Virginia Fonseca na CPI das Bets: impacto e polêmicas

A CPI das Apostas Esportivas (CPI das Bets) convocou recentemente a influenciadora Virginia Fonseca, um dos maiores nomes da internet brasileira, com mais de 45 milhões de seguidores no Instagram, para depor. O episódio, que misturou política, entretenimento e o poder das redes sociais, virou pauta nacional, e gerou consequências imediatas: mais de meio milhão de pessoas deixaram de seguir Virginia após sua participação na CPI
Mas o que realmente aconteceu? Como os senadores se posicionaram? E o que tudo isso revela sobre o momento que vivemos, no qual a sociedade trata os influenciadores digitais como figuras públicas responsáveis social e politicamente?
O depoimento de Virginia Fonseca na CPI das Bets
As autoridades convocaram Virginia como testemunha para esclarecer sua relação com a plataforma de apostas Betzord, da qual ela fez publicidades entre 2022 e 2023. Durante o depoimento, ela adotou uma postura protocolar, contou com o apoio de advogados e reforçou que sempre confiou nas empresas com as quais trabalha. Ela afirmou que encerrou o contrato assim que surgiram dúvidas sobre a regularidade da plataforma.
A influencer, porém, pareceu despreparada para o tipo de pressão que enfrentaria no Senado. Questionamentos incisivos, muitas vezes atravessando o limite do tom cordial, transformaram a sessão em um verdadeiro espetáculo político.
A postura dos senadores: CPI ou circo midiático?
É comum que CPIs adquiram contornos teatrais, e essa não quebrou a regra. No entanto, parte dos senadores demonstrou mais interesse em lacrar para as redes sociais do que em buscar a verdade dos fatos. Os parlamentares interromperam, pressionaram e ironizaram Virginia. Alguns pareciam aproveitar o momento para se promover explorando a popularidade alheia.
Observadores atentos ao papel institucional da CPI fizeram críticas mais sensatas. A CPI deveria usar a presença de uma influenciadora, que não ocupa cargo público nem é formalmente investigada, para prestar esclarecimentos técnicos e contratuais, e não para promovê-la em uma exposição midiática.
A perda de seguidores e os danos à imagem
As redes não perdoaram. Após o depoimento, Virginia perdeu mais de 500 mil seguidores no Instagram ,um baque que, embora não comprometa sua relevância, serve como alerta. Parte do público enxergou arrogância, despreparo ou incoerência na forma como a influencer se comportou diante dos senadores.
A imagem de “menina do interior que venceu na internet” cedeu, momentaneamente, lugar à de uma empresária que se envolveu com um setor considerado problemático. Uma parcela da sociedade, sobretudo em um momento em que o vício em jogos online se torna tema de saúde pública, encara com reservas o vínculo com as apostas esportivas, mesmo que legalizadas.
Influência digital tem responsabilidade?
O caso Virginia Fonseca expõe um dilema contemporâneo: os influenciadores exercem poder e, com ele, assumem responsabilidade. Eles não apenas vendem produtos, mas também validam comportamentos e práticas para milhões de seguidores, muitos deles jovens e vulneráveis. A fala de Virginia no Senado não foi o único fator a comprometer sua imagem, a própria escolha de aceitar a parceria publicitária contribuiu diretamente para a crise que enfrenta.
A convocação de influenciadores como Virginia à CPI mostra que a linha entre publicidade e política está cada vez mais tênue. E, mais do que nunca, a sociedade cobra coerência, transparência e ética de quem detém a atenção pública.
Conclusão
Virginia Fonseca marcou um ponto de virada ao participar da CPI das Bets. Ela aprendeu que deve assinar contratos milionários com atenção à reputação da marca e ao impacto social do conteúdo que promove. Os senadores perceberam que precisam evitar transformar CPIs em reality shows. E o público recebeu um alerta: influenciadores digitais exercem poder — e quem tem poder precisa agir com responsabilidade.