Nesta terça-feira (26/9), Marcelo Tas conversa com o quadrinista Rafael Grampá. No bate-papo, o autor da HQ “Gárgulas de Gotham” fala sobre como foi redesenhar o design do Batman, a dificuldade em achar seu estilo, convites especiais que recusou e muito mais. O programa vai ao ar a partir das 22h, na TV Cultura.
O artista fala sobre sua primeira oportunidade em refazer o design do clássico super-herói Batman, quando a editora norte-americana DC Comics o convidou para fazer uma estátua do personagem. “Tentei fazer um design um pouco mais utilitário. Eu quis fazer um cinto, onde você percebesse que existiam elementos usáveis no cinto. Você reconhecia uma granada, uma lanterna, você sabia que tinha objetos utilitários. Eu me incomodava sempre em ver aquelas cápsulas, onde podia ter qualquer coisa. […] Parece de brinquedo. E sempre me incomodou um pouco a cueca por cima da calça. […] É um clássico, é legal, é igual o Super Homem. Mas, o que eu fiz foi colocar por baixo, na verdade”, explica Rafael.
“Eu queria que ele fosse uma representação um pouco mais gótica e futurista, mas um pouco sexy ao mesmo tempo. Eu queria trazer um visual de um Batman que pudesse te assustar, mas, ao mesmo tempo, fazer você ficar atraído por aquilo. Inclusive, o próprio Jean Lee falou para mim que o design do Batman é sexy e grotesco”, diz Grampá. O quadrinista, que já colaborou com nomes como Keanu Reeves e Frank Miller, diz que fazer uma história do Batman é um trabalho quase suicida, levando em consideração os 85 anos do personagem que tem fãs exigentes e versões diversas feitas por grandes artistas. “Pela repercussão que está gerando, ou pode acabar com a minha carreira ou pode ser um momento muito mágico na minha carreira”, completa.
“A Marvel me convidou para desenhar o Iron Fist, Punho de Ferro, só que eu não queria ser um desenhista e desenhar para um outro escritor. Eu queria continuar com essa minha busca de me aprimorar, ser um autor e tentar achar minha própria voz”, diz Rafael Grampá.
Ao ser questionado por Marcelo Tas como ele segurou a vontade de dizer sim a uma oportunidade tão grande, o gaúcho fala que sabia qual era seu chamado e não queria desenhar para outro escritor, mas sim ser um autor e achar sua própria voz. “A gente sabe o que tem que fazer, a gente sabe que tem que sacrificar certas coisas, a gente sabe nosso chamado. Quando a gente não toma atitude para seguir o chamado, estamos só perdendo tempo. Porque em algum momento, vai estourar […] e você vai acabar fazendo isso, da melhor ou pior maneira, e, se não fizer, você vai ser uma pessoa frustrada”, finaliza.
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