Entrevista: Ígor Lopes, jornalista e escritor
1. A inspiração para o livro: O que o motivou a escrever “Luso-Brasilidade Musical”? Como surgiu a ideia de explorar a conexão musical entre Brasil e Portugal?
Tenho as minhas raízes em Portugal, mas nasci no Rio. A minha criação foi luso-brasileira, com influências dos dois países. Sempre senti que Brasil e Portugal dialogavam pouco. Investi no jornalismo como forma de aproximar as duas nações. A paixão levou-me a enveredar para a literatura, onde utilizo o formato livro-reportagem para mostrar que “falamos a mesma língua” e que temos mais em comum do que apetrechos que nos separam.
2. Música como elo cultural: Como você percebe o papel da música na criação de uma identidade cultural compartilhada entre Brasil e Portugal?
Percebo que existem acordes comuns. E devemos incentivar este contacto. A música, tal como outras manifestações artísticas e culturais, auxilia na ligação entre Brasil e Portugal. Há nomes que se confundem com as culturas do Brasil e de Portugal. Há nomes que não conseguimos distinguir se são do Brasil ou de Portugal, devido à interação que mantém com as duas culturas.
3. Escolha dos temas e artistas: No livro, você aborda o fado, o samba e artistas icônicos como Maria Alcina e Roberto Leal. O que guiou a escolha dos temas e artistas retratados?
Escolhi nomes que, de uma forma ou de outra, fizeram parte do meu inconsciente. Roberto Leal, Maria Alcina, Alcino Correia, Carmen Miranda, entre outros nomes, fizeram parte do cenário artístico e cultural entre Brasil e Portugal. São nomes com trabalhos brilhantes na promoção e divulgação das raízes de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal. Merecem destaque pelo que fizemos em palco e fora dele. Pelo legado que deixaram.
4. Processo de pesquisa: Como foi o processo de pesquisa para compor as 255 páginas do livro? Houve alguma descoberta que o surpreendeu durante esse trabalho?
Foi uma apuração jornalística intensa. Pesquisei os nomes citados acima, as suas histórias, descobri fatos que estavam escondidos no passado, revivi momentos que presenciei, falei sobre as Casas portuguesas no Rio de Janeiro…enfim, houve muitas entrevistas, pesquisas, artigos de especialistas que ajudaram a chegar ao produto final.
5. Depoimentos e entrevistas: O livro inclui entrevistas com músicos e especialistas. Qual a importância desses depoimentos na construção da narrativa que você queria apresentar?
Sim, são nomes importantes que ajudam na manutenção da diplomacia entre Brasil e Portugal. Desde música, diplomatas, governantes, empresários musicais e o público que usufrui da música lusófona.
6. Impacto histórico da música luso-brasileira: Em sua opinião, quais foram os momentos históricos mais significativos que moldaram as conexões musicais entre os dois países?
Há diversos, mas os mais simples são, na minha opinião, os mais marcantes. Quando, por exemplo, a música brasileira começou a chegar a Portugal; ou quando a música portuguesa deixou as casas de fado no Brasil e o movimento associativo português e luso-brasileiro para chegar ao grande público nas principais casas de espetáculo do Brasil.
7. Influências contemporâneas: Como você enxerga as influências musicais contemporâneas entre Brasil e Portugal? Há algum estilo ou movimento atual que você destaca?
Creio que há muito boa música que deveria viajar de Portugal para o Brasil e que a qualidade da música deveria ser maior do Brasil para Portugal. Temos de evoluir. Os festivais tomaram conta do cenário. Shows mais intimistas mostram o melhor dos artistas.
8. Prefácio de Ricardo Cravo Albin: Como foi para você ter o prefácio escrito por Ricardo Cravo Albin? Qual foi a contribuição dele para o livro?
É um orgulho ter o prefácio do Ricardo no livro. Ele conhece muito de música popular brasileira. E tem interações com a cultura portuguesa. Portanto, trouxe informações valiosas que podem ajudar o público a perceber que Brasil e Portugal vivem sonoridades semelhantes, com raízes bastante iguais.
9. Movimento associativo português no Brasil: O livro aborda o movimento associativo português no Brasil. Qual é o papel dessas associações na preservação e promoção da cultura portuguesa no Brasil?
É um papel de grande valia, onde se reúnem não só portugueses, mas amantes da cultura lusa. É onde o Brasil encontra Portugal sem questionamentos, através da arte, da gastronomia, da música. Há líderes importantes que comprovam que Portugal está vivo no Brasil.
10. Impacto e recepção: Como tem sido a recepção do livro tanto no Brasil quanto em Portugal? O feedback de leitores e críticos têm correspondido às suas expectativas?
O impacto tem sido excelente. Fizemos duas apresentações em Portugal e temos já algumas agendadas no Brasil. É importante ter sempre os cidadãos dos dois lados do oceano conectados, que seja através da música… melhor…
11. Futuras colaborações artísticas: Você espera que este livro incentive novas colaborações artísticas entre os dois países? Quais tipos de projetos você imagina que podem surgir a partir desse intercâmbio cultural?
Sim, todos os trabalhos que realizo, incluindo no campo da literatura, são apenas um ponto de partida para que novas pesquisas surjam, para que o público sinta vontade de estar informação sobre como Portugal e Brasil dialogam, o que têm em comum é o que devemos evoluir.
12. Próximos projetos literários: Você já está planejando novos projetos? Existe algum outro aspecto da relação luso-brasileira que gostaria de explorar em futuras obras?
Para já, um estudo sobre a cultura minhota e outros projetos que estão saindo do papel. Em paralelo, um livro sobre as Casas dos Açores no Brasil… um arquipélago português vivo pelas ações das casas dos Açores no Brasil…. Seguimos trabalhando para que haja mais diálogo.