14 mar 2025, sex

1. Vocês já haviam tocado juntos antes no Fodastic Brenfers e em outros projetos. O que motivou a criação do PRANADA e o que diferencia esse projeto dos anteriores?  

Porquinho:

A gente já se conhecia dos projetos que a gente tinha até antes de tocar no Fodastic Brenfers, quando tocamos junto eu senti que tinha um click para além do som da banda, que era de “stoner”. No pranada a proposta é aplicar o que a gente aprendeu ao longo dos anos tocando e começar algo do zero, mais com a nossa cara, sem amarras com o passado.

Z:

Penso que, ainda que esteticamente, a gente toque sempre um tipo de rock e metal alternativo, cada banda expressa essas estéticas do seu jeito,a partir da dinâmica e da relação dos integrantes. No nosso caso, é nossa forma de tocar o que queremos comunicar. Uma nova interpretação, agora a partir de nós dois, desse tipo de som, alimentada por letras (ou mensagens) que nos faz sentido comunicar e criar essa cama pra elas.

2. Como funciona o processo de composição de vocês? Vocês costumam partir das letras, dos riffs ou é sempre diferente?  

Porquinho:

É sempre diferente, não existe um modelo mais fixo.

Eu tendo a começar pelas bases como forma de treinar e depois penso em letra.

Z: Temos duas músicas que nasceram de riffs. Uma está na demo/live session baladas, chamada O Céu Não Existe. Outra ainda estamos trabalhando. No geral, é isso que o Porquinho falou. Ele tem um equipamento massa em casa e pode trabalhar nas ideias com calma, o que facilita bastante. Mas nada fica engessado também.

3. O nome PRANADA tem algum significado especial? Como ele representa a essência da banda?  

Porquinho:

É um jogo com as palavras. Gosto da mistura da ideia de Prana e do vazio do nada. Acho que é uma mistura que tem relação com o nosso som, na questão de ser pesado e as letras mais sombrias.

4. O som de vocês mistura nu metal, grunge e experimentalismo. Quais bandas ou artistas influenciam diretamente o PRANADA?  

Porquinho:

Do meu lado são Deftones, Nirvana, John frusciante, Arab Strap e Meshuggah.

Tem muito de outras bandas também.

Z: Eu gosto muito dos Smashing Pumpkins. É o que mais me influencia no tocar bateria. Ainda posso citar Black Sabbath, Deftones e Soundgarden, dentre minhas preferidas, que influenciam nas baterias do Pranada.

5. Como vocês equilibram a sonoridade pesada com o tom provocativo e irreverente das músicas?  

Porquinho:

Eu não acho as músicas irreverentes na real. Acho que existe uma provocação sim, mas nada cômico, é mais um questionamento existencial.

Z: Concordo. A ironia é uma forma de irreverência, mas, não no nosso caso.

6. Vocês mencionam ironia e periculosidade como elementos da banda. Como essas características se refletem nas letras e na performance ao vivo?

Porquinho:

Ao vivo é a melhor forma de escutar as nossas músicas, acho que o impacto do som e da execução são maiores assim. É algo mais intenso, mais gritado. 

7. O título do EP já entrega uma crítica ao mercado musical. Como vocês veem a cena independente hoje, especialmente em Belo Horizonte?

Porquinho:

O nome diz mais sobre a nossa expectativa em relação ao som que tocamos, não é sobre criticar a cena, mas sobre não ligar em seguir uma fórmula ou um padrão. A gente toca o que a gente toca porque a gente gosta. Para além do que o mercado espera, a gente faz o que a gente quer.

Z: E se o mercado não se interessar também, tá tranquilo, por mim. A maioria dos meus 28 anos de bateria foram no underground mesmo. Talvez a lógica deveria ser a oposta, né. A gente deveria é espantar a síndrome de vira lata do underground, talvez…

8. Vocês falam que esse trabalho é quase uma afronta ao que está no topo das paradas. O que mais incomoda na música comercial atual?  

Porquinho:

Eu amo que o acesso a música é algo muito abrangente, mas não consumo a música mais pop e mais comercial, não estamos preocupados em caber em alguma definição de estilo ou fazer música pensando no potencial de viralização. A nossa conexão com o nosso trabalho vai além do que querer criar sucessos, queremos fazer música boa só.

9. As três faixas do EP têm temas profundos e sombrios. Como foi o processo de escolha dessas músicas para representar o PRANADA nesse momento?  

Porquinho:Eu adoro músicas sombrias, tristes, toda esta atmosfera que flerta com o gótico e com o black metal. A escolha e a ordem das músicas foi pensada considerando começar da menos triste para a mais triste. Não planejamos algo assim, os temas se encaixam naturalmente.

Z: O processo foi basicamente: “vê se vc gosta dessa letra, pra tal arranjo”. E aí a gente seguia o trabalho. Muitas vezes mudando arranjo pra não ter que mudar palavras por causa da métrica e, com isso, a letra ficar pior..

10. “Dançando na Tumba” é apresentada como a faixa principal. O que essa música significa para vocês? 

Porquinho:

Pra mim ela significa que a gente consegue misturar referências como o post punk, o grunge e o experimental com uma letra sobre relacionamentos. Acho que é uma mistura interessante e que gera muitas conexões com quem escuta. 

11. O EP “BALADAS” trouxe a energia do show para o estúdio. Qual a maior diferença entre tocar ao vivo e gravar em estúdio para vocês?  

Porquinho:

Gravar ao vivo tem o desafio de trazer uma performance perfeita, trazer a energia do palco, como você disso. Neste segundo EP a ideia era ter um som mais complexo, mais presença da ideia do que a performance em si. O primeiro disco mostrava o show, o segundo você precisa ir no show para ver.

12. A minitour de lançamento vai passar por BH, SP e outras cidades. O que o público pode esperar desses shows?  

Porquinho:

Pode esperar shows com o som bem alto, barulhos estranhos, gritos e aquele apito no ouvido depois de um show muito bom.

Z: E, pessoalmente, espero agradar pelo som, não porque já temos uma carreira anterior, se é que isso conta hoje em dia…

13. Como foi trabalhar com Vitor Brauer no texto de apresentação do EP? Vocês já tinham essa conexão com ele antes?  

Porquinho:

O Brauer é uma referência quando a gente fala de músicos independentes. A gente se conhece dos projetos anteriores, algumas das bandas que eu toquei passaram pelo coletivo Geração Perdida, ele é um dos fundadores. A ideia de trazer uma colaboração dele era para trazer a palavra de um amigo que já produziu muita coisa “na tora”, para falar sobre este disco.

14. O EP foi mixado e masterizado por vocês. Como é ter esse controle total sobre o som da banda?  

Porquinho:

Ser independente tem destas coisas, por uma questão de controle, mas também por economia. Eu adoro me envolver com este processo. O conceito do disco era algo mais cru mesmo, o desafio foi trazer isso sem parecer precário. Ao final a gente ficou bem satisfeito com o resultado. 

15. O release menciona que vocês são veteranos do rock belorizontino. Como vocês enxergam essa trajetória até aqui?  

Porquinho:

Eu sempre fui muito apaixonado por música, a minha trajetória começar muito cedo, eu não sabia nem tocar e nem o que esperar de ser um músico independente. Acho que a nossa maturidade é algo para além do sucesso que a gente teve com as outras bandas, é algo de amadurecer no caminho, nas escolhas feitas e na dedicação que temos em relação a isso.

Eu já fiz muita coisa legal e quero fazer ainda mais com o Pranada.

Z: Eu acredito que a trajetória é uma consequência, ou uma permanência, de trabalho árduo, diário, sincero, apaixonado e que, muitas vezes, colocamos até a saúde, família, amizades, em segundo lugar. Agora a gente tá mais tranquilo, mas a história (ou a trajetória) seguem firmes, no que nos é possível hoje em dia. Se ainda é possível encontrar pra compor, ensaiar e tocar, avalio que tá tudo dando certo ainda.

16. Depois desse EP, quais são os próximos passos do PRANADA? Vocês já estão pensando em um álbum completo?  

Porquinho:

Sem pressa em relação ao disco, o plano agora é divulgar o disco e fazer shows.

Gravar é ótimo, mas tocar é muito melhor.

17. Se pudessem definir PRANADA em uma única frase, qual seria?  

Porquinho e Z

Dark e simplão.