1. Como surgiu a ideia de explorar a “realidade invisível” nas histórias do seu livro? O que motivou essa abordagem?
Há muitos anos que pesquiso as realidades invisíveis.
Começa quando você sabe que o copo você vê, e o amor que sente, não é visível.
Assim, como o amor, outros sentimentos não visíveis estão dentro de nós.
A intuição que você sente é primordial para a captação das realidades não visíveis.
Assim, durante anos, ouvi histórias de pessoas que tinham premonições, crianças que falavam com os mortos ou pessoas que em coma, ficavam fora do corpo, etc
Como sou autor há anos, não julgo as histórias, apenas escuto. Mas percebia traços muito comuns entre pessoas de vários países diferentes. Vivi na Europa 20 anos.
E houve um momento que durante a pandemia, com tantas pessoas morrendo, pensei, que se escrevesse algo que fizesse as pessoas pensarem que a morte pode não ser como falam…talvez afagasse a dor das pessoas. E sinto que o livro hoje mesmo, pode servir como um afago para as dores.
Adoro a excelente frase de Shakespeare que |há mais coisas entre o ceu e a Terra do que supõe a vã filosofia”.
2. Os personagens do livro enfrentam situações que os fazem repensar suas atitudes e relações. Como foi o processo de construção desses personagens e das histórias?
O processo veio das observações e da escuta. Você pode me contar uma história, mas não vou reproduzir a história escutada, mas geralmente uma frase dita é que me motiva a escrever. Uma das histórias do livro SARA:AMOR NÃO RIMA COM DOR, veio quando um garçom me perguntou se eu já tinha jogado no Euromilhões naquela semana, eu disse que não, nem sabia o que era isso direito, e aí ele me contou da obsessão das pessoas em ganharem e já fazerem planos na vida caso ganhem. Achei aquilo tão engraçado, que assim, nasceu o JOÃO DO EUROMILHÕES…rs (O Euromilhões é como a mega sena) Ele é obssessivo, acha que a vida dele só ficará boa quando ele ganhar muito dinheiro, e a atitu de dele durante a história mudará.
3. Você menciona a diferença entre o amor saudável e o amor doentio. Como essa reflexão aparece nas narrativas do livro?
Aparece na história “Mudar a Rota”, quando o personagem do Pai é obsessivo na forma controladora de amar, pois quer que as pessoas ajam como ele acha que deve ser o certo, e isso gera conflitos, e gera um tipo de amor amargo, pois não é saudável emocionalmente. O amor que não respeita e não tem sabor em conviver com as diferenças torna-se amargo.
4. A temática da morte também é central na obra. Qual foi o maior desafio ao abordar um tema tão delicado e cheio de tabus?
Eu trabalho esse tema há muitos anos, fiz terapia 19 anos, e a morte da minha mãe há 25 anos, foi um divisor de águas para eu pensar mais profundamente na morte, entender que ela é igual a vida, estão no mesmo ciclo. Muitas pessoas fingem que a morte não existe, com medo, para não terem dor. Mas quando você pensa na morte, você passa a ter consciência sobre a forma como você pode saborear melhor a tua vida enquanto está vivo. Quem finge que a morte não existe, está contando uma mentira para si mesmo.
5. Você acredita que o amor, assim como a vida, é um aprendizado contínuo? Como podemos nos tornar mais conscientes no ato de amar?
O amor é a maior ferramenta para conhecermos melhor a vida, e creio que estamos aqui para aprender a amar melhor, a nós mesmos e as outras pessoas. Não basta amar, temos que aprender a amar, e isso não acaba nunca.
A consciência do ato do amor começa quando sabemos e temos consciência que a vida é AGORA. Isso pode dar um prazer e alegria tão grande, que começamos a gostar mais de nós mesmos, aí o amor começa. E assim, podemos gostar mais das outras pessoas. O maior encontro de amor não é com o pai, a mãe, o filho, é TEU COM VOCÊ MESMO, pos se você não tem amor dentro de você, não terá como dar para a outra pessoa. Você só dá o que tem.
6. Quais são, para você, os sinais de que estamos vivendo um amor saudável?
Quando há troca entre as pessoas, e principalmente na forma de conversarmos, de escutarmos os outros, e de termos prazer em conviver com as diferenças uns dos outros.
7. Em sua opinião, por que a sociedade tem tanta dificuldade em lidar com o conceito da morte e o que deseja trazer de novo com essa reflexão?
A dificuldade acontece pela questão do medo do desconhecido, e para muitas culturas, esse medo é bom, pois é um meio de manipular emocionalmente as pessoas para dominá-las e muitas religiões fazem isso.
Não existe na Escola uma educação que mostre que o desconhecido não é apenas a morte, mas a própria vida pois não sabemos o que vai acontecer dentro de 3 minutos. As pessoas acham que sabem, mas de repente dá uma dor de barriga ou alguém liga pedindo ajuda. Na vida, o desconhecido existe sempre.
Se as escolas educassem os indíviduos a lidarem com o desconhecido, todos seriam mais felizes.
Dou treinos de Inteligência Emocional onde educo emocionalmente os alunos a aprenderem a lidar com aquilo que é novo e desconhecido. O resultado é que as pessoas ficam mais vivas e aprendem a diminuir os seus medos ou até mesmo exterminá-los
8. Como suas experiências em diferentes países influenciaram a criação das histórias em “Sara – Amor não rima com dor”?
Entendendo que todos nós, seja em que país for, fazemos parte do mesmo mistério. Não vejo muitas diferenças na forma das pessoas viverem a morte e a vida. No ocidente, a igonorância emocional e o medo do desconheido são enormes, muitas pessoas vivem isso seja em que país for.
9. Você menciona que aprendeu a lidar com o invisível. Poderia compartilhar algum momento em que essa percepção influenciou sua vida pessoal ou profissional?
Quando aprendi a usar a minha intuição, quando o meu Terapeuta me ensinou que o sobrenatural era natural, e aprendi a “escutar” o invisível e minha vida tanto pessoal como profissional ficou mais fluída. Nosso maior mestre é o nosso coração, com ele aprendemos a escutar mais profundamente a nossa intuição e até mesmo as realidades invisíveis. Fiz há muitos anos um tratamento de vidas passadas, depois disso, comecei a dar sessões de tarot, eu nunca tinha aprendido, e desde jovem, uso a minha ituição e jogo. Continuo a fazer isso, onde criei um trabalho de Tarot com Inteligência Emocional, onde as pessoas que se consultam comigo, saem com mais força de viver. Os meus textos sejam no livro ou no teatro, são histórias simples que fazem as pessoas se emocionar e rir. No SARA tem isso, e nas minhas peças de teatro também. Escrevo pois acredito que pdoemso ser melhores pessoas,e quando dou consultas, isso também está presente.
10. Seu trabalho no teatro é inovador, incluindo apresentações em domicílio e até em aviões. O que o impulsiona a buscar formatos tão inusitados para o teatro?
Sindrome de imigrante, meu Pai é imigrante italiano e sempre me ensinou o valor do trabalho. Se não tenho patrocínio, vou fazer teatro nem que seja na casa das pessoas. E assim, foi. Não sou homem de se acomodar. O Teatro nos Aviões veio como consequência do TEATRO A DOMICÍLIO, e sou o primeiro homem no Planeta a ter feito Teatro em aviões, saí no Time Magazine, onde eles diziam isso.
11. Como suas palestras e workshops de inteligência emocional se conectam com a literatura e o teatro?
Pelo interesse de estudar a alma humana. Tenho meu cérebro conectado de que tudo é uma desculpa para aprendermos a amar melhor, e para mudarmos de atitues para termos melhor convivência, seja no trabalho ou em casa.
Perceber nos meus Workshops que há pessoas que tem medo de se entregarem a si mesmas e que tem conflitos na forma de conviver no trabalho e na vida pessoal, são personagens. Não uso histórias dos meus alunos. Sou um observador nato, observo os sentimentos, o que está por detrás das falas. O Teatro me ensinou isso e os anos de Terapia aprofundaram cada vez mais isso.
12. Com tantas atuações no Brasil e no exterior, há alguma experiência que considera especialmente marcante em sua trajetória?
Quando apresentei espetáculos-palestra para enfermos em hospitais, quando me apresentei para os Pais que tem crianças com paralisia cerebral, pais que tem crianças com autismo. Essas apresentações me ensinaram a agradecer tudo aquilo que tenho e o bom é que me ensinaram a ser uma pessoa melhor, a valorizar mais ainda os seres humanos e a vida.
13. Quais são suas expectativas para o lançamento do livro na Blooks Livraria?
A única expectativa que tenho é que as pessoas ao lerem o livro, possam pensar: será que isso pode acontecer assim mesmo? Será que há crianças pequenas que vêem e falam com os mortos? E aí, elas podem ficar curiosas e procurarem respostas e mais perguntas, pois como as histórias são simples, elas geram identificação e fazem as pessoas refletirem.
Eu escrevi para as pessoas, e se elas também pensarem que podem ser melhores pessoas para quem convive com elas, seja em casa e até mesmo no trabalho, já fico satisfeito.
14. Há planos para novas obras ou projetos relacionados ao conceito da “realidade invisível”?
Sim, já estou escrevendo uma história, e dessa vez, será uma única história, já comecei e sinto que ela está me chamando para que eu a termine de escrever.
Quro publicá-la em 2025.
15. O que você gostaria que os leitores levassem consigo após a leitura de “Sara – Amor não rima com dor”?
O que eu gostaria é que eles pudessem pensar que podem aprender a amar com mais qualidade, que tenham mais curiosidade com as suas vidas, e que assim, cada um fizesse o seu próprio caminho. E que possam viver as suas vidas com mais alegria no presente, tendo a consciência de que podem aprender a amar sempre!