Francisco Mota Saraiva vence Saramago com Morramos ao menos no porto

O romance Morramos ao menos no porto, de Francisco Mota Saraiva, chega às livrarias pelo selo Biblioteca Azul (Globo Livros) após vencer o Prêmio Literário José Saramago 2024. A obra explora a lenta erosão do corpo, da memória e dos afetos, combinando prosa intensa e sensível.

Retrato da solidão e do amor em decomposição

No centro da narrativa está António, que vive recolhido em seu apartamento junto a um porto. Ele cuida da esposa sem vida como se ainda respirasse, transformando cada gesto cotidiano em ritual de lembrança e negação. Enquanto isso, a vida ao redor insiste em seguir seu curso, com a vulgaridade e o barulho da vizinhança decadente.

Francisco Mota Saraiva define o livro como “um livro de sombras, sobre a canalha do mundo”, construído em camadas que convidam o leitor a se envolver com as vozes internas e os sentimentos profundos das personagens. O resultado é um romance atmosférico, pungente e de grande densidade literária.

Influência de José Saramago e literatura contemporânea

Inspirado pelas palavras de José Saramago em A viagem do elefante, o autor busca uma literatura que dialogue com o passado, mas que se pautada pelo desassossego do tempo presente. Segundo ele: “O lugar que eu anseio que me esperem – agora com a bênção do seu nome maior – é o lugar da nova literatura”.

O livro convida o leitor a refletir sobre a passagem do tempo quando ele já não consola, explorando temas como solidão, cumplicidade e sobrevivência íntima diante da perda. Francisco Mota Saraiva acredita que a obra seja “um grito que vem em nosso socorro, como uma força benigna e delicada de uma mão que cala o medo”.

Sobre o autor e detalhes do lançamento

Francisco Mota Saraiva nasceu em Coimbra, em 1988, é formado em Direito e mestre em Direito e Gestão. Seu primeiro romance, Aqui onde canto e ardo, venceu o Prêmio Revelação Agustina Bessa-Luís em 2023.