Entrevista: Marc Yann, cantor e compositor

1.    O que te levou a criar A Noite Mais Sombria? Foi um projeto planejado ou surgiu de maneira espontânea?

De maneira extremamente espontânea, até porque, não planejava lançar um disco tão cedo. Percebi que nesse processo de dois anos compondo, as músicas se conectavam e formavam uma jornada mais real dos meus sentimentos. Aproveitei esse período para eternizar aprendizados em forma de música para me lembrar de não voltar jamais para esses ciclos viciosos.

2.    O título do álbum é bastante intenso. Como surgiu o conceito por trás dele?

O título surgiu em agosto, quando estava rolando postagens antigas no meu Facebook e vi que havia postado uma frase parecida para anunciar minha primeira música. Naquele momento, me toquei que estive preso nessa noite sombria por muito tempo esperando ser salvo por alguém externo que nunca viria. 

Depois, levei isso para a terapia e fez mais sentido ter um projeto fechando essas minhas reflexões e sob o meu ponto de vista.

3.    Você mencionou que este disco representa o encerramento de um ciclo iniciado em 2019. Que aprendizados ou mudanças marcaram esse período na sua vida?

Aprendi que não preciso esperar ninguém me salvar. Eu mesmo carrego a luz que guia meu caminho nas noites sombrias, nos dias legais e em qualquer momento. Esse poder é meu, e não posso dá-lo a ninguém.

4.    A produção do álbum foi inteiramente autoral. Como foi para você assumir o controle total do processo criativo?

É muito natural porque sempre foi assim e não consigo enxergar de outra forma. Ser artista é explorar esse lado criativo, autêntico, único de cada ser humano, então, é isso que faço na música, que é minha forma artística. Tudo que lanço ou que leva meu nome é decidido e produzido por minhas mãos porque acredito que ser artista é isso: entregar-se completamente.

5.    As músicas abordam temas como paixão, vingança, medos e recomeços. Qual dessas emoções foi a mais desafiadora de expressar em suas canções?

Explorar o medo, os abusos e colocar isso em forma de música foi angustiante no começo mas, necessário. Em “Dance Até o Coração Curar” e “Dias Legais” eu mergulhei em feridas que achava ter curado e precisei ressignificar muita coisa para escrevê-las. Já em “Jesus” e “A Justiceira”, me deixei ser mais ousado, brincalhão, e explorar um lado narrativo mais fictício. Essas duas, por exemplo, surgiram de momentos que estava explorando sons, temáticas diferentes e me divertindo mais no estúdio.

6.    A faixa-título carrega um peso emocional significativo. Qual foi a inspiração específica para “A Noite Mais Sombria”?

Toda minha trajetória com amores platônicos e crueis até agora. Ela é sobre o quanto eu me rendo ao mínimo, achando que estou tendo tudo. É sobre ceder a esses pequenos desejos que nunca me levaram a nada e deixar meu coração nas mãos dos outros.

7.    O álbum é dividido em dois atos. Como surgiu essa ideia de organizar as músicas dessa forma e o que você gostaria que o público sentisse ao ouvir essa transição?

Queria que as pessoas entendessem que é uma história real, com altos e baixos e nem sempre com o final que esperamos, assim como a vida. Não queria que soasse um disco sobre amor com final feliz, e sim, sobre a realidade que é explorar sentimentos e se descobrir sempre nesse processo.

9.    O álbum combina diversos estilos musicais, desde eletrônico até trap e country. Como você decidiu quais influências incorporar em cada faixa?

Isso foi muito aleatório também, experimentando, e vendo a melhor forma de encaixar o sentimento por trás da letra. Sou um artista pop, e o pop me permite ser tudo e estou trazendo isso cada vez mais para meu universo.

10.  Existe alguma música que você considera o ponto alto do álbum? Se sim, por quê?

Eu considero todas hahahaha. Enxergo esse projeto muito concentrado no conceito, até por isso lancei um álbum para que as pessoas pudessem sentir isso também. Mas, no momento, eu diria que “A Noite Mais Sombria”, “Profano”, “Malevolente” e “A Justiceira” são as faixas que mais resumem o sentimento geral do álbum.

11.  Você afirmou que este é o trabalho mais visceral e honesto da sua carreira. Como espera que o público receba esse álbum?

Não espero nada, e isso da maneira mais positiva possível. Meu sonho era lançar um trabalho que me desse orgulho e eu alcancei. Agora deixo nas mãos do universo, então se espero algo, é que essas músicas encontrem bons corações para fazer morada.

12.  Quais são seus planos após o lançamento de A Noite Mais Sombria? Alguma turnê, novos projetos ou colaborações?

Mais colaborações e novas formas de continuar levando esse disco além. Estou aproveitando esse momento, mas posso dizer que tem mais visuais para serem liberados e outras aventuras. A noite mais sombria está só começando hahahah

13.  O que significa para você ser um artista independente no cenário musical atual?

Significa ser corajoso, ousado e maluco. Direto assim.

15.  Se pudesse resumir a essência de A Noite Mais Sombria em uma frase, qual seria?

Uma aventura pelas partes mais sombrias que você tenta esconder quando dorme, mas sempre estão lá te encarando.

16.  O que Marc Yann de hoje diria para o Marc que lançou seu primeiro álbum em 2019?

Pare de querer se encaixar em padrões, isso não é pra você e nem deve ser. Faça o que o seu coração manda, essa é a sua maior força contra o que te impede de evoluir.