- O lançamento de Unlocked foi feito de surpresa. Qual foi a motivação por trás dessa estratégia?
Júlio Federici: Muitas bandas mundo afora estão criando alternativas de entretenimento, incluindo lançamentos e shows surpresa. Desde o surgimento dos streamings, a grande verdade é que não há mais regra para nada. É claro que os labels e o próprio mercado em si ditam os melhores padrões e os que chegam a melhores resultados, mas nada melhor do que os próprios artistas para sentirem com seu público. Outro fator importante, no caso do Area 55, é que nós já temos novos materiais para além do ‘Unlocked’, e sentimos a necessidade de acelerar as coisas para que novos eventos ocorram rapidamente. Não vemos a hora de cair na estrada e executar nossas músicas junto ao público.
2. Como foi o processo de composição e gravação do álbum? Houve algum momento particularmente desafiador?
Mika Jaxx: O maior desafio foi além da logística. Gravamos separadamente: primeiro, fizemos todas as guias e melodias das guitarras, e depois o resto. Os elementos eletrônicos estão mais presentes neste álbum, o que tornou a mixagem mais complexa e demorada. Sempre que adicionamos esse tipo de elemento, o processo fica mais demorado e produzido. Foi um álbum desafiador em vários aspectos, mas o mais importante é que o resultado ficou exatamente como a banda queria. Uma curiosidade é que já tínhamos gravado dez músicas quando nosso produtor, Brendan Duffey, pediu para voltar e regravar tudo (risos). E tudo bem, refizemos.
3. O álbum foi gravado em São Paulo e teve partes finalizadas em Los Angeles. Como essa dinâmica influenciou no som final?
Júlio Federici: Acredito que essa dinâmica até contribuiu. O que mais ajuda a compor e gravar é sua inspiração, seu “momento”. O fato de estarmos distantes, e sentindo falta de estarmos juntos, acabou influenciando para que as músicas ficassem ainda mais profundas e com bastante feeling. Passamos por situações bem difíceis, pessoais e profissionais, em uma infinidade de esferas, e jamais pensamos em desistir, muito pelo contrário… A cada dificuldade, uma nova música surgia…
4. Vocês destacam que Unlocked representa uma nova fase para a banda. O que exatamente mudou no som e na identidade do Area 55?
Mika Jaxx: ‘Unlocked’ é mais maduro em relação às composições e mais sólido, industrialmente falando. No ‘One Ocean’ (2020), havia a necessidade de ser hard n’ heavy, enquanto ‘Unlocked’ seguiu uma pegada mais alternativa, com afinações e elementos contemporâneos bastante presentes. Tivemos, especialmente, o tempo necessário para tratar cada música, pequeno trecho e riff com o cuidado e a atenção que eles realmente exigiam.
5. O álbum traz influências do post-grunge e new metal. Quais bandas ou artistas serviram de inspiração durante a produção?
Júlio Federici: Interessante a pergunta, e ao mesmo tempo bastante difícil de responder. Aliás, essa é nossa “marca registrada”: não abrir mão das nossas raízes, mesclando com influências modernas. Mas é preciso que tudo isso aconteça naturalmente, sem forçar. Afinal, a arte é espontânea. Eu tenho ouvido bastante banda post-grunge e new metal, para citar algumas poucas: Shinedown, Red, Six:A.M., Three Days Grace, entre outras… Mas também ouço muita coisa fora do rock, até para abrir a mente na hora de compor.
6. Tomorrow carrega uma mensagem otimista de resiliência e esperança. Qual foi a inspiração para essa música?
Júlio Federici: essa música nasceu de um riff maravilhoso que o Mika trouxe, e bastante profundo. Foi inspiração suficiente para transmitir a ideia ao mundo, que vive momentos tão sofridos de guerra, caos político, preconceitos, e com pessoas vivendo cada vez mais isoladas. A mensagem é para não desistirem. A vida é feita de ciclos e de esperança. Acreditar no amanhã e permanecer de pé. Terem fé em si próprios.
7. Forever marca a primeira power-ballad da banda. Como foi a experiência de explorar esse lado mais melódico?
Mika Jaxx: Sempre gostei de power ballads mas nunca tinha feito algo assim com o Area, e foi sensacional. É uma das melhores músicas da banda, com certeza. Nunca tinha ouvido o Júlio gravar uma balada, então falei: ‘Cara, tem essa música aqui com a qual estou trabalhando’, e entreguei ela gravada, com medo de ele querer sair da banda (risos). Ele não disse nada e fez o maior refrão de todos. Depois de um tempo, ele me contou a história da música, e tudo fez sentido.
8. A produção do álbum contou com Brendan Duffey, um nome de peso na indústria musical. Como foi trabalhar com ele?
Júlio Federici: Nós já trabalhamos com o Brendan há um bom tempo, desde nossas bandas anteriores. Ele tem enorme participação em nossas carreiras individuais e acompanhou de perto nossa evolução. Inclusive o ‘One Ocean’, nosso primeiro álbum, também foi produzido por ele. É sempre demais ter o Brendan com a gente. A cada produção um novo aprendizado e risada garantida. Ele entende como ninguém onde queremos chegar com cada ideia, com cada arranjo… Tira sempre o máximo de cada de um nós. Explora cada ponto das composições, sem descaracterizar o artista. É isso que um bom produtor deve fazer: manter sua identidade, e extrair o que se tem de melhor.
9. A arte da capa foi feita por Richard Villa. Qual foi o conceito por trás da estética visual de Unlocked?
Mika Jaxx: Falei para o Richard: ‘Você fez uma P*TA capa no ‘One Ocean’ e vamos precisar de algo igual ou melhor, só que precisa ser minimalista e limpo.’ Isso complicava bastante o trabalho do artista, porque o conceito ‘pop-up’ quando tem menos elementos, a gente não queria algo óbvio, como um cadeado ou uma chave. Quando ele trouxe a ideia do olho, tudo fez sentido. Gostamos da capa de imediato e todos ficaram sem palavras. Ele é um artista de verdade e também já fez capas para várias bandas conhecidas, como o Black Veil Brides e muitas outras que chamaram nossa atenção ele tem uma personalidade forte em seus trabalhos.
10. O álbum foi gravado antes da saída de Gui Bodi. Como a banda lidou com essa mudança?
Júlio Federici: Isso é muito comum ao longo da carreira. Em alguns momentos os caminhos profissionais se separam por divergências que podem girar em torno das composições como também da escolha de estratégias que a banda deve seguir. Infelizmente, essa difícil decisão aconteceu com a gente e desejamos que cada um encontre seu destino. Quem sabe um dia nossos caminhos possam se cruzar novamente.
11. Existe um novo baixista na formação ou a banda seguirá com músicos convidados para os shows?
Mika Jaxx: Estamos finalizando um novo single que já tem nome. Não paramos, está praticamente pronto. O baixo está gravado pelo Henrique Canale ‘Baboom’, conceituado produtor e baixista. Estamos muito empolgados com esse próximo single e essa nova fase da banda. Logo mais, trampo novo na área!
12. O que os fãs podem esperar do Area 55 daqui para frente? Há planos para turnê ou novos clipes?
Júlio Federici: O Area na estrada e novos lançamentos. Não paramos nunca… E a melhor parte de “nova fase” é termos que nos redescobrir mais uma vez, lá vamos nós. A gente se vê por aí!