Ainda sobre a cama estreia com direção de Luiz Fernando Marques (Lubi) 

Duda Machado, Camila Cohen e Luiz Felipe Bianchini dividem a cena para falar das novas (e velhas) formas de relações afetivas, em uma dramaturgia inédita provocada a partir da obra Leonce e Lena, do autor alemão Georg Büchner (1813-1837)

Cena de Ainda sobre a cama. Foto: Isadora Relvas 

A temporada acontece de 4 a 27 de maio, na Oficina Cultural Oswald de Andrade. Quintas e sextas, às 20h; sábados, às 18h. Entrada gratuita

Ainda sobre a cama nasceu do encontro e da parceria entre elenco e direção, em que a memória coletiva foi o fio condutor dos questionamentos sobre as novas (e velhas) formas de relações afetivas: seguimos padrões, ações e palavras do sistema patriarcal e suas complexas engrenagens, apesar das liberdades atuais e outras possibilidades de relacionamentos? Com direção de Luiz Fernando Marques (Lubi) e atuações de Camila Cohen, Duda Machada e Luiz Felipe Bianchini, a dramaturgia inédita provocada a partir da leitura da obra Leonce e Lena, do autor alemão Georg Büchner (1813-1837), estreia dia 4 de maio, às 20h, na Oficina Cultural Oswald de Andrade. As apresentações seguem até dia 27, de quinta a sábado, com entrada gratuita.

Na trama secular de Büchner, os dois jovens protagonistas, Leonce e Lena, são de famílias nobres e estão prometidos em um casamento de interesses, mesmo sem se conhecerem. Desejando um outro futuro, isoladamente, fogem para a floresta e, num golpe de destino, se encontram por acaso, apaixonam-se e voltam para celebrar o casamento. Ironicamente o autor faz o casamento por interesse coincidir com a união por amor, e coloca, assim, que estamos enredados nas convenções de nossos tempos. 

Para os criadores de Ainda sobre a cama, o texto de Büchner foi objeto de estudo por apontar um passado que insiste em ser presente e, a partir dele, as cenas do novo trabalho arriscam a criar paralelos entre a atualidade e o passado. “Nossa ideia era falar sobre as relações heteronormativas, sobretudo como essas relações são assombradas por essas normas, modelos que vêm de séculos, patriarcais e eurocentradas, mesmo que hoje em dia isso também apareça na forma de homoafetividade ou mesmo do amor livre”, coloca Lubi.

Em cena, o ator e as duas atrizes formam diferentes possibilidades de casais ao longo da peça. “As cenas são independentes, ligadas entre si pela temática, mas apontam para uma cronologia de um casal. São vários Leônceos e Lenas – eles se chamam assim na peça – e podem ser vistos como um arquétipo de um casal”, diz a atriz Camila Cohen. 

Essa cronologia de acontecimentos ajuda a acompanhar e compreender a relação de um casal. “São diversas situações que revelam como os padrões estão arraigados nas estruturas dos nossos afetos. A encenação passa por alguns momentos emblemáticos como a perda da virgindade; o namoro; a traição, o noivado e o casamento”, diz Lubi.

O espaço cênico é formado por um quarto com uma cama de casal e duas mesinhas de cabeceiras; o público senta-se ao redor desses elementos, muito próximo das atrizes e do ator. “A sensação é de que a plateia pode flagrar desde as conversas mais ordinárias, com seus vazios e tédios, passando por brigas até, no limite, a violência que uma relação é capaz de gerar”, coloca o diretor.

“Ao longo da peça, os atores assumem a função de narradores. Esse recurso épico cria um efeito de distanciamento, como se fossem capazes de olhar para o que está acontecendo”, finaliza Lubi. 

Sinopse

Isso aqui é mais uma vez a tentativa de construir uma cama. E essa cama não é ninho, não vai parir ninguém e nem oferecerá o descanso merecido. Ela talvez testemunhe a inércia de sentimentos, palavras e ações que ainda hoje repetimos desde 1837. Uma instalação cênica para uma dramaturgia contemporânea criada a partir da obra Leonce e Lena, de Georg Büchner. Do ócio ao tédio. Do tédio ao sexo. Do sexo à violência. Da violência ao controle.

Elenco e direção

Camila Cohen é atriz, preparadora corporal e arte-educadora formada pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD/ECA/USP) e pelo curso de graduação em Comunicação das Artes do Corpo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Integra o elenco do espetáculo Momo e o Senhor do Tempo pelo qual recebeu o prêmio APCA de melhor elenco de teatro infanto juvenil. Em 2017, foi indicada como atriz revelação pelo prêmio FEMSA de Teatro Infantil e Jovem pela peça Kazuki e a Misteriosa Naomi. Trabalhou como atriz com diretores da cena contemporânea como Miriam Rinaldi, Cristiane Paoli Quito, Rogério Tarifa, Cassiano Quilici, Carla Candiotto e Heitor Goldflus.

Maria Eduarda Machado, atriz, professora de teatro, locutora. Formada em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2011) e pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (2018). Como atriz, já trabalhou com diretores como José Rubens Siqueira, Cristiane Paoli-Quito, Pedro Granato e Rogério Tarifa. Na TV, fez “Malhação” na TV Globo e participações especiais em séries do canal Multishow. No cinema, produziu e atuou no curta-metragem “Aula de Reforço”. Atualmente é integrante dos Treinos Públicos coordenado por Luah Guimarãez e Fabiano Lodi e está em processo de montagem teatral com direção de Lubi, do grupo XIX de teatro, a estrear em maio de 2023.

Luiz Felipe Bianchini, 34 anos, é ator e professor de teatro formado pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD/ECA/USP) e pelo curso de Bacharelado e Licenciatura em Teatro da UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina). Trabalhou em diversos diretores da cena teatral contemporânea como André Carreira, Antônio Rogério Toscano, Cristiane Paoli-Quito, Vanessa Bruno, Isabel Setti, Rogério Tarifa e Luiz Fernando Marques Lubi. Atualmente está em circulação com o infantil Brincar de Pensar: contos de Clarice Lispector.  No cinema atuou no curta-metragem O Presente, com direção de Daniel Wierman. Na TV fez participações na série O Negócio (HBO) e nas novelas Éramos Seis e Um lugar ao sol (TV Globo).  

Luiz Fernando Marques (Lubi) – Nascido em Santos, integra o Grupo XIX de Teatro desde 2001 e o Teatro Kunyn desde 2009. Dirigiu e é cocriador de 33 peças de teatro. Parte deste repertório já foi encenado em mais de 120 cidades no Brasil e 36 no exterior (Argentina, Armênia, Cabo Verde, Chile, Cuba, Espanha, França, Guiana Francesa, Holanda, Inglaterra, Irlanda, Itália, México, Portugal, Rússia e Uruguai). Ao longo de sua trajetória acumula entre prêmios e indicações mais de 20 menções nos principais prêmios do país. Desde 2008, é orientador do Núcleo de Direção da Escola Livre de Teatro de Santo André.

Ficha técnica

Direção: Luiz Fernando Marques (Lubi) 

Assistência de direção: Erica Montanheiro 

Dramaturgia: Duda Machado, Camila Cohen, Erica Montanheiro, Luiz Fernando Marques (Lubi) e Luiz Felipe Bianchini

Elenco: Duda Machado, Camila Cohen e Luiz Felipe Bianchini. 

Iluminação: Wagner Antônio 

Cenário: Luiz Fernando Marques (Lubi) 

Fotos: Isadora Relvas 

Produção: Lud Picosque – Corpo Rastreado

Assessoria de Imprensa – Márcia Marques – Canal Aberto 

Serviço

Ainda sobre a cama

Temporada de 04 a 27 de maio de 2023
Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363, Bom Retiro, São Paulo, SP
Quinta e sexta, às 20h, Sábados e feriados, às 18h
Ingressos gratuitos com uma hora de antecedência
Lotação: 40  lugares | Recomendação: 18 anos