seja extremamente profundo. E falar de assuntos tão íntimos e raros, vejo como um ato de coragem.
17. Você sente que sua formação em educação musical influenciou sua abordagem na composição e performance de músicas?
Eu nunca olhei por essa ótica. Mas sim, tudo o que faz de mim o que sou hoje é a soma de todas as experiências, estudos, práticas musicais ao longo da vida.
18. Como você vê a evolução da sua carreira, desde os primeiros anos até agora, com o lançamento de “Solaris”?
Vejo com uma grande surpresa. Por muitos anos foquei no canto lírico e depois muitos outros anos como intérprete. Me sentir confortável e confiante para compor e mostrar esse lado meu para o mundo é uma grande transformação. Hoje não consigo me imaginar sem fazer isso.
19. Quais são seus próximos passos após o lançamento deste álbum?
Fazer shows. Sejam eles solo ou com banda. Nos próximos meses aqui pelo Canadá e no final do ano no Brasil.