Mulheres negras enfrentam barreira dupla por visibilidade e crescimento na gastronomia, aponta pesquisa
47% das profissionais da gastronomia entrevistadas em pesquisa inédita de Stella Artois e Ipsos concordam que entrar na profissão é bem mais difícil para uma profissional negra
Apesar de serem grande parte da força de trabalho e chefes de família em muitas casas pelo Brasil, as mulheres ainda enfrentam muitas barreiras no mercado de trabalho. No setor da gastronomia isso não é diferente, como aponta uma pesquisa recente feita por Stella Artois e Ipsos. O levantamento – que pela primeira vez analisou o mercado em profundidade para entender os desafios e as ambições dessas profissionais no setor – mostra que cerca de três em cada dez profissionais mulheres na gastronomia já sofreram discriminação de gênero ou pensaram em mudar de profissão por falta de oportunidade. Para as mulheres negras, essas barreiras são ainda maiores e mais difíceis de transpor – a cerveja da Ambev reúne alguns dados que retratam esse cenário e também destaca o trabalho e os relatos de algumas chefs de cozinha que, apesar de todos esses desafios, estão conquistando cada vez mais seu espaço e protagonismo na gastronomia brasileira.
Parte de um projeto macro, nos últimos anos, a Ambev reconheceu que tinha uma longa jornada pela frente sobre a temática racial e assumiu compromissos importantes para promover uma agenda de equidade dentro e fora da companhia, por meio de suas marcas. Seguindo essa trilha, o estudo de Stella Artois e Ipsos mostra que 47% das mulheres entrevistadas concordam parcial ou totalmente que entrar na profissão é bem mais difícil para uma mulher negra do que para uma mulher branca. Na região Sul do país, 59% delas concordam parcial ou totalmente com essa afirmação (margem de erro 9,3 p.p). Os dados revelam também que mulheres brancas se destacam nos cargos de proprietárias, sendo 20% entre mulheres brancas versus 12% entre pardas e 9% entre pretas.
Quando avaliam sua trajetória profissional na gastronomia, é notável a diferença de mulheres pretas e pardas que dizem ter pensado em mudar de profissão por duvidar se havia espaço para mulheres crescerem: 36% das mulheres pretas e 33% das pardas concordaram total ou parcialmente com essa afirmação, em comparação com 22% das mulheres brancas. A empregabilidade e o planejamento de carreira também são afetados duplamente pela desigualdade de gênero e racial: os dados gerais da pesquisa indicam que 44% das mulheres que trabalham no ramo concordam que a licença maternidade costuma causar transtornos para os estabelecimentos. Entre as mulheres pretas, essa afirmação é de 54%; já entre as mulheres brancas, essa porcentagem é de 40%. A pesquisa identificou que as frentes onde as mulheres mais encontram dificuldade para se desenvolver na gastronomia são crédito, formação e visibilidade. Para contribuir para uma mudança nessa realidade, Stella Artois anunciou o movimento Juntas Na Mesa, com um investimento de R$ 10 milhões em iniciativas nesses pilares. O projeto conta com a parceria de profissionais referência na gastronomia, como Bela Gil, Kátia Barbosa, Andressa Cabral, Bel Coelho, Cafira Foz, Bruna Martins, Kalymaracaya Nogueira, Amanda Vasconcelos, Michele Crispim e Nara Amaral.
Stella Artois destaca alguns perfis das chefs de cozinha que apoiam o Juntas na Mesa. Confira:
Andressa Cabral: Toda a potência da personalidade da chef Andressa Cabral serve como faísca para a criação dos pratos do Meza Bar e Yaya Comidaria, ambos no Rio de Janeiro. A carioca leva para sua cozinha toda sua intensidade, crenças africanas e inovação para a criação do conceito “Pretopolita”. Andressa Cabral é apresentadora do reality gastronômico Iron Chef e recentemente foi anfitriã do Guia Stella, que visitou diversos bairros em quatro cidades diferentes à procura de novos sabores e comidinhas. “Eu acho que existe o desafio de se respeitar a interseccionalidade quando a gente fala de equidade. Se é difícil para uma mulher branca, é quase impossível para uma mulher preta confrontar a estrutura da raça, machismo, patriarcal, branco e masculino no brasil e no mundo”, comenta.
Bela Gil – Bela é uma porta-voz da alimentação saudável e consciente. Se tornou referência na área e hoje atua nesse propósito através de diversos projetos. A baiana é apresentadora dos programas Bela Cozinha, Vida mais bela e o Refazenda, todos sucesso de audiência do canal GNT. Hoje comanda a cozinha do seu próprio restaurante vegano, o Camélia Òdòdò, em São Paulo.
Kátia Barbosa – À frente do Aconchego Carioca, no Rio de Janeiro, e criadora da famosa receita do bolinho de feijoada, a chef é um dos grandes nomes da gastronomia brasileira. É tanto carisma que foi carinhosamente apelidada de Katita e, hoje, imprime essa alegria de ser brasileira em seus pratos. Sua cozinha tem a simplicidade e os sabores genuinamente brasileiros, herança de seus pais nordestinos, que virou homenagem em 2017 quando inaugurou o Bar Kalango (RJ), inspirado na culinária do sertão brasileiro. Sua carreira cheia de inspirações chegou até a TV, com o convite para ser jurada do “Mestre do Sabor”, programa da TV Globo. “Eu sempre fui querida porque era vista como “a tia do botequim que faz uma comida boa. Percebo claramente que nós mulheres precisamos nos dedicar muito mais ao estudo, pesquisa e criação e ainda investir em Marketing e Assessoria de Imprensa se quisermos ser vistas”, diz.
Michele Crispim – Grande campeã da quarta edição do maior reality gastronômico do Brasil, em 2017, Michele Crispim gosta de um desafio. Por isso, acumula passagens por outros programas na TV e streamings como participante e apresentadora. Natural de Florianópolis, a catarinense ainda assina a sua própria marca de sobremesas. “Eu me sinto estereotipada o tempo inteiro e a minha vida foi quebrar barreiras, entrar, estar e permanecer em lugares que teoricamente ‘não eram para mim’. Sempre tive a sensação de ter que ser melhor, mais forte e mostrar mais a minha capacidade para ser reconhecida. E, mesmo assim, diversas vezes fui desacreditada e desencorajada a seguir. Felizmente pra mim, desistir não é uma opção”, comenta.
O movimento Juntas Na Mesa está em linha com o compromisso de Stella Artois e Ambev, que trabalham pela equidade de gênero e no combate a questões como racismo, machismo, objetificação da mulher no universo cervejeiro e homofobia. Mais dados sobre o estudo, o movimento Juntas Na Mesa e as iniciativas de crédito, formação e visibilidade em prol de uma gastronomia com mais protagonismo feminino estão aqui.
*Realizada pela Ipsos a pedido de Stella Artois, a pesquisa sobre equidade de gênero na gastronomia aconteceu durante o mês de agosto de 2022, abrangendo entrevistados em quatro blocos regionais do Brasil: Norte e Centro-Oeste (Belém, Brasília e Goiânia), Nordeste (Recife e Salvador), Sudeste (S. Paulo, R. de Janeiro e B. Horizonte) e Sul (Curitiba e Porto Alegre). Para a etapa quantitativa da pesquisa, a margem de erro é de 4,4 p.p. O levantamento foi dividido em duas etapas, cada uma delas entrevistando 500 pessoas – na primeira fase, foram entrevistados homens e mulheres responsáveis por estabelecimentos de alimentação, enquanto na segunda fase foram entrevistadas apenas mulheres que trabalham na área da gastronomia, em cargos diversos como proprietárias ou sócias, chefs e sous-chefs, cozinheiras e cozinheiras-chefe, auxiliares de cozinha, garçonetes, atendentes e operadoras de caixa.