Entrevista: Priscila Senna, cantora e compositora
Priscila, como é olhar para esses 15 anos de carreira e perceber que suas músicas marcaram diferentes gerações?
Olhar para esses 15 anos é uma mistura de gratidão e surpresa. Ver que minhas músicas atravessaram diferentes fases da vida das pessoas, desde quem era adolescente quando comecei, até quem hoje me acompanha com os filhos, me emociona.
Sua trajetória começou muito cedo, ainda na infância. Em que momento você sentiu que a música seria, de fato, o seu caminho de vida?
Desde criança eu ouvia muita música, já era apaixonada…Aos 11 anos fiz teste para cantar como backing-vocal e já senti “é isso”. Com o passar do tempo, eu percebi que além de cantar, eu queria usar esse dom para contar histórias e tocar o coração das pessoas. Quando isso aconteceu, a música deixou de ser só um sonho e virou missão de levar alegria para as pessoas.
A Banda Musa foi o ponto de partida para o sucesso e a consolidação do seu estilo. Que lembranças e aprendizados dessa fase você leva até hoje?
A Banda Musa foi ponto de partida e escola, fiquei 13 anos na estrada com eles. Lembro da estreia, dos palcos, da responsabilidade enorme que foi, eu era muito novinha. Levo até hoje a humildade de que cada show é uma nova plateia, cada música é uma nova oportunidade de tocar alguém.
Ao longo da sua carreira solo, você transformou dor em arte e se tornou referência na música romântica popular. O que mais inspira suas composições e interpretações?
Na verdade, eu não escrevo as músicas, eu recebo e escolho aquelas com as quais mais me identifico, que representam o meu estilo e que sei que meus fãs vão gostar. A maioria das minhas músicas é de Elvis Pires, que além de ser um dos meus empresários, é também um dos maiores compositores do país. Ele tem uma sensibilidade incrível para criar letras fortes e emocionantes, e também recebe composições de outros autores, então juntos escolhemos o que tem mais a ver com o meu trabalho. A maioria do meu público é feminino, e por isso gosto de cantar músicas que falem de sentimentos reais, de força e de empoderamento. Canto com o coração!
Seu show “15 Anos – TBT da Musa”, no Marco Zero (Recife), reuniu uma multidão. Qual foi o momento mais emocionante dessa noite histórica?
Foram muitos momentos lindos, mas se eu tivesse que escolher, foi quando subi no palco e vi aquela multidão de pessoas, vi rostos que me acompanham desde o começo, novos rostos que vieram depois, famílias, gerações. Nesse instante percebi que aquilo era mais do que um show, mas era também um encontro de histórias. O Marco Zero é um local importante em Recife, na nossa cultura pernambucana, e ver ele cheio para me ver, aquele palco lindo que foi o maior já montado lá. Tudo foi incrível!
Você já colaborou com grandes nomes, como Liniker, Simone Mendes, Zé Vaqueiro e Maiara & Maraisa. Que parceria te desafiou mais artisticamente?
Tenho enorme respeito por todos os feats. Com eles fui do pop ao brega, ao arrocha, ao sertanejo… é sempre uma alegria poder mostrar a minha versatilidade musical com eles. Se tivesse que escolher apenas uma, diria que a parceria com Liniker representou um salto, uma virada de chave. Foi assim que mais pessoas no Brasil me conheceram, principalmente os fãs da música pop, e eu também senti que eu podia continuar ousando como artista, que é algo que eu adoro fazer. Além disso, nos tornamos grandes amigas, o que foi um enorme presente dessa parceria incrível.
“Pote de Ouro”, ao lado de Liniker, faz parte de um álbum premiado e indicado ao Grammy Latino. Como foi participar desse projeto tão representativo?
Eu conheci Liniker quando ela cantou no Big Brother Brasil e me encantei pelo trabalho dela! Um dia ela me mandou uma mensagem cantando uma música minha, dizendo que tinha conhecido o meu trabalho. Foi muito especial! Desde então nos tornamos amigas, admiramos muito uma à outra. Quando veio o convite para gravar “Pote de Ouro” eu aceitei na mesma hora! Nós nem sabíamos de todos os frutos que seriam colhidos. Estou muito feliz com a indicação ao Grammy! A Liniker é um ser humano que merece só coisas boas na vida. A nossa parceria mostrou que música que conquista as pessoas não tem fronteiras.
Em meio a tantos estilos e tendências, o que significa para você manter viva a essência nordestina em sua música?
“Manter viva a essência nordestina para mim é uma honra e uma responsabilidade. É lembrar de onde venho e levar isso para todo o Brasil e o mundo também. O nordeste é alegria, romantismo, profundidade… É a minha herança, o meu território musical, e essa verdade me fortalece e conecta com o público.
Suas canções falam de amor, saudade e superação. Você acredita que a música romântica está vivendo um novo momento no Brasil?
Sim, acredito que a música romântica está vivendo um novo momento, não menos intensa, mas mais plural. O público está mais aberto, os gêneros se misturam e isso dá espaço para que o romantismo chegue de formas inesperadas. A gente vê brega romântico, arrocha romântico, sertanejo com pitada nordestina… A emoção continua, que é o mais importante.
Com milhões de visualizações e uma base de fãs fiel, como você lida com a responsabilidade de representar tantas pessoas que se identificam com suas letras?
Sinto que é uma responsabilidade enorme saber que minhas letras, minhas melodias, minhas histórias tocam vidas. Isso me motiva a cantar com verdade, a pensar no que deixo para quem me ouve. O maior prêmio é ver alguém dizendo: “essa música me representa”.
Você mencionou o sonho de gravar com Anitta, Pabllo Vittar, Gusttavo Lima e João Gomes. Que tipo de som imagina surgir desses encontros?
Muito romantismo e empoderamento! Acho que essa é a essência do meu trabalho e do deles também, por isso, se um dia acontecer, com certeza vai ser incrível! Anitta e Pabllo tem uma batida pop-romântica, que eu amo demais; com Gusttavo Lima, uma ponte entre o sertanejo e a música nordestina romântica; com João Gomes, algo visceral, direto da alma nordestina, ainda mais forte. Em todos os casos, quero que tenha verdade, que a gente sinta que o encontro é autêntico. São sonhos que encontrarão a música perfeita, tenho certeza.
Por fim, o que o público pode esperar de Priscila Senna em 2026? Há novos projetos, turnês ou colaborações já confirmadas?
Estou vivendo uma fase incrível na minha carreira! Em 2026 sinto que continuará sendo um ano especial de colheita, de novas parcerias… quem sabe eu realize alguns dos meus sonhos de feat, né? Ia ser tudo!! Também espero o “TBT da Musa” para várias capitais, voltar mais vezes para São Paulo, para o Rio E também revisitar minhas raízes com olhares novos, e continuar construindo junto com quem me acompanha essa história linda que nós estamos escrevendo.

