Modernas! São Paulo vista por elas: Museu Judaico revive São Paulo moderna pelo olhar de sete fotógrafas

Mulheres e estrangeiras, elas construíram suas visões sobre a cidade em escala mais humana e com perspectivas que escapam do cânone da fotografia moderna
Avenida São João e o edifício da Delegacia Fiscal ao fundo (São Paulo, 1940) | Foto: Hildegard Rosenthal
Sete mulheres e uma cidade. Fugindo da perseguição nazista que assolava a Europa, Alice Brill, Claudia Andujar, Gertrudes Altschul, Hildegard Rosenthal, Lily Sverner, Madalena Schwartz e Stefania Bril encontraram na fotografia uma forma de se relacionar com o território em que desembarcaram. Seus olhares sobre São Paulo estão no centro da nova exposição que o Museu Judaico inaugura no dia 18 de novembro, a partir das comemorações gerais do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922.
Modernas! São Paulo vista por elas reúne cerca de 81 imagens de São Paulo das décadas de 1940-1990, enquadrando uma cidade que saía do provincianismo do começo do século para tornar-se mais vertical e cosmopolita. Vindas de localidades e países diferentes, elas tinham no alemão, no francês, no húngaro, no iídiche ou no polonês suas línguas maternas, mas estabeleceram via fotografia uma forma ímpar de diálogo com seu entorno:
“Alice, Claudia, Gertrudes, Hildegard, Lily, Madalena e Stefania encontraram nos entraves da língua e no caráter democrático da fotografia um caminho para uma prática e para uma profissão”, escrevem as curadoras da mostra Ilana Feldman e Priscyla Gomes, que mapearam a maior parte das imagens apresentadas no acervo do Instituto Moreira Salles. “Com seus espíritos ousados e inventivos, cada uma no seu tempo e a seu modo, desenvolveram uma concepção de moderno. Lançando-se em um campo majoritariamente masculino, percorreram essa cidade e seus espaços, experimentando, registrando e construindo novas perspectivas”, complementam.