1. O que a inspirou a escrever “A Última Página” e por que decidiu ambientá-lo em Porto Alegre?
Escrever sempre foi o meu propósito de vida. Ao longo da minha trajetória profissional, venho desenvolvendo essa paixão através da escrita publicitária e jornalística. No entanto, sempre tive o desejo de me aventurar pelo campo literário. Desde pequena, sou fascinada por livros de ficção, especialmente romances policiais, e sou uma grande fã de Agatha Christie. Foi desse repertório e desse gosto pelo gênero que nasceu a inspiração para “A Última Página”. Foi um processo de cerca de um ano, apenas desenvolvendo a ideia central na minha mente, para depois passá-la para o papel. Ambientá-lo em Porto Alegre foi uma escolha intencional, pois desejo valorizar a cidade onde moro e criar uma experiência mais próxima para os leitores, conectando-os a cenários familiares e reais.
2. Como sua experiência em Jornalismo e especializações em Neuromarketing e Gestão de Mídias Sociais influenciaram a construção da narrativa e dos personagens?
De forma prática, acredito que o jornalismo me trouxe uma escrita mais objetiva e focada nos acontecimentos. Apesar dos elementos de suspense, a leitura não é rebuscada nem difícil; pelo contrário, é fluida e ágil. Outro ponto que extraí da experiência jornalística foi o cuidado com o jogo de palavras, entendendo como ele pode transformar a percepção do leitor. Já do marketing, além do enredo em si, o que levei para o livro foi uma abordagem mais ativa: a obra convida os leitores a interagirem e
contribuírem nas redes sociais.
3. A protagonista Isabela Oliveira enfrenta um momento de crise na carreira. Existe algo dessa experiência que você trouxe de sua própria trajetória profissional?
Sim, com certeza. Como costumo dizer, há muito de mim no livro. E, nesta experiência, trago bastante da minha carreira. Há algum tempo, me vi quase no mesmo impasse de Isabela, questionando minhas escolhas profissionais e se realmente havia escolhido a carreira certa. Foi a partir desse momento que decidi que era hora de colocar meu sonho de escrever este livro no papel.
4. Este é o seu primeiro romance. Como foi o processo de transformação desse sonho em realidade?
Foi incrível e desafiador. Acho que a parte mais difícil foi conciliar minha rotina de trabalho com a escrita do livro. Passava o dia inteiro criando e escrevendo, e à noite precisava encontrar foco e um pouco mais
de criatividade para continuar escrevendo. O que me ajudou foi estabelecer uma rotina viável — defini uma hora por noite totalmente dedicada à escrita. Todo o processo de idealização, escrita, construção
de cada detalhe, planejamento de marketing e lançamento foi algo que realmente aproveitei. Posso dizer que foi tão incrível e especial quanto eu sempre sonhei.
5. “A Última Página” envolve um mistério que desafia tanto a investigação oficial quanto o instinto da personagem. O que você espera que os leitores sintam ao seguir essa narrativa cheia de suspense?
Espero que seja uma leitura que surpreenda a cada capítulo. Quero que seja uma daquelas obras que não conseguimos largar até chegar ao final, leve e fluida. Também inseri algumas críticas sociais sutis, que, com sorte, poderão ser percebidas pelos leitores.
6. Por que decidiu seguir a publicação independente para lançar o livro, e quais foram os principais desafios e vantagens desse caminho?
Quando finalizei o livro, meu único pensamento era lançá-lo o mais rápido possível. Por isso, não cheguei a estudar o processo de publicação por editora, embora sempre tivesse a impressão de que seria
algo demorado e complexo, especialmente para uma autora iniciante. Desde o começo, a publicação independente foi minha primeira opção. Posso dizer que as vantagens desse formato também trouxeram grandes desafios. Ele me deu total autonomia para criar cada detalhe: capa, contracapa, tamanho, interações, textos internos e externos, além de decidir como, onde e quando lançá-lo. Foram decisões e execuções que adorei planejar, e o resultado ficou exatamente como eu queria. Mas não vou romantizar — revisar, diagramar e criar o design da capa não foi fácil. Claro, contei com a ajuda valiosa do meu namorado em todo esse processo, mas nenhum de nós é especialista.
7. A capa, o texto e a divulgação do livro têm um “pedacinho” seu, como você comentou. Pode nos contar mais sobre como foi participar de cada etapa do projeto?
Foi uma experiência incrível. Sou uma pessoa um pouco centralizadora, então realmente queria ter controle e voz em cada etapa do processo. Agora, posso dizer com toda certeza que o livro ficou exatamente como idealizei, e carrega um pedacinho enorme de mim em cada detalhe.
8. Como foi o processo de criação da personagem Isabela Oliveira? Em que aspectos ela é parecida com você?
Busquei criar uma personagem com características que a tornassem o mais real possível: alguém com dúvidas, medos, que se sente sozinha, tem uma opinião, mas nem sempre acredita totalmente nela, que luta pelo que quer, mas também se apaixona e, às vezes, se envolve tanto que esquece da rotina. Queria que ela inspirasse, principalmente por sua autenticidade. Quanto aos aspectos que ela compartilha comigo, acredito que inseri muitas das minhas próprias experiências de vida, como a crise
de carreira, e alguns hábitos, como o de tomar chimarrão todos os dias.
9. O livro explora pistas e segredos que parecem desconectados. Como foi o processo de construir essa trama complexa, mantendo o leitor envolvido?
Foi um verdadeiro quebra-cabeça, até para mim. Voltei ao início várias vezes, lendo e relendo para garantir que tudo fizesse sentido. Busquei amarrar cada parte de forma que elas se conectassem, ou pelo menos parecessem se conectar. A estratégia foi, justamente, sempre entregar uma nova informação, como mencionei antes, com um enfoque mais jornalístico e menos descritivo.
10. A literatura de suspense policial está em alta. Como “A Última Página” se diferencia dentro do gênero e o que traz de único?
Para mim, todas as obras são únicas, pois carregam muito mais do que um enredo: trazem as vivências, experiências e crenças, explícitas ou não, de seus autores. Por isso, faz total sentido afirmar que há muito de mim em “A Última Página”. Além disso, mais do que uma simples leitura, o livro busca ser um convite para os leitores exercitarem seu faro investigativo.
11. Você mencionou que sempre foi apaixonada por livros e frequentava a biblioteca de sua cidade na adolescência. Tem algum autor ou livro que a influenciou especialmente na escrita deste romance?
Sim. Agatha Christie, sem dúvida, foi a autora que mais me inspirou, não apenas neste livro, mas também na decisão de começar a escrever. Além das referências literárias, não posso deixar de mencionar duas pessoas fundamentais na minha vida, que sempre incentivaram minha paixão pela arte e tiveram uma grande influência em quem sou hoje: meus pais. Quando eu tinha cerca de cinco anos, lembro do meu pai me contar histórias todas as noites sobre o “Pintinho e o Cavalinho”, e eu ficava fascinada pela criatividade dele. Com o tempo, comecei a contar minhas próprias histórias. Minha mãe, por sua vez, sempre me apoiou nas atividades escolares, nunca faltando a uma apresentação.
12. Como foi o lançamento no Café Mal Assombrado?
Foi um momento muito especial e inesquecível para mim. Tive a oportunidade de compartilhar um pouco mais da minha identidade como escritora, algo que a grande maioria não conhecia, e de contar sobre o
processo criativo por trás da escrita, além de vivenciar essa troca tão enriquecedora. Reunimos cerca de 30 pessoas, em sua maioria familiares, amigos e conhecidos. Considero um bom público, levando em conta a capacidade do espaço e o fato de não ser natural de Porto Alegre — nasci em Santo Antônio da Patrulha, então minha rede está muito mais concentrada lá. Por isso, também já estou organizando uma sessão de autógrafos por lá.
13. Já está pensando em um próximo livro ou sequência? O que podemos esperar de você como escritora no futuro?
Sim. Já estou pensando em um segundo livro com a Isabela. Não será exatamente uma continuação, pois a história poderá ser lida de forma independente.
14. Como foi trabalhar na divulgação do livro e nas estratégias de pré-venda? Quais estratégias de marketing você utilizou para alcançar seus leitores?
Foi uma experiência interessante e nova para mim. Costumo trabalhar o marketing para meus clientes, então criar e aplicar estratégias para mim mesma foi algo diferente e desafiador. Pude testar muitas abordagens. Em relação às estratégias, o foco na pré-venda e no lançamento — já que as
vendas estão sendo feitas por mim — tem sido bastante voltado para minha rede de relacionamento. Tenho investido bastante nas minhas redes sociais de forma orgânica, mantendo contato mais próximo pelos canais de conversa e também promovendo eventos presenciais. Na segunda fase, após
a sessão de autógrafos em Santo Antônio da Patrulha, planejo dar um passo a mais, atingindo novos leitores e criando uma base de comunidade engajada. Porém, ainda não finalizei essa segunda estratégia. Um dos grandes desafios de gerenciar todo o marketing é implementar uma estratégia de cada vez, já que, por ser apenas eu, há limitações.
15. Qual mensagem você espera que os leitores levem após terminarem “A Última Página”?
Apesar de ser uma ficção, um romance policial, em que é mais difícil transmitir uma mensagem profunda além do entretenimento, espero que os leitores consigam mergulhar um pouco mais nas questões por trás do enredo. Gostaria que percebessem as críticas sociais e refletissem sobre elas. No entanto, acredito que a principal mensagem que tentei transmitir, de forma um tanto sutil, é que a última página nem sempre é a mais importante, tanto literalmente quanto metaforicamente.