Marcelino Melo leva o universo das quebradas a Porgy and Bess no Municipal

O artista visual Marcelino Melo, o Quebradinha, indicado ao Prêmio PIPA 2025, recria o universo visual da ópera Porgy and Bess no Theatro Municipal de São Paulo.

Obra instalativa inédita no Brasil

Nascido em Carneiros (AL) e radicado na zona sul de São Paulo, Marcelino desenvolveu uma instalação monumental inspirada em sua obra “Coluna” (2022). A criação foi sugerida pela diretora Grace Passô e dialoga com o território periférico, a ancestralidade e a realidade social brasileira.

O resultado é um cenário que mistura o universo de Catfish Row às quebradas paulistanas, gerando reflexões sobre desigualdade estrutural, cotidiano e potência estética das periferias.

Diálogo entre arte, memória e modernidade

Com mais de dez metros de altura, a instalação central da montagem sintetiza ancestralidade e modernidade, transformando o espaço em um palco de contrastes e poesia visual.

“Imagine: um enorme tijolo sobre o qual um monte de gente performa. É surrealista, concreto e fantasioso ao mesmo tempo”, afirma Marcelino.

Trajetória de Marcelino Melo, o Quebradinha

Aos 31 anos, Quebradinha já teve obras incorporadas a acervos como o Instituto Moreira Salles, o Museu das Favelas e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, onde realizou sua primeira individual em 2024. Sua produção circula em escolas, livros didáticos e espaços independentes, sendo reconhecida como ferramenta de reeducação do olhar social.

Além de atuar no Brasil, já expôs em eventos internacionais como a BIENALSUR, em Buenos Aires, e em mostras no Sesc SP e no MAR Rio.

Símbolo histórico no Theatro Municipal

Mais de um século após a Semana de Arte Moderna, o Theatro Municipal abre espaço para uma obra que representa vozes e experiências historicamente excluídas.

“Meu povo construiu aquele prédio. E agora voltamos como artistas”, declara Quebradinha, destacando o peso simbólico de ocupar esse palco.

A diretora Grace Passô reforça: “As obras de Marcelino são grandes poemas plásticos, com dimensões operísticas, raras e emocionantes”.