Imperialismo e questão europeia

de Domenico Losurdo
Quais características deve possuir hoje um movimento de emancipação para ser considerado como tal? Contra qual antagonista devemos concentrar as nossas energias? O que devemos entender por imperialismo? Imperialismo e questão europeia é uma obra póstuma de Domenico Losurdo, organizada por Emiliano Alessandroni, com base em um conjunto de artigos escritos entre 1978 e 2017, tematizando a União Europeia em diferentes fases.
Na apresentação, Alessandroni põe em relevo a constante preocupação do autor com a questão europeia. Losurdo defendia um posicionamento contrário à saída da Itália da União Europeia, o que gerava críticas tanto pelo Partido Comunista como por parte de outros setores da intelectualidade e da militância de esquerda. Segundo Losurdo, os argumentos de que se deveria abandonar a União Europeia por seu viés capitalista e imperialista não encontram sentido, pois “seguindo essa lógica, também deveríamos sair da Itália”.
Losurdo contribui para lançar luz sobre alguns nós não desatados do nosso presente: o legado da tradição colonial e do nazifascismo, a democracia moderna e a identidade política da União Europeia. Os artigos selecionados – atendendo aos últimos desejos de Losurdo de apresentar seu pensamento sobre as complexas relações entre União Europeia e imperialismo – fornecem os instrumentos analíticos com os quais é possível refinar a nossa perspectiva de conflitualidade, libertar-se de uma representação mecanicista das contradições sociais e adquirir, tanto do ponto de vista espacial quanto temporal, um olhar muito mais amplo e profundo – ou seja, uma visão dialética – sobre os grandes conflitos que inflamaram e continuarão a inflamar os nossos tempos.
Trecho
“No que diz respeito às relações entre a superpotência americana e a União Europeia, faz-se muitas vezes referência à tendência de alteração do equilíbrio de poder no plano econômico entre esses dois “polos imperialistas”. Mas uma comparação entre duas grandezas tão heterogêneas não faz sentido: a União Europeia não é um Estado! Que lado tomaria a Inglaterra na hipótese fantástica de um conflito entre os dois lados do Atlântico? E de que lado ficaria a Itália de Berlusconi? E o instável eixo franco-alemão de hoje sobreviveria ao eventual retorno ao poder na Alemanha dos democratas-cristãos e na França de um partido socialista com fortes laços com Israel? Mais uma vez o economicismo revela-se enganador”.
Ficha técnica
Título: Imperialismo e questão europeia
Título original: Imperialismo e Questione europea
Autor: Domenico Losurdo
Tradução: Sandor José Ney Rezende
Organização e introdução: Emiliano Alessandroni
Posfácio: Stefano G. Azzarà
Orelha: Rita Coitinho
Capa: Maikon Nery
Páginas: 264
Preço: R$ 79,00
Formato: 16 x 23cm
ISBN: 978-65-5717-214-8
Editora: Boitempo
Encadernação: Brochura
Ano de lançamento: 2023
Disponível em: 16 de abril de 2023
Sobre o autor
Domenico Losurdo (1941-2018) foi um pensador marxista com fundamentais contribuições nas áreas de filosofia, história e política. Doutorou-se com uma tese sobre Karl Rosenkranz e foi professor de História da Filosofia na Universidade de Urbino. Sua produção é marcada pela crítica radical ao liberalismo, ao capitalismo e ao colonialismo, bem como por uma interpretação detalhada das experiências socialistas. Pela Boitempo publicou A linguagem do império: léxico da ideologia estadunidense (2010), A luta de classes: uma história política e filosófica (2015), Guerra e revolução: o mundo um século após Outubro de 1917 (2017), O marxismo ocidental: como nasceu, como morreu, como pode renascer (2018), Hegel e a liberdade dos modernos (2019), Colonialismo e luta anticolonial (2020) e A questão comunista: história e futuro de uma ideia (2022).
Sobre a Boitempo
A Boitempo foi fundada em 1995, por Ivana Jinkings. Com mais de 25 anos de existência, consolidou-se produzindo livros de qualidade, com opções editoriais claras. Obras de alguns dos mais influentes pensadores nacionais e internacionais compõem um catálogo que conta com nomes como Karl Marx, Friedrich Engels, David Harvey, Angela Davis, Maria Rita Kehl, Ricardo Antunes, Leonardo Padura, György Lukács, Antonio Gramsci, Slavoj Žižek, entre muitos outros. O nome da editora – inspirado em um poema de Carlos Drummond de Andrade – é uma homenagem ao maior poeta brasileiro e também ao criador da primeira Boitempo, o dirigente comunista Raimundo Jinkings, pai de Ivana.