TYBYRA faz últimas sessões no Sesc Avenida Paulista

TYBYRA faz últimas sessões no Sesc Avenida Paulista

TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira retrata caso histórico de LGBTfobia e encerra temporada com sessões lotadas no Sesc da Avenida Paulista

O espetáculo TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira, com dramaturgia e atuação do artista potyguara Juão Nyn, chega à sua última semana em cartaz no Sesc Avenida Paulista, com apresentações até 6 de abril. A peça, falada integralmente em Tupi-Potiguara, narra o primeiro caso documentado de LGBTfobia contra uma pessoa indígena no Brasil, ocorrido entre 1613 e 1614, no Maranhão.

O texto teatral de Nyn reconta, com força poética e contundência histórica, o assassinato de um indígena tupinambá por soldados franceses, condenado por sodomia e executado preso à boca de um canhão. A peça traz à cena uma narrativa ancestral silenciada, ressignificando o passado e fortalecendo a memória dos povos originários e da população LGBTQIAPN+.


A força do teatro indígena e contra-colonial

Com direção de Renato Carrera e trilha sonora original da artista paraibana Clara Potiguara, TYBYRA promove uma experiência sensorial marcante. A música é executada ao vivo, com letras em Tupi-Potiguara, reforçando o caráter contra-colonial da encenação. O cenário, de fundo vermelho, abriga uma igaçaba de dois metros de altura — urna funerária e símbolo de resistência.

O público é convidado a levar uma pena para compor um manto coletivo, costurado ao final de cada sessão. A proposta busca reviver rituais indígenas e reforçar o elo entre arte, ancestralidade e participação ativa da plateia.


Espetáculo resgata história esquecida de violência e resistência

A dramaturgia surgiu após Juão Nyn descobrir o relato registrado por Frei Yves D’Évreux em “Viagem ao Norte do Brasil”, entre 1613 e 1614. O nome Tybyra foi atribuído pelo antropólogo Luiz Mott, a partir da palavra “tebiró”, que significa “homossexual passivo” em Tupi.

Na peça, Nyn reimagina o algoz do protagonista como seu próprio irmão, criando uma metáfora com a história bíblica de Caim e Abel. A obra subverte mitologias cristãs com o objetivo de devolver dignidade às culturas indígenas.

O texto original, publicado em 2020, será relançado durante a temporada no Sesc, agora bilíngue — em português e Tupi-Potiguara — e com dois capítulos extras.


Últimos dias para assistir

O espetáculo pode ser visto até 6 de abril, com sessões de quinta a sábado, às 20h, e domingos às 18h. Os ingressos estão disponíveis online e nas bilheterias do Sesc Avenida Paulista, com valores entre R$12 e R$50. Com apenas 80 lugares por sessão, o espetáculo tem lotado a sala e emocionado o público.

A peça reafirma a urgência de revisitar histórias apagadas e de manter viva a memória dos corpos dissidentes, especialmente os indígenas. TYBYRA – Uma Tragédia Indígena Brasileira é, mais que teatro, um ato político e ancestral.

marramaqueadmin