Judith Butler e Athena Athanasiou exploram poder e resistência

O livro Despossessão: o performativo na política, de Judith Butler e Athena Athanasiou, lançado pela Editora Unesp, aprofunda as relações entre poder, resistência e despossessão. A obra oferece uma análise inovadora sobre como ações performativas moldam identidades políticas em um mundo marcado por desigualdades e exclusões.

O conceito de despossessão como resistência política

Para Butler e Athanasiou, a despossessão vai além de uma perda: ela se torna uma ferramenta de resistência. O indivíduo “despossuído” conecta-se aos vínculos sociais que o constituem, abrindo caminhos para novas formas de ação coletiva. Essa abordagem é central na análise de temas como violência, soberania, linguagem e corporeidade.

As autoras ilustram essas ideias com exemplos de movimentos sociais, como as lutas LGBTQ+, feministas e de descolonização. Elas demonstram como a vulnerabilidade pode ser transformada em responsividade ativa, catalisando resistência e mudança social.

Diálogo entre teoria e prática

A colaboração entre Butler e Athanasiou começou em Atenas, em 2009, em um contexto de crise econômica e política. As autoras analisam o impacto da austeridade neoliberal, que marginaliza e exclui vozes políticas, e discutem o conceito de precariedade como uma experiência compartilhada que impulsiona solidariedade e resistência.

Além disso, recorrem a mitos gregos para contextualizar debates contemporâneos. Um exemplo é a análise do filme Strella, no qual o mito de Édipo é reinterpretado por uma perspectiva queer, destacando as lutas modernas por identidade e dignidade.

Uma nova visão para a política

Em Despossessão, Butler e Athanasiou propõem repensar o espaço político como um campo dinâmico, no qual relações performativas desafiam normas sociais e fomentam pertencimento coletivo. A obra é uma leitura indispensável para quem busca compreender as dinâmicas de poder e explorar novas formas de resistência.