Em novo trabalho, Gabriela Carneiro da Cunha trata da contaminação do rio Tapajós por mercúrio

Em novo trabalho, Gabriela Carneiro da Cunha trata da contaminação do rio Tapajós por mercúrio

Após circular pela Europa, a performance Tapajós estreia no Brasil dia 28 de agosto, no Sesc Avenida Paulista, e segue até 28 de setembro

A artista brasileira Gabriela Carneiro da Cunha estreia no Brasil seu novo trabalho, Tapajós, no dia 28 de agosto de 2025, no Sesc Avenida Paulista (Av. Paulista, 119 – Bela Vista). A temporada segue até 28 de setembro, com apresentações de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 18h.

O espetáculo, que já passou por teatros e festivais na França, Suíça, Áustria, Bélgica e Alemanha, mergulha no testemunho do rio Tapajós, contaminado pelo mercúrio proveniente do garimpo ilegal de ouro, e de seus habitantes humanos e não humanos.

“São vozes que se entrelaçam, formando uma ´tramaturgia´ — uma trama de vozes que vão se tecendo. É uma tentativa de devolver aos humanos a capacidade de escutar outras presenças”, explica Gabriela.


O projeto Margens e a “Mãe do Rio”

Tapajós é a terceira etapa do projeto Margens – Sobre Rios, Buiúnas e Vagalumes, conduzido pela artista há mais de dez anos, que já originou as obras Guerrilheiras ou Para a Terra Não Há Desaparecidos (2015), sobre o Araguaia, e Altamira 2042 (2019), a partir do Xingu.

A peça foi inspirada em uma assembleia na Terra Indígena Munduruku Sayuré-Maibã, em 2022, quando pesquisadores da Fiocruz apresentaram dados alarmantes: 57,9% da população local apresentou níveis de mercúrio acima do limite máximo de segurança.

No processo de escuta, emergiu a figura da Mãe do Rio, apontada pelas lideranças indígenas como caminho para a cura do Tapajós. A performance transforma essa presença em eixo central da narrativa, propondo uma aliança multiespécie entre mães — do rio, da floresta, do peixe e também do público.

“Falamos da expansão do termo mãe, entendendo que não se trata apenas de conceber, mas de criar e sustentar vida. Todo corpo pode ser habitado por uma mãe”, afirmam as atrizes Gabriela Carneiro da Cunha e Mafalda Pequenino, que divide a cena.


Ritual, fotografia e encantaria

Na encenação, o mercúrio, capaz de revelar o ouro e provocar tragédias, é ressignificado como agente de revelação fotográfica. O espaço teatral transforma-se em laboratório e exposição, com participação ativa do público — especialmente das mães presentes.

A trilha sonora mistura orações, músicas da Festa do Sairé, sons de água e cantos coletivos, compondo um ritual que conecta espiritualidade, política e arte.


Sobre a artista

Gabriela Carneiro da Cunha é atriz, diretora, pesquisadora e ativista artística ambiental. Fundadora da Aruac Filmes e idealizadora do Projeto Margens, já apresentou suas obras em instituições como o Centre Pompidou, o Festival d’Automne à Paris, o Théâtre Vidy-Lausanne e o Kunstenfestivaldesarts.

Também co-dirigiu, ao lado de Eryk Rocha, o filme A Queda do Céu, baseado na obra de Davi Kopenawa e Bruce Albert, que estreou em 2024 na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.


Serviço

Tapajós
📅 28 de agosto a 28 de setembro de 2025
🕗 Quintas a sábados, às 20h; domingos, às 18h
📍 Sesc Avenida Paulista – Av. Paulista, 119 – Bela Vista
🎟️ R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia), R$ 15 (credencial plena)
📞 (11) 3170-0800
⏳ Duração: 90 minutos
🔞 Classificação: 16 anos
♿ Sessões acessíveis: 18, 19 e 20/9 (Libras) e 21/9 (audiodescrição)

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