Novo espetáculo do Tablado_SP estreia no TUSP Maria Antonia com entrada gratuita
A peça Magma-Jagunço, de Clayton Mariano, estreia no dia 30 de janeiro no TUSP Maria Antonia. O espetáculo, encenado pelo Tablado_SP, faz uma reflexão sobre a relação entre o agronegócio, a extrema direita e a nova jagunçagem. A temporada gratuita segue até o dia 23 de fevereiro, com sessões de quinta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 18h.
A trama de Magma-Jagunço
O enredo acompanha três cineastas militantes de esquerda, que decidem invadir a fazenda do tio de um dos membros do grupo, um dos maiores empresários do setor agropecuário do país. A intenção é realizar uma ação político-artística para denunciar crimes no campo. No entanto, o grupo é capturado por um jagunço enigmático, que parece deslocado no tempo.
O espetáculo estabelece conexões entre o crescimento da extrema direita e a figura dos novos jagunços. Segundo o diretor Clayton Mariano, o conceito parte das reflexões de Paulo Arantes e Gabriel Feltran, que analisam o fenômeno como uma “revolta de jagunços”, unindo fé, messianismo e violência.
A modernização do jagunço e o domínio do agro
A peça também explora como o jagunço moderno se expandiu para além do campo. Hoje, ele se manifesta não apenas como o tradicional capanga de fazendeiros, mas também como pastores neopentecostais, pequenos proprietários, policiais e milicianos.
Outro ponto central da obra é a influência do agronegócio na cultura pop. Como aponta Mariano, o agro domina a indústria cultural brasileira, desde as músicas mais tocadas nas plataformas de streaming até novelas e podcasts. “Na peça, os cineastas acabam reféns desse sistema, assim como qualquer um que tenta resistir a essa cultura dominante”, reflete o diretor.
Encenação e referências cinematográficas
Magma-Jagunço se estrutura como dois filmes interligados. O primeiro, Jagunço, mostra a visão dos militantes de esquerda. O segundo, Magma, reconta a história sob a ótica da elite do agronegócio.
A montagem traz forte influência do cinema novo brasileiro, especialmente de Glauber Rocha, e questiona os limites da arte engajada diante do poder do agro. A trilha sonora de Eduardo Climachauska mistura aboios tradicionais, música eletrônica e agronejo, reforçando essa fusão entre tradição e modernidade.
Os cenários e figurinos de Jessica Mancini fogem do tradicional imaginário sertanejo, apresentando um sertão plastificado e artificial. A luz de Camille Laurent enfatiza esse conceito. A peça ainda conta com direção cinematográfica de Luan Cardoso, incorporando imagens ao vivo e cenas pré-gravadas.
Serviço – Magma-Jagunço
📅 Temporada: 30 de janeiro a 23 de fevereiro
🕗 Horários: Quinta a sábado, às 20h | Domingos, às 18h
📍 Local: TUSP Maria Antonia – R. Maria Antônia, 294 e 258 – Vila Buarque
🎟️ Ingressos: Gratuitos | Retirada na bilheteria com 1h de antecedência
⏳ Duração: 120 minutos
🔞 Classificação: Livre