Jovens do interior de Pernambuco recebem capacitação para atuarem no mercado de cinema de animação
Iniciativa contemplou 40 inscritos, em sua maioria negros, moradores de áreas periferias e rurais de cidades da região da Zona da Mata
Um projeto cultural, dedicado à capacitação e formação, gratuita, de estudantes de escolas públicas e jovens de áreas periférias e rurais, para o universo do cinema de animação, está transformando a vida de meninas e meninos, negros,da Zona da Mata Norte de Pernambuco. A porta de entrada para esse mundo desconhecido, por boa parte dos participantes, faz parte da “Dulapis Lab” – iniciativa pioneira, realizada com o incentivo da Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo do estado de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura.
Só nesta primeira temporada, que aconteceu neste mês,na cidade de Carpina, na Zona da Mata, foram capacitadas 40 pessoas. As oficinas foram distribuídas em encontros diários e aos fins de semanas, totalizando mais de 68 horas-aulas de muitas informações sobre o mercado criativo das ideias e projetos do cinema de animação.
“Avalio que o projeto foi fundamental para nossa região. Pois, a Zona Canavieira, que é rica na cultura popular e na monocultura, também tem se destacado cada vez mais nesse universo do cinema – outra grande riqueza de nossa economia cultural. E, diante desse cenário, queremos aproveitar para preparar nossos jovens, com toda sua criatividade e dinâmica, para inseri-los nesse ambiente”, afirma o coordenador do projeto e especialista em arte Visuais, formado pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Jefferson Batista. Ele que, em 2009, ele venceu o Festival de Cinema de Pernambuco (Cine_PE), com o curta-metragem: “Quando a Chuva Vem” – peça que retrata o dilema do povo nordestino para sobreviver com a escassez de água.
Ao longo do projeto, os inscritos puderam conhecer, de forma teórica e prática, todos os meios para produzir um filme criativo, dinâmico e com objetivo final, que é transmitir sua mensagem e prender a atenção do público. “ Eu adorei a oficina. Foi uma experiência muito boa e rica. Aprendi sobre a história do stop motion, a imaginar e construir cenas. Também tive a oportunidade de colocar em prática a técnica do desenho, fundamental para realização da produção. Agora, com todo esse aprendizado na bagagem, espero colocar em prática criando meu curta metragem ou filme” afirma, entusiasmada, Aimee Morais.
Entre as inúmeras possibilidades que o cinema de animação pode proporcionar ao imaginário dos jovens cineastas, uma delas chamou bastante atenção da participante Karoline Pacheco. “Durante as oficinas aprendi a entender melhor como fazer um roteiro. Antes das aulas eu era muito insegura. Não sabia como colocar minha ideia em prática. Já com esse aprendizado, vou poder fazer sem medo ou receio,os meus próprios vídeos”, comemora.
Durante a oficina, os participantes foram desafiados a pensar em ideias que pudessem transformar em um projeto de animação, para serem produzidos e exibidos ao final da formação, como forma de comprovar o desempenho e aprendizado obtidos nas aulas. Fruto desta atividade surgiram algumas ideias que saíram do papel e tornaram-se realidade, como o filme “No trilho da Pipa” – animação que traz um roteiro inspirado em uma pipa que é levada pelo vento, saindo do Recife, capital pernambucana, e vai passando pelas cidades que são ligadas pela malha férrea, atualmente desativada, presente na Zona da Mata, até chegar na cidade de Timbaúba. Outra produção em destaque foi o filme “Mochilando” que retrata a história de um jovem que vive a viajar pelo mundo em busca de conhecer novas pessoas, histórias e culturas.
Todos os participantes das oficinas receberam certificado de participação. Para saber mais sobre o projeto e acompanhar os filmes basta acessar o Instagram/@dulapis_, ou acessar o canal do Youtube ( https://m.youtube.com/@Dulapisestudio)