PALESTRA DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS RESGATA ESCRITORES MINEIROS DO SERTÃO, PARA ALÉM DE GUIMARÃES ROSA

PALESTRA DA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS RESGATA ESCRITORES MINEIROS DO SERTÃO, PARA ALÉM DE GUIMARÃES ROSA

EVENTO ACONTECE DIA 30/01 COM A PRESIDENTE DA ACADEMIA MONTES-CLARENSE DE LETRAS, IVANA FERRANTE REBELLO

Guimarães Rosa marcou a literatura brasileira com seus registros sobre o sertão mineiro. Mas há, ainda, muitos outros autores e obras representativos da literatura do Norte de Minas Gerais que merecem a atenção do público e do meio acadêmico. A Academia Mineira de Letras convida a presidente da Academia Montes-Clarense, Ivana Ferrante Rebello, para falar sobre o assunto na palestra “A Literatura dos Gerais: um panorama historiográfico”. A palestra será apresentada no dia 30 de janeiro, às 19h, e tem entrada gratuita.

O evento acontece no âmbito do Plano Anual de Manutenção AML (PRONAC 203709), realizado mediante a Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Instituto Unimed-BH – por meio do incentivo fiscal de mais de cinco mil e duzentos médicos cooperados e colaboradores – e da CEMIG. Copatrocínio da Tambasa.

Em Ave Palavra, há um ensaio, “Minas Gerais”, no qual Guimarães Rosa apresenta a multiplicidade do estado: “Minas Gerais são muitas ou pelo menos várias” (2001, p. 339). Na “Minas do Norte”, Rosa reconhece haver uma identidade mestiça e fragmentada, “um tanto baiano” ou nordestino. Minas Gerais traz no nome uma dualidade explícita: a Zona da Mata, o Triângulo, o Sul e Oeste mineiro são um desdobramento da Minas Geratriz, originada a partir da descoberta do ouro pelos bandeirantes paulistas, em fins do século XVII. 

O norte do estado, na região conhecida como os “Gerais”, teve sua formação histórica vinculada ao bandeirismo que aprisionou índios e destruiu quilombos e à formação dos grandes fazendões de gado, em meados do século XVII. Originariamente pertencente à Bahia e a Pernambuco, o norte de Minas foi incorporado à nascente Capitania de Minas Gerais, em 1720.  

Desde o momento de formação, duas regiões, portanto, foram articuladas para dar fundação ao estado mineiro: uma vinculada ao ouro e outra vinculada ao gado. As diferenças apontadas pelos estudiosos estendem-se naturalmente ao comportamento, à linguagem e às formas de representação. 

A literatura dos Gerais é praticamente desconhecida no vasto e produtivo campo da chamada literatura mineira. A cultura dos Gerais só seria representada, canonicamente, nas obras de Guimarães Rosa, que buscou nas tradições orais e na fala do sertanejo a matéria-prima para seus livros. Na fusão de uma erudição sabiamente preservada em rituais e estórias com a linguagem popular, Rosa cria um imaginário peculiar do sertão, que traria à cena cultural do país um lugar até então esquecido. 

Projetando-se de forma diferenciada de uma tradição de representar o sertão, o sertão norte-mineiro apareceria, pela primeira vez, caracterizado por um mineiro, estudioso de costumes e notável pesquisador das estórias e linguagem do povo. O estudo da literatura rosiana e o contato com as suas fontes primárias – por meio das quais Guimarães Rosa compilou dados para a confecção de suas estórias – reafirmaram a necessidade da recolha, catalogação e estudo de outros escritores do sertão, no sentido de se estabelecer uma linha de pesquisa que contemple as representações, as imagens e a linguagem da literatura do norte de Minas Gerais. 

Se a dualidade na formação e na constituição do povo mineiro registra-se nas esferas política e econômica, a literatura de Guimarães Rosa veio comprovar a crença de que tal dualidade também existe nos registros literários. A carência de estudos que privilegiem a literatura e a cultura do norte de Minas Gerais também contribui para a percepção fugidia e precária da identidade cultural norte-mineira. A palestra da professora Ivana Ferrante discorrerá sobre autores e obras representativos da literatura do Norte de Minas Gerais, merecedores de mais atenção e maior análise por parte da academia. 

Sobre a palestrante:

Ivana Ferrante Rebello possui graduação em Letras Português Francês pela Universidade Estadual de Montes Claros (1989), mestrado em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (2004) e doutorado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2011). Professora da Universidade Estadual de Montes Claros, é membro do Programa de Pós-graduação em Letras Estudos literários da UNIMONTES/ MG. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura de Minas Gerais, escrita de gênero, o Modernismo brasileiro, influências, tendências e suas vertentes. Autora dos livros de crítica literária: Papagaio conta a História. Leituras de Iracema e Macunaíma; O anel que tu me deste. Grande sertão: veredas e a história de amor que virou livro; Uma tristeza mineira numa capa de garoa. Agenor Barbosa: um mineiro na Semana de Arte Moderna (esse último em coautoria com Fabiano Lopes de Paula). Autora das biografias: A História de Jayme Rebello; Toninho Rebello. O homem e o político e do livro de contos: A mulher esquecida. Seu mais recente livro é Pequeno Dicionário das Palavras (des)ditosas, publicado em 2022. Eleita presidente da Academia Montes-Clarense de Letras, no biênio 2022-2023.

SERVIÇO:

Academia Mineira de Letras

Palestra “A Literatura dos Gerais: um panorama historiográfico”, com Ivana Ferrante Rebello

Dia 30 de janeiro, às 19h

Local: Academia Mineira de Letras – R. da Bahia, 1466 – Centro, Belo Horizonte

Entrada gratuita

Instituto Unimed-BH

Associação sem fins lucrativos, o Instituto Unimed-BH, desde 2003, desenvolve projetos socioculturais e ambientais visando atuar na formação da cidadania, estimular o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, fomentar a economia criativa, valorizar espaços públicos e o meio ambiente. Ao longo de sua história, o Instituto destinou cerca de R$155 milhões por meio das Leis municipal e federal de Incentivo à Cultura, fundos do Idoso e da Infância e Adolescência, com o apoio de mais de 5,2 mil médicos cooperados e colaboradores da Unimed-BH. No último ano, mais de 6,5 mil postos de trabalho foram gerados e 4,8 milhões de pessoas foram alcançadas por meio de projetos em cinco linhas de atuação: Comunidade, Voluntariado, Meio Ambiente, Adoção de Espaços Públicos e Cultura, que estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Acesse www.institutounimedbh.com.br  e saiba mais.

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