“Queria colocar o livro na mão de pessoas que mudassem essa realidade”, o autor Paulo Lins é o destaque de Trace Trends  

“Queria colocar o livro na mão de pessoas que mudassem essa realidade”, o autor Paulo Lins é o destaque de Trace Trends  

João Luiz Pedrosa embarca nas memórias de 20 anos do lançamento do longa “Cidade de Deus” 

João Pedrosa e Paulo Lins, na gravação do Trace Trends. (Foto: Reprodução)

No Trace Trends desta semana, o apresentador João Luiz Pedrosa, mergulha nas memórias de 20 anos de lançamento do longa-metragem “Cidade de Deus”, o segundo filme não falado em inglês mais visto do mundo, e um dos grandes representantes do cinema brasileiro no mercado internacional, em uma entrevista com Paulo Lins, autor do livro que inspirou o filme.  O episódio vai ao ar nesta quinta-feira (24), às 23h20, no Multishow, e ficará disponível no streaming da Globoplay. 

O livro lançado em 1997,  aponta dilemas sociais da população periférica do Rio de Janeiro na perspectiva dos personagens no passado e no presente. O autor Paulo Lins faz um balanço da repercussão do livro e do curta-metragem ao longo dos anos. “Sendo bem franco, o livro não era um romance, na verdade era uma dissertação de mestrado em antropologia. Eu queria acabar com a violência, eu queria que esse trabalho científico de antropologia não fosse para o grande público, eu queria que fosse para o judiciário, para as autoridades, legislativo e para o presidente da república, na verdade para os 3 poderes. Queria colocar na mão de pessoas que mudassem essa realidade”. 

Questionado sobre o que é preciso fazer para mudar a realidade de dentro das comunidades, o autor destaca. “Todo mundo sabe o que é preciso ser feito para mudar essa realidade,  precisamos ter melhores distribuições de renda , temos um racismo no Brasil desde o começo contra os indígenas e contra os negros. O Brasil é um país que mais mata jovens negros e a maioria das vezes são pessoas inocentes que nunca pegaram em uma arma, que são trabalhadores ou estudantes e a policia mata [..] “Até o sistema carcerário é um problema porque você não tem recuperação, você vai pra lá acaba ficando pior entrando em uma facção criminosa e subindo na escala da criminalidade. Não é isso que a gente quer, queremos um país com equidade racial, social e com melhores distribuições de rendas é isso que precisamos”.

Baseado no livro de Paulo Lins, o filme dirigido pelo cineasta Fernando Meirelles chegou ao cinema em 2002, revelou nomes como Babu Santana, Alexandre Rodrigues, Darlan Cunha e Phellipe Haagensen. Ao TT, o intérprete do personagem “Zé Pequeno”, Douglas Silva, reflete o impacto da obra em sua carreira. “Na época o Cidade de Deus foi um filme totalmente diferente porque ninguém abordava o tema, tanto  que a maioria dos atores que tinha lá não eram atores famosos, por exemplo eu que estava iniciando minha carreira. Então, esse é o diferencial do filme que começou a retratar uma realidade misturada com uma história de ficção […] “Cidade de Deus é um clássico, hoje em dia foi um filme que abriu portas para muita gente da favela, vários produtores e  diretores que vêm da mesma realidade para falar sobre diversos assuntos que tem dentro da favela”.

Ainda neste episódio contou com a participação dos atores Thiago Martins e Alexandre Rodrigues e das roteiristas Renata Andrade e Thais Pontes, autoras da série “Encantado’s”, a 1ª produção da Globo escrita e estrelada por artistas negros, em exibição no Globoplay.  

Com apresentação de Alberto Pereira Jr, Xan Ravelli, Ad Júnior, João Luiz Pedrosa e Kenya Sade, o Trace Trends tem, a cada semana, um episódio inédito exibido todas às  quintas-feiras, no Multishow, e disponibilizado no Globoplay. 

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