Jacques Fux coloca os traumas do holocausto no divã em seu mais recente romance

Jacques Fux coloca os traumas do holocausto no divã em seu mais recente romance

Com posfácio de Christian Dunker, Herança é uma autêntica história de três vozes femininas combatendo o sofrimento, o apagamento das narrativas e a violação da própria humanidade

Lançamento acontece no dia 09 de março no Museu Judaico de São Paulo

A herança transgeracional é objeto de estudos há centenas de anos. Jean-Martin Charcot (1825-1893), em seu trabalho com histéricas, acreditava que os distúrbios neuróticos eram hereditários. Freud (1856-1939), por sua vez, concluiu que, tanto na pessoa quanto no grupo, as impressões do passado ficam sob a forma de traços mnêmicos inconscientes, frutos de conteúdos recalcados. Para Carl Jung (1875-1961), em sua teoria sobre o inconsciente coletivo, a transmissão psíquica ocorre por meio de arquétipos que carregam experiências humanas, ultrapassando, inclusive, as barreiras familiares. Já mais recentemente, a epigenética tem se debruçado sobre a possibilidade de a herança psíquica ser resultante da forma como a história de vida de uma pessoa altera o modo como seu DNA é lido por suas células.  

Neste mais recente lançamento da Editora Maralto, Herança, do premiado autor mineiro Jacques Fux, os traumas do holocausto são relembrados e ressignificados por meio dos relatos de três gerações de mulheres. Utilizando recursos como diários e sessões de terapia, Fux mergulha o leitor nos acontecimentos de Auschwitz e oferece relatos comoventes sobre a universalidade de perguntas e ansiedades que acompanham a humanidade. 

“O livro mostra que o trauma pode passar de geração em geração se não for bem trabalhado”, explica Fux, que é pós-doutor em Literatura Comparada pela Universidade de Harvard (EUA). “O trauma transgeracional pode ser verificado dentro de uma família – como é o caso das personagens do livro –, mas também pode ser visto na sociedade: o fato de, por exemplo, continuarmos com uma sociedade estruturalmente racista, homofóbica e antissemita mostra que esses traumas não foram superados.”

Herança narra a história de uma família em três vozes: a de Sarah K., nascida em Lódz, na Polônia, em 1926; a de Clara K., nascida em São Paulo, em 1949; e a de Lola K., nascida no Recife, em 1984. Três gerações que dividem suas experiências com o Nazismo. Ao conhecer o diário de Sarah, o leitor vai partilhar a descoberta do amor, ao mesmo tempo que assiste o terror da vida no gueto e o extermínio dos judeus. De Clara, filha de Sarah, será possível descobrir temas arraigados em suas sessões de psicanálise. Lola, neta de Sarah, filha de Clara – e mãe de Luiza – escreve notas do que aos poucos descobre sobre sua família, tomando a própria vida por esse prisma. 

A obra, resultado de seis anos de pesquisas sobre os diários de crianças que estiveram nos campos de concentração e extermínio, entrelaça realidade e ficção e coloca o leitor como parte da jornada de autoconhecimento de cada personagem. 

“O leitor pode esperar que o livro o toque e o faça perceber os próprios traumas silenciosos. É uma obra que ainda ajuda na compreensão de que o mesmo trauma incide de modo absolutamente desigual nas pessoas. Apesar de conter traços similares, os danos são distintos em diferentes gerações”, finaliza o autor. 

Herança tem ilustrações de Raquel Matsushita e posfácio de Christian Dunker – professor em Psicanálise e Psicopatologia da Universidade de São Paulo –, que oferece também um relato emocionado sobre a própria história com o holocausto.

Sobre o autor

Jacques Fux é ficcionista, ensaísta e tradutor. Graduado em Matemática e mestre em Computação, tem doutorado em Literatura Comparada pela UFMG e pela Université de Lille (França). Foi pesquisador na Universidade de Harvard de 2012 a 2014. É autor dos romances Antiterapias, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura, Brochadas, Prêmio Nacional Cidade de Belo Horizonte, Meshugá, vencedor do Prêmio Manaus, e Nobel; dos ensaios “Literatura e Matemática”, vencedor do Prêmio Capes e finalista do APCA, “Georges Perec” e “Ménage literário”; e dos infantis O enigma do infinito, Selo Altamente Recomendável FNLIJ e finalista do Jabuti, e Um labirinto labiríntico, vencedor do Prêmio Paraná Digital. Seus livros e contos já foram publicados na Itália, no México, no Peru, em Israel, nos Estados Unidos e na França.

Herança – Lançamento: 09 de março 

Autor: Jacques Fux

Número de páginas: 224

Preço: R$ 44,90

Editora: Maralto

Onde: Museu Judaico de São Paulo – 17h

Rua Martinho Prado, 128 – Bela Vista, São Paulo

Vendas: https://loja.editorapositivo.com.br/literatura

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