https://abacus-market-onion.top Entrevista: Banda APOCRIFUS - Marramaque

Entrevista: Banda APOCRIFUS

01. O que motivou você a revisitar suas composições antigas para o novo disco?

Ao revisitar minhas composições antigas, fui motivado por uma profunda nostalgia e um desejo de relembrar a essência daqueles primeiros anos. Foi como embarcar em uma viagem no tempo, revivendo momentos de pura criatividade.

Cada música escrita naquela época carrega uma parte da minha alma, refletindo as emoções e os sentimentos de um jovem apaixonado por criar algo verdadeiro e atemporal.

2.    Como foi o processo de adaptação dessas músicas para um estilo mais moderno, mas ainda fiel ao metal extremo dos anos 90?

A adaptação para uma sonoridade mais moderna foi um processo fascinante, que envolveu várias etapas e decisões criativas. As técnicas de produção evoluíram significativamente desde os anos 90, e ao utilizar as tecnologias atuais, pude obter um som mais polido e dinâmico,  fazendo-as soarem atuais, mas ao mesmo tempo mantendo sua essência.

Este processo não apenas revitaliza esses sons, mas também mantém o gênero vivo e relevante para novas gerações.

3.    A faixa “Insanity Dreams” aborda a paralisia do sono de forma intensa. Essa experiência é algo pessoal para você ou foi inspirada por histórias de terceiros?

A música “Insanity Dreams”,  é extremamente pessoal para mim. Durante minha juventude, enfrentei frequentes pesadelos e episódios de paralisia do sono que deixaram uma marca indelével em minha mente. Essas noites eram assombradas por uma sensação de completa impotência, onde, por vezes, eu me encontrava consciente, mas incapaz de mover um único músculo, enquanto visões aterrorizantes se desenrolavam diante de mim.

A música é uma tentativa de traduzir essa sensação de claustrofobia e terror imobilizante em uma forma que os ouvintes possam compreender e, talvez, se identificar.

4.    Em “Steps of Despotism”, você explora a repressão e a destruição em regimes ditatoriais. Qual foi a inspiração por trás dessa temática?

Minha inspiração por trás da temática nasceu de uma profunda aversão a qualquer tipo de abuso de poder. A história é uma rica fonte de exemplos de como líderes autoritários manipularam as massas e usaram o poder para benefício próprio, frequentemente às custas da liberdade e dos direitos básicos da população.

O objetivo é provocar reflexões sobre a importância de defender a justiça e a liberdade, e denunciar as atrocidades cometidas sob regimes opressivos. A esperança é que, ao expor essas realidades, possamos evitar a repetição dos erros do passado e promover uma sociedade mais justa e equilibrada.

5.    Por que você decidiu dispensar os teclados neste EP e focar em uma sonoridade mais direta?

Decidi deixar de lado os teclados neste EP porque queria explorar uma sonoridade mais direta e crua. A intenção era revitalizar essas músicas antigas sem me prender a fórmulas prontas. Optei por uma abordagem que se alinhasse melhor à simplicidade harmônica dessas composições. Ao eliminar os teclados e sintetizadores, consegui dar destaque à essência das melodias e ao impacto das letras, criando uma experiência sonora mais autêntica e visceral. Cada elemento foi cuidadosamente escolhido para que, juntos, pudessem transmitir a emoção e a energia que buscava para este trabalho em específico.

6.    Pode nos contar mais sobre a escolha das ideias cromáticas no solo de “Steps of Despotism” e como isso contribuiu para alcançar o tom clássico e simples que você buscava?

A escolha das notas cromáticas, foi essencial para manter a essência da obra original. Isso ajudou a criar uma linha melódica que se entrelaça de forma suave e intrigante com a harmonia da música original, sem perder o caráter autêntico e nostálgico da época.

Além disso, o uso de ideias cromáticas trouxe uma certa simplicidade e fluidez ao solo, evitando excessos técnicos e focando mais na expressão e no feeling.

7.    Como foi trabalhar novamente com Diego Voges na masterização do EP? Como sua relação com ele influenciou no resultado final?

Trabalhar novamente com Diego Voges foi uma experiência gratificante e enriquecedora. Diego é um amigo de longa data e tenho um enorme prestígio por seu talento musical nato. Ao ouvir a mixagem que eu havia feito dos sons, ele prontamente se dispôs a fazer a masterização.

Nossa relação de amizade e admiração mútua influenciou diretamente no resultado final. A sensibilidade musical de Diego, aliada ao seu profundo entendimento musical, resultou em uma masterização que não só respeitou a essência das músicas, mas também as elevou a um novo patamar.

O resultado final é um EP que reflete não apenas a nossa dedicação, mas também a sinergia de uma parceria construída ao longo dos anos.

8.    A inclusão do cover de “The Freezing Moon” foi uma escolha nostálgica ou há um motivo especial para essa homenagem?

Essa música estava sempre presente no repertório do Apocrifus durante seus anos iniciais de atividade. Por se tratar de um ícone do black metal ela trazia uma resposta intensa do público, sempre que tocávamos ela ao vivo.

Trazer ela para o repertório, foi uma escolha puramente nostálgica e além do mais, ela se mescla facilmente aos demais sons do EP, por apresentar uma estrutura musical mais direta e ríspida.

9.    O que Mayhem representa para você e para o Apocrifus como projeto?

Sem dúvidas, é uma banda que deixou um legado significativo no cenário do black metal, sendo pioneiros em criar um som e uma estética que influenciaram inúmeras bandas, incluindo o Apocrifus. O respeito pelo impacto musical e pela inovação que trouxeram é inegável. No entanto, é crucial separar a apreciação artística das ideologias pessoais dos membros da banda. Discordo veementemente dos ideais nazistas associados a alguns integrantes e não endosso ou aceito qualquer forma de extremismo ou intolerância.

10.  O Apocrifus transita por diversos subgêneros do metal extremo. Como você enxerga essa liberdade de classificação dentro da cena musical?

A versatilidade e a liberdade que o Apocrifus demonstra ao transitar por estes subgêneros, são reflexo da evolução contínua e da busca incessante por inovação dentro do cenário musical. Essa abordagem permite que cada trabalho seja único, adicionando novos elementos e influências que evitam a repetição e mantêm a música fresca e intrigante para os ouvintes. Além disso, a liberdade e a capacidade de incorporar diversos elementos são ferramentas poderosas para a inovação e evolução da música, desde que sempre acompanhadas do bom senso em preservar a essência única que define a identidade da banda.

11.  Suas letras abordam o lado sombrio da natureza humana. Como você conecta esses temas com a sonoridade do Apocrifus?

A música, para mim, é uma poderosa ferramenta de expressão, uma forma de canalizar e expor as profundezas da alma. Quando escrevo as letras do Apocrifus, tento explorar o lado sombrio da natureza humana, abordando temas como dor, angústia e as lutas internas que todos enfrentamos. Para conectar esses temas com a sonoridade da banda, procuro criar uma simbiose entre as palavras e a música. As melodias e harmonias são cuidadosamente compostas para refletir a intensidade emocional das letras. O uso de acordes dissonantes, ritmos pesados e dinâmicas contrastantes ajudam a transportar o ouvinte para um estado de introspecção, onde podem sentir e confrontar suas próprias sombras. Em essência, a música do Apocrifus não só complementa as letras, mas também intensifica a experiência emocional, criando uma jornada sonora que permite uma catarse profunda e autêntica.

12.  Depois de “Dreadful Nightmares”, quais são seus planos futuros para o Apocrifus?

Após o lançamento de “Dreadful Nightmares”, estou empolgado em anunciar que já estou trabalhando em um novo disco. Este projeto terá uma abordagem um pouco diferente do “Reflections of Darkness”, mas manterá a mesma essência, com um crescimento notável em intensidade. Planejo lançar um single antes do álbum, cujo tema será revelado em breve. Este próximo disco promete elevar ainda mais a experiência sonora que vocês já conhecem, explorando novas nuances e aprofundando minhas raízes musicais. Fiquem atentos para mais novidades em breve!

13.  Como você percebe a evolução do metal extremo desde os anos 90 e o papel do Apocrifus dentro dessa trajetória?

Conforme avançamos no tempo, o metal extremo vem passando por uma contínua evolução, incorporando elementos de outros gêneros musicais e explorando novas sonoridades, e isso tem resultado na criação de inúmeros subgêneros…

Dentro de sua trajetória, o Apocrifus busca um equilíbrio entre a tradição e a inovação, sempre mantendo sua essência.  No entanto, ao acrescentar sonoridades atmosféricas, o Apocrifus traz uma nova dimensão à sua música, criando uma experiência auditiva que é ao mesmo tempo familiar e inovadora, preservando a autenticidade do gênero, enquanto abraça a necessidade de inovação contínua. Essa abordagem equilibrada permite que o projeto dê a sua contribução para a cena, oferecendo algo novo e empolgante, sem perder de vista as fundações que tornaram o gênero tão impactante desde os anos 90.

14.  Que mensagem você gostaria de deixar para os fãs que acompanham sua jornada e para quem está conhecendo o Apocrifus agora?

Para as pessoas que se identificam com a sonoridade proposta pelo Apocrifus, a mensagem é simples: deixem-se levar pela música e explorem as histórias e emoções que colocamos em cada uma das músicas. Nosso trabalho é uma jornada contínua de evolução e dedicação, e cada música é um capítulo dessa história.

Queremos que vocês sintam a intensidade e a sinceridade das nossas letras e melodias. Independentemente de onde ou como nos ouçam, seja no conforto da sua casa, durante uma corrida matinal, ou em uma noite tranquila, esperamos que nossa música ressoe com vocês.

Então, convidamos todos a mergulharem de cabeça nas nossas playlists nas plataformas digitais. Curtam, compartilhem, comentem e, acima de tudo, sintam-se parte dessa grande comunidade que estamos construindo juntos. Sejam bem-vindos à família Apocrifus, onde cada nota é tocada com o coração e cada fã é parte essencial dessa nossa história. 32 Entrevista: Banda APOCRIFUS32 Entrevista: Banda APOCRIFUS