“Latigbaná – Daí Por Diante” reúne fotografias de dez artistas brasileiros Estúdio 41 

 “Latigbaná – Daí Por Diante” reúne fotografias de dez artistas brasileiros Estúdio 41 

Com curadoria de Diógenes Moura, a mostra contempla imagens que representam e exploram a cultura de matriz africana e as afro-religiosidades vindas de diferentes estados do Brasil – São Paulo, Maranhão, Bahia, Belém do Pará entre outros

Sem título; fotografia de Guy Veloso (esquerda)   |   “Sassanha”; fotografia de Iuri Marc (direita)

O escritório de arte Estúdio 41 inaugura, na próxima terça-feira, 08 de novembro, a coletiva Latigbaná – Daí Por Diante, um registro de incursões realizadas por dez artistas pelo Brasil afora, fotografando a arte-religiosidade na vida cotidiana. Adenor Gondim, Bruno Bam, Dani Tranchesi, Daniel Pinheiro, Gisele MartinsGuy Veloso, Iuri Marc, Lita CerqueiraLuiz Moreira Márcio Vasconcelos capturam, em suas lentes, representações de religiões de matriz africana praticadas em diferentes estados do país, como Maranhão, Bahia, São Paulo, Belém do Pará, entre outros. A curadoria é assinada por Diógenes Moura.

O curador da mostra comenta que a seleção dos fotógrafos e das obras se deu de forma muito espontânea: “São artistas cuja trajetória acompanho há muito tempo. Eles têm em comum essa espécie de missão de percorrer o país em busca do entendimento do quando, do onde, do que será e do que seremos nós. Tudo isso olhando para dentro, diante de nós mesmos.” De origem iorubá – um dos maiores grupos étnico-linguísticos da África Ocidental – Latigbaná significa algo como “daí por diante”, um mundo que vive dentro de nossa cabeça. “Aqui, não estamos falando sobre o outro -, estamos diante de nós mesmos”, completa ele. 

Cada imagem carrega em si o limite do que pertence à visão do fotógrafo e do que pertence ao outro, entre o que pode ser considerado comum e o que é inusitado: coisas simples, gestos mansos, a vida cotidiana descansando no percurso do tempo. O olhar do espectador é essencial para o fluxo da exposição.  

Muito além de retratar o cotidiano e as coisas comuns, “Latigbaná – Daí Por Diante” explora o universo interior que existe no indivíduo, e que habita, também, na alma da cultura brasileira, fruto da miscigenação e do sincretismo religioso. “Essa é uma exposição muito provocante para um momento como esse em que estamos vivendo – um momento político de extremos limites e de extremos abismos, em que essa situação ancestral – a situação da arte-religiosidade e das crenças –, pairam em outro universo. A exposição, de certa forma, reúne uma fortaleza que existe em nós mesmos e que precisa ser explorada de dentro para fora. “Chega de reflexos! Precisamos pensar o país de dentro para fora.”, conclui Diógenes Moura.

Sobre o Estúdio 41

Um espaço voltado à reflexão e discussão sobre o fazer artístico da fotografia. Esse é o mote do Estúdio 41, projetoque ocupao conjunto 41 do prédio 1254 da Rua Pedroso Alvarenga, no Itaim Bibi, zona sul de São Paulo. Com direção artística do curador e escritor Diógenes Moura, e comandado pela fotógrafa Dani Tranchesi e sua sócia Paula Rocha, o novo espaço cultural vai apresentar projetos de fotógrafos emergentes e consagrados em uma programação de exposições, exibição de filmes, lançamento de livros e conversas sobre a linguagem fotográfica.

Serviço

Exposição “Latigbaná – Daí em Diante”

Curadoria: Diógenes Moura

De 08 de novembro a 04 de fevereiro de 2023

Evento de abertura: 08 de novembro, terça-feira, das 17h às 21h.

Endereço: Rua Pedroso Alvarenga, 1254, cj 41, Itaim Bibi.

Funcionamento: Às quartas-feiras, das 10h às 19h. Nos demais dias da semana, visitas sob agendamento através do WhatsApp: 55 11 99452-3308.

Entrada gratuíta.

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MAM São Paulo inaugura 38º Panorama da Arte Brasileira
Ele se chama Bilibeu. Ou Santo Bilibeu, ou ainda Bilibreu. Esculpido em madeira e retinto como o breu, o santo é festejado todos os anos, na Baixada Maranhense, entre as cidades de Viana, Matinha e Penalva. As pessoas que o cultuam foram por décadas chamadas de ‘caboclos’ e apontadas pejorativemente como ‘os índios’. Foi em novembro 2014 que “os índios” passaram a reivindicar perante o Estado e a sociedade envolvente uma identidade indígena específica (não mais genérica). Os Akroá Gamella sempre esteveram ali, demarcando suas terras com os pés, como eles mesmo dizem, e utlizando os recursos naturais, sob regras específicas, com o intuito de preservar a natureza e manter a sua subsistência físisca e simblólica. Foi em segredo mantiveram vivos Entidades que sobreviveram à censura identitária e ao racismo. Bilibeu foi um deles, o mais conhecido de todo os Encantados locais. São Bilibeu perseverou ao silenciamento e permaneceu preservado publicamente porque ficou mimetizado dentro das comemorações do carnaval. Nesse período em que “tudo pode”, Bilibeu pode existir e sair às ruas num festejo que dura 4 dias, no qual dezenas de crianças e adultos pintados de carvão, marcham durante dez ou doze horas, incorporando os ‘cachorros de Bilibeu’ que, de casa em casa, de aldeia em aldeia, caçam. A matilha de cachorros e cachorras, sob orientação de um chefe, o ‘gato maracajá’, caçam comida e bebida para oferecer ao santo que em um determinando momento do ritual morre, é enterrado, sob o choro de mulheres, e renasce na manhã seguinte para continuar dando fartura e fertilidade ao povo Akroá Gamella. Se antes, era celebrado no carnaval, hoje o povo Akroá Gamella, escolheu outra data para o ritual. O dia 30 de abril é, desde de 2019, a data em que Bilibeu é cultuado. Bilibeu definitivamente não é uma festa, é um rito. Um rito que agora marca um evento de muita dor, tristeza e revolta. Pois foi nesse dia, no ano de 2017, que