Entrevista: Ton Felix, comunicador e acadêmico

Entrevista: Ton Felix, comunicador e acadêmico

1. Ton Felix, em seu novo livro “Streampunks: Um Fenômeno Contemporâneo”, você mergulha fundo na cultura dos Streampunks. O que o inspirou a explorar esse fenômeno tão marcante da era digital?

A jornada de exploração do fenômeno dos Streampunks teve suas raízes em minha própria trajetória e experiência. Iniciei minha carreira como jornalista, imerso no universo midiático e na dinâmica da produção de conteúdo audiovisual. Ao longo dos anos, testemunhei a transformação do cenário midiático com a ascensão da internet e das plataformas de streaming.

Minha jornada profissional me levou a cobrir eventos internacionais de grande relevância, como o Conclave do Papa Francisco e o início da Primavera Árabe. Essas experiências proporcionaram uma visão abrangente das mudanças globais, especialmente no que diz respeito à disseminação de informações e entretenimento através das novas mídias.

O ponto de virada veio quando lancei o website tv|on|fit, uma plataforma dedicada à inclusão social através da atividade física para portadores de TDAH. O sucesso e reconhecimento dessa iniciativa despertaram meu interesse em explorar mais a fundo o potencial das plataformas digitais para promover conexões significativas e influenciar a cultura contemporânea.

Ao ingressar no programa de mestrado em Educação, Arte e História da Cultura, vi uma oportunidade para aprofundar minha compreensão sobre os Streampunks e seu impacto na sociedade atual. A pandemia de 2020, apesar de seus desafios, reforçou a importância da adaptação e inovação no campo educacional, fortalecendo minha convicção de que a pesquisa sobre os Streampunks é mais relevante do que nunca.

2. Os Streampunks têm mudado drasticamente a forma como consumimos mídia. Como você enxerga o impacto deles no mercado audiovisual e na sociedade em geral?   

Os Streampunks representam uma mudança radical na forma como consumimos mídia, com repercussões significativas no mercado audiovisual e na sociedade em geral. Essa transformação é evidenciada pela rápida disseminação de conteúdo através de plataformas de streaming, desafiando os modelos tradicionais de distribuição e consumo de mídia. No mercado audiovisual, os Streampunks têm estimulado a produção de conteúdo diversificado e acessível, permitindo que criadores independentes alcancem audiências globais sem as barreiras tradicionais da indústria. Além disso, seu impacto na sociedade vai além do entretenimento, influenciando comportamentos de consumo, hábitos de visualização e até mesmo questões culturais e sociais.

3. Você mencionou a História Imediata como uma disciplina importante para entender os movimentos sociais contemporâneos. Como esse conceito se aplica ao estudo dos Streampunks?

Como qualquer outro movimento social, o surgimento dos Streampunks está igualmente associado a uma revolução histórica. Só que nesse contexto seu impacto é mais visível e sentido devido ao uso dos meios de comunicação tecnológicos surgidos com a revolução tecnológica.

4. Em seu livro, você aborda a ideia da identidade fluida na sociedade interconectada de hoje. Como os Streampunks contribuem para essa percepção de identidade em constante transformação?

Dentro desse contexto, o termo “punk” assume uma nova dimensão na linguagem comunicacional, representando a liberdade de expressão, a autenticidade e a capacidade de impactar as massas através de canais não convencionais. Os Streampunks se apropriam desse etos para moldar uma nova era da comunicação digital, onde o acesso à informação e à cultura é democratizado e a criatividade é valorizada sobre o conformismo. Ao explorar as possibilidades oferecidas pelas plataformas digitais e redes sociais, os Streampunks desafiam as fronteiras físicas e conceituais, criando comunidades e conexões globais que transcendem limites geográficos e culturais. Essa interconectividade redefine a relação espaço-tempo, afetando diretamente a percepção e construção da identidade. Por meio da comunicação instantânea e da exposição a uma variedade de perspectivas e experiências, os Streampunks são agentes de uma identidade fluida e em constante evolução.

5. Além de ser um observador, você também é um acadêmico. Como sua experiência como professor universitário influenciou sua abordagem ao escrever sobre os Streampunks?

Minha experiência como professor universitário tem sido fundamental na minha abordagem ao escrever sobre os Streampunks. Acredito firmemente que a educação superior deve estar em constante evolução, adaptando-se às mudanças tecnológicas, culturais e geracionais para fornecer uma experiência de aprendizado relevante e significativa. Como parte dessa engrenagem cultural e convergente, estou comprometido em aplicar novas técnicas de ensino e metodologias em sala de aula, a fim de promover uma melhor compreensão e aprendizado por parte dos alunos.

6. Há quem veja os Streampunks como uma ameaça à indústria tradicional do entretenimento. Como você responde a essas críticas?

A meu ver não se trata de uma ameaça. Mas sim de um surgimento de uma nova linguagem que também, devido ao fato de as novas tecnologias possibilitarem o enriquecimento de conteúdo por diversos meios. Eu escrevo na obra que essa revolução dos meios contemporâneos mostra uma tendência a consolidar uma convergência que já se pode constatar em conteúdo na TV aberta. Em suma, o avanço da Cross mídia tende a avançar com essa nova classe de criadores.

8. Qual você diria que é o maior mito sobre os Streampunks que seu livro desmente?

Não existe mito e nem Streampunks que possam ser apontados por mim como forma de verificação. Estilo selo YouTube/Instagram. Na minha obra descrevo os traços de um criador de conteúdo que tem características e personalidade ao transformar a arte vídeo gráfica tradicional em expressões artísticas contemporâneas conforme a demanda da geração atual que acompanha as tecnologias e as tendências atuais. Que poderiam ter algum traço de um Streampunks assim como foi observado em minha pesquisa.

9. No seu livro, você conecta as práticas dos Streampunks a longas tradições culturais. Pode nos dar um exemplo de como essas tradições influenciaram o surgimento desse fenômeno?

Algumas características do movimento punks da década de 70, como por exemplo a rebeldia e a ruptura com os costumes da época podem ter inspirado um novo movimento no mesmo sentido com algumas características daquela época. Os comunicadores de conteúdo atualmente, de certa forma, cada um ao seu modo, é claro, parecem ter um fio condutor comum, especialmente o rompimento com as formas tradicionais de produzir conteúdo de comunicação com uma certa dose de rebeldia para as novas gerações que acabam por cativar e conquistar a audiência de inúmeros seguidores do entretenimento.

10. Como você acha que os Streampunks estão moldando o futuro da comunicação e da educação?

Os Streampunks desempenham um papel fundamental na transformação da comunicação e da educação, moldando significativamente o futuro dessas áreas. Através da sua abordagem descentralizada e acessível à produção e distribuição de conteúdo, os Streampunks estão democratizando a comunicação, permitindo que uma variedade de vozes tenha acesso a plataformas de alcance global. Isso não apenas diversifica o discurso público, mas também desafia as estruturas tradicionais de poder na mídia, permitindo que indivíduos comuns se tornem produtores de conteúdo e influenciadores digitais. As novas formas de aprendizado e engajamento através das mídias digitais. Eles utilizam plataformas de streaming, redes sociais e outras ferramentas tecnológicas para compartilhar conhecimento e experiências de forma interativa e inclusiva por meio de suas histórias de vida. Isso não apenas torna a educação mais acessível e flexível, mas também promove uma abordagem mais colaborativa e participativa no processo de aprendizagem.

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