“Presença Negra no Arquivo” Revela a História de Luta e Resistência da População Negra

“Presença Negra no Arquivo” Revela a História de Luta e Resistência da População Negra

Na última sexta-feira, dia 6, foi inaugurada a emocionante exposição “Presença Negra no Arquivo,” no Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP). Esta exposição única traz à luz documentos históricos que contam a tocante trajetória de luta e resistência da população negra em busca de visibilidade e reconhecimento ao longo dos séculos.

A exposição é uma janela para o passado, destacando cartas, registros, jornais, mapas, cadernetas e fotografias que abrangem os séculos XVIII ao XX. Esses registros, meticulosamente preservados no APESP, revelam o papel fundamental que a população negra desempenhou na construção da sociedade brasileira.

Para contar essa história rica e complexa, a exposição foi dividida em blocos que homenageiam personalidades negras de diferentes períodos. Entre essas notáveis figuras, encontram-se o arquiteto Thebas, a escravizada Teodora, o advogado abolicionista Luíz Gama, os engenheiros Theodoro Sampaio e José Pereira Rebouças, e a renomada escritora Carolina Maria de Jesus.

Thiago Nicodemo, coordenador do APESP e professor da Unicamp, enfatiza que o foco está nos marcos socioculturais produzidos pela população negra, conforme documentados no acervo da instituição. Além disso, Nicodemo salienta que muitos dos documentos expostos evidenciam a triste marca da escravidão na sociedade brasileira. Ele comenta, “Nossos documentos ajudam a situar como a escravidão foi constitutiva de diferentes dinâmicas econômicas, sociais, políticas, culturais e, sobretudo, subjetivas, que moldaram nossa população e nossos impasses sociais até hoje.”

Esta exposição cativante não é apenas uma exibição de documentos antigos, mas também um convite para a reflexão sobre a história do Brasil e o impacto duradouro da população negra. O projeto está programado para ficar em cartaz por um ano, proporcionando uma oportunidade única para o público explorar essa parte vital da história do país. Além disso, durante o período de exibição, estão previstas várias atividades complementares, como seminários, debates e palestras, que contarão com a participação de pesquisadores, artistas e membros da sociedade civil organizada.

Serviço:

Exposição “Presença Negra no Arquivo”

Local: Arquivo Público do Estado de São Paulo, Rua Voluntários da Pátria, 596, Santana – São Paulo

Horário: Segunda à sexta-feira, das 9h às 17h

Em cartaz até novembro de 2024.

Esta exposição única é uma oportunidade imperdível para mergulhar nas páginas da história e entender a importância da “Presença Negra no Arquivo” na construção do Brasil.

marramaqueadmin

MAM São Paulo inaugura 38º Panorama da Arte Brasileira
Ele se chama Bilibeu. Ou Santo Bilibeu, ou ainda Bilibreu. Esculpido em madeira e retinto como o breu, o santo é festejado todos os anos, na Baixada Maranhense, entre as cidades de Viana, Matinha e Penalva. As pessoas que o cultuam foram por décadas chamadas de ‘caboclos’ e apontadas pejorativemente como ‘os índios’. Foi em novembro 2014 que “os índios” passaram a reivindicar perante o Estado e a sociedade envolvente uma identidade indígena específica (não mais genérica). Os Akroá Gamella sempre esteveram ali, demarcando suas terras com os pés, como eles mesmo dizem, e utlizando os recursos naturais, sob regras específicas, com o intuito de preservar a natureza e manter a sua subsistência físisca e simblólica. Foi em segredo mantiveram vivos Entidades que sobreviveram à censura identitária e ao racismo. Bilibeu foi um deles, o mais conhecido de todo os Encantados locais. São Bilibeu perseverou ao silenciamento e permaneceu preservado publicamente porque ficou mimetizado dentro das comemorações do carnaval. Nesse período em que “tudo pode”, Bilibeu pode existir e sair às ruas num festejo que dura 4 dias, no qual dezenas de crianças e adultos pintados de carvão, marcham durante dez ou doze horas, incorporando os ‘cachorros de Bilibeu’ que, de casa em casa, de aldeia em aldeia, caçam. A matilha de cachorros e cachorras, sob orientação de um chefe, o ‘gato maracajá’, caçam comida e bebida para oferecer ao santo que em um determinando momento do ritual morre, é enterrado, sob o choro de mulheres, e renasce na manhã seguinte para continuar dando fartura e fertilidade ao povo Akroá Gamella. Se antes, era celebrado no carnaval, hoje o povo Akroá Gamella, escolheu outra data para o ritual. O dia 30 de abril é, desde de 2019, a data em que Bilibeu é cultuado. Bilibeu definitivamente não é uma festa, é um rito. Um rito que agora marca um evento de muita dor, tristeza e revolta. Pois foi nesse dia, no ano de 2017, que