Entrevista: Guilherme Cysne, músico e escritor
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1. O que te levou a escolher o mito do vampiro como base para “O Véu das Noites Vermelhas”?
Sempre fui fascinado pelo mito dos vampiros e suas múltiplas interpretações ao longo da história. Para mim, os vampiros são metáforas poderosas que permitem explorar temas como poder, imortalidade e os dilemas morais que acompanham a existência humana. Ao escrever “O Véu das Noites Vermelhas”, vi nos vampiros uma forma de aprofundar essas reflexões e trazer à tona questões sobre a natureza humana.
2. Seu livro mescla suspense, ação e dilemas morais. Como você equilibrou esses elementos na trama?
Busquei criar uma narrativa que mantivesse o leitor envolvido, equilibrando momentos de tensão e ação com pausas para reflexão. Os dilemas morais dos personagens são integrados à trama de forma orgânica, surgindo das situações que eles enfrentam.
3. Você começou a escrever essa trilogia durante a pandemia. Como esse período influenciou sua narrativa e seus personagens?
A pandemia foi um período de introspecção e incertezas, o que influenciou diretamente minha escrita. Os personagens refletem essa busca por sentido em meio ao caos, enfrentando desafios que os obrigam a questionar suas crenças e valores. A atmosfera de isolamento e vulnerabilidade do período permeia a narrativa.
4. O livro traz reflexões sobre corrupção, poder e sobrevivência. Como essas temáticas se conectam com a atualidade?
Esses temas são atemporais, mas ganham relevância especial no contexto atual. Vivemos em uma era onde questões de ética, abuso de poder e luta pela sobrevivência estão constantemente em destaque. Mais uma vez, a ideia de uma sociedade vampírica parasitando a humanidade é uma simbologia pertinente.
5. Como foi a construção dos protagonistas, Eliza e Benjamin? Eles foram inspirados em alguém real?
Eliza e Benjamin são composições de diversas influências, desde pessoas que conheci até personagens literários que me marcaram, além dos meus próprios traços de personalidade. Quis criar figuras com as quais os leitores pudessem se identificar, dotadas de complexidade e profundidade. Embora não sejam baseados diretamente em indivíduos reais, eles carregam traços universais da experiência humana.
6. O que diferencia seus vampiros dos clássicos da literatura?
Meus vampiros são inseridos em um contexto contemporâneo, lidando com dilemas modernos e questões existenciais. Embora respeitem certas tradições do mito, eles são retratados de maneira mais humana, com emoções, conflitos internos e vulnerabilidades que os aproximam do leitor. E, acima de tudo, eu trago à tona as dinâmicas de uma sociedade vampírica escondida e controlando a nossa.
7. “O Véu das Noites Vermelhas” é o primeiro livro de uma trilogia. Pode adiantar o que os leitores podem esperar dos próximos volumes?
Sem revelar spoilers, posso dizer que os próximos volumes aprofundarão as jornadas dos personagens, introduzirão novas ameaças e explorarão ainda mais os dilemas morais e éticos que permeiam esse universo. Importante eu dizer que o final já está definido e eu deixarei anotado secretamente em algum lugar caso eu não consiga terminar a trilogia! Hehe
8. Você já tem uma previsão de lançamento para o segundo livro?
Eu tenho rascunhos, o do segundo livro já está bem avançado, detalhado cena a cena, pretendo começar o texto final no segundo semestre de 2025. Manterei os leitores informados sobre o progresso e a data de lançamento através das minhas redes sociais e do site oficial.
9. O que te motivou a transformar a história em uma áudio-série?
Sou um músico generalista, aprendi várias linguagens artísticas ao longo do tempo e vi na áudio-série uma oportunidade de unir minhas habilidades, oferecendo uma experiência imersiva aos leitores. Além de ser estratégico ao meu ver, o Brasil ainda não é um país de muitos leitores, talvez o formato em áudio pegue mais.
10. Como foi o processo de criação da trilha sonora original? O que você quis transmitir com a música?
Eu não tinha planejado isso no começo. Tudo foi muito orgânico, quando decidir converter o texto pra narração eu senti que faltava algo a mais para dar clima. Eu não queria usar trilhas genéricas, então embarquei nessa maluca aventura de compor as trilhas que precisava. Rs
11. Você considera expandir esse universo para outras mídias, como HQs, filmes ou jogos?
Acho que esse é o sonho de todo contador de estórias, né? Mas, sabe como é, não há por aqui uma tradição de apoiar escritores novos, e tudo hoje em dia é um grande mercado de popularidade, talvez eu precise focar primeiro em construir uma base de fãs para a saga. Mas ok, estou aberto a sonhar…. rs
12. Como a sua experiência com a música influenciou a escrita do livro?
Talvez de uma forma um pouco inusitada. Eu comecei a escrever justamente porque queria “fugir” da música. Eu trabalho com música, lido com música o dia todo, e naquele momento, tava meio sufocado. E tudo na música pra mim é muito sério, com grandes expectativas. Então, eu quis achar algo que pudesse tratar mais como um hobby.
13. Quais autores ou obras te inspiraram na criação da trilogia?
Na literatura, os clássicos (O Vampiro de Polidori, Carmilla, Drácula, etc) e Anne Rice, principalmente. Mas vejo muito filme (até os ruins). E claro, Mark Rein Hagen do RPG Vampiro: A Máscara (meu lance com vampiros começa aí).
14. Você já trabalhava com narrativa em sua produção musical, ou a literatura trouxe uma nova forma de expressão?
Acho que todo artista é meio contador de histórias, né. Eu acho que sempre tive isso comigo. Mas o storytelling pinta de forma mais consciente no estudio do marketing digital (que preciso pra minha empresa, a Cysne Produções) e com a empreitada do livro (estudei bastante e sigo estudando).
15. Como foi a transição de músico para escritor? Você se vê equilibrando essas duas artes no futuro?
Na verdade não houve transição, rs. Eu sigo profissional da música e da produção musical. O escritor foi uma soma, muito bem-vinda, aliás. E, sim, daqui pra frente eu quero cada vez mais fundir minhas artes.
16. Para quem ainda não conhece “O Véu das Noites Vermelhas”, o que você diria para convencê-los a embarcar nessa história?
Acima de tudo, eu diria que a estória é boa, esse é o principal atrativo, sem falsa modéstia. Eu tenho confiança nisso, não será perde de tempo. Foram quatro anos lendo e relendo incessantemente, tentando dar um embasamento sólido para a trama, para os personagens, buscando conflitos e reflexões interessantes. Não é um livro de filosofia claro, mas, com certeza, vai surpreender quem acha que é apenas uma historinha banal de terror.
17. Onde os leitores podem encontrar o livro e acompanhar seu trabalho?
O livro está disponível em versão digital na Amazon e pode ser adquirido pelo link no meu site oficial. A áudio-série, baseada no livro, está disponível gratuitamente no YouTube e no Spotify, com novos episódios todas as segundas e quintas, às 20h. Para mais novidades e conteúdos exclusivos, acompanhe minhas redes sociais e o site: solesangue.com.br.