Como a dificuldade de admitir erros ajuda a entender a política
A dificuldade humana de reconhecer equívocos aparece em relacionamentos, carreiras e até nas disputas de poder. Essa é a tese central de Erros foram cometidos (mas juro que não fui eu), livro de Carol Tavris e Elliot Aronson, recém-lançado pela editora Goya. A obra mostra como a autojustificação molda decisões ruins e influencia tanto a vida cotidiana quanto fenômenos políticos recentes.
Erros foram cometidos e a lógica da autojustificação
Segundo os autores, a expressão “erros foram cometidos” evita responsabilidades e funciona como ferramenta política. A linguagem, nesse contexto, se transforma em escudo, permitindo que indivíduos e instituições admitam falhas sem assumir culpa. Essa lógica se repete em diferentes ambientes, criando um ciclo de negação.
Erros foram cometidos e o cotidiano das escolhas
No dia a dia, a autojustificação aparece em situações simples. Pessoas que compram um carro problemático continuam investindo dinheiro nele para sustentar a escolha inicial. O mesmo ocorre com carreiras e empregos: muitos permanecem em ambientes negativos apenas porque já investiram tempo e energia.
Nas relações pessoais, o padrão se repete. Discussões familiares se estendem porque cada lado acredita estar certo. A recusa em admitir falhas impede reconciliações rápidas e alimenta ressentimentos que se acumulam ao longo do tempo.
Erros foram cometidos e a política contemporânea
O livro dedica um capítulo inteiro ao cenário político. Tavris e Aronson analisam como líderes transformam a negação de falhas em estratégia. O caso de Donald Trump recebe destaque. Para os autores, o ex-presidente dos EUA elevou a autojustificação a método de governo, convertendo adversários em inimigos e agravando tensões democráticas.
A obra demonstra que a incapacidade de admitir erros tem impactos coletivos profundos. Quando governos e instituições adotam esse comportamento, a sociedade perde capacidade de corrigir rumos e fortalecer seus valores democráticos.
Um alerta sobre democracia e responsabilidade
Mais do que explicar comportamentos individuais, o livro funciona como alerta social. Ao expor os mecanismos da autojustificação, os autores defendem práticas de autocrítica e responsabilidade institucional. Para eles, aprender com erros não é apenas virtude pessoal — é requisito essencial para preservar a convivência democrática.
