Galeria Estação promove conversa em torno da exposição “Cristina Canale e José Antônio da Silva – Duas poéticas”

Galeria Estação promove conversa em torno da exposição “Cristina Canale e José Antônio da Silva – Duas poéticas”

Encontro será no próximo dia 05 de dezembro, às 19h30, com entrada gratuita e transmissão ao vivo no Youtube

A Galeria Estação promove um bate-papo com a participação de Cristina Canale, Leda Catunda e Teodoro Farias, no dia 05 de dezembro, às 19h30, em torno da exposição Cristina Canale e José Antônio da Silva – Duas poéticas, em cartaz até o dia 17 de dezembro, que estabelece conversas entre os dois artistas, reunindo 13 pinturas de José Antônio da Silva e oito da artista carioca especialmente produzidas para a mostra. 

Sobre a Exposição:

Quando Vilma Eid convidou Cristina Canale, como tem feito com alguns artistas contemporâneos, para dialogar com um dos nomes do acervo da Galeria Estação, a pintora imediatamente escolheu José Antônio da Silva, justamente o artista que inspirou Vilma a formar uma das mais importantes coleções de arte não erudita brasileira.

Esta exposição que estabelece conversas entre os dois artistas reúne 13 pinturas de José Antônio da Silva e oito de Cristina Canale, algumas especialmente produzidas para a mostra.  Segundo Canale, dialogar com José Antônio da Silva significa entrar em contato com a origem da nossa força criativa e de certa forma questionar as fronteiras criadas entre “arte erudita” e “não erudita”. “Dialogar com outro artista é uma forma de espelhamento e redescoberta de cantos eventualmente esquecidos ou recônditos do próprio processo criativo”, ressalta.

A série de trens do artista paulista foi o ponto de partida para a pintora produzir as suas telas. Os trens de José Antônio da Silva são paisagens formadas por uma sucessão de listras, com muitos componentes abstratos, na quais, do fundo, surge a figura de um trem vindo ao encontro do observador. “São trens nostálgicos, esfumaçados, são trens fálicos que perfuram a paisagem diagonalmente, cuja a dinâmica desse contraste de movimentos me fascinou, e a partir dela elaborei uma série de pequenas obras, utilizando recursos que têm feito parte de minhas experimentações mais recentes, nas quais utilizo tecidos estampados industrialmente em contraste com o gesto pictórico”, acrescenta Canale.

A artista carioca que mora em Belim ressalta que a repetição sistemática de formas na representação da paisagem a remeteu à noção de “Parallelismus” do pintor suíço Ferdinand Hodler (1853-1918), que via a natureza organizada em padrões simétricos. “Diferentemente de Hodler, no entanto, a obra de José Antônio da Silva pende mais para um tensionamento entre a ordem e o caos, com suas listras irregulares, trens fumegantes e o pontilhado tortuoso e ritmado de seus algodoais”, pondera.

Canale observa como o universo do pintor é inspirador: paisagens de fundo infinito, a árvore seca de poucos frutos, caminhos, trilhas, porteiras, casinhas, o motivo constante de suas “nuvens-cordilheira”, os pontos vermelhos, ora frutos, ora luzes, indicando um caminho, uma direção para o olhar. “Em suma, sua pintura busca a abstração, mas também se dá ao luxo de ter momentos prosaicos de humor e referências do cotidiano”.

Além de se referir a algumas pinturas muito específicas, Canale se inspirou também pela temática de José Antônio da Silva. Segundo a pintora, por este caminho descobriu os pontos de encontro, as convergências pictóricas e prováveis identificações com alguns mesmos protagonistas da história da arte. “Tracei um itinerário dentro de sua obra sob o meu ponto de vista e, de certa forma, também pelo dele. Trata-se, portanto, de uma “curadoria de artistas”, daquilo que resulta de um diálogo que explora questões tão próprias do ofício: a pintura”, completa Canale.

Pintor, desenhista, escritor, escultor e repentista, José Antônio da Silva (Sales de Oliveira SP 1909 – São Paulo SP 1996) foi um dos primeiros artistas autodidatas não eruditos a se destacar no circuito artístico nacional e internacional. Já em 1946 chamou atenção de críticos como Lourival Gomes da Silva, período em que Pietro Mari Bardi adquire suas obras para a coleção do MASP. Participou de várias edições da Bienal Internacional de São Paulo e foi contemplado com sala especial na 33ª Bienal de Veneza. O multiartista, além de inúmeras individuais e coletivas, gravou LPS, publicou livros, entre os quais Maria Clara, com prefácio de Antônio Candido.

Já Cristina Canale (Rio de Janeiro, 1961), egressa da chamada geração 80 conhecida pela retomada da pintura, participou da 21Bienal de São Paulo, na qual recebeu o Prêmio Governador do Estado, da 6ª Bienal de Curitiba, 8ª Bienal de Beijing, além de individuais e coletivas no Brasil, Alemanha, Itália e Estados Unidos. A sua obra, geralmente baseada em cenas prosaicas do cotidiano, está presente em importantes acervos, entre os quais, MAC-USP, Pinacoteca de São Paulo, MAM – Rio, e MAR (RJ). Canale é representada pela Galeria Nara Roesler.

BATE-PAPO COM CRISTINA CANALE, LEDA CATUNDA E TEODORO FARIAS

Quando: 05/12 (segunda-feira)

Horário: 19h30

Galeria Estação

Endereço: Rua Ferreira Araújo, 625 – Pinheiros, São Paulo

Entrada: gratuita e com transmissão ao vivo no Youtube (https://bit.ly/bpccjas22 )

Tel: 11 3813-7253

Email:contato@galeriaestacao.com.br

Site:http://www.galeriaestacao.com.br/

Instagram: @galeriaestacao

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MAM São Paulo inaugura 38º Panorama da Arte Brasileira
Ele se chama Bilibeu. Ou Santo Bilibeu, ou ainda Bilibreu. Esculpido em madeira e retinto como o breu, o santo é festejado todos os anos, na Baixada Maranhense, entre as cidades de Viana, Matinha e Penalva. As pessoas que o cultuam foram por décadas chamadas de ‘caboclos’ e apontadas pejorativemente como ‘os índios’. Foi em novembro 2014 que “os índios” passaram a reivindicar perante o Estado e a sociedade envolvente uma identidade indígena específica (não mais genérica). Os Akroá Gamella sempre esteveram ali, demarcando suas terras com os pés, como eles mesmo dizem, e utlizando os recursos naturais, sob regras específicas, com o intuito de preservar a natureza e manter a sua subsistência físisca e simblólica. Foi em segredo mantiveram vivos Entidades que sobreviveram à censura identitária e ao racismo. Bilibeu foi um deles, o mais conhecido de todo os Encantados locais. São Bilibeu perseverou ao silenciamento e permaneceu preservado publicamente porque ficou mimetizado dentro das comemorações do carnaval. Nesse período em que “tudo pode”, Bilibeu pode existir e sair às ruas num festejo que dura 4 dias, no qual dezenas de crianças e adultos pintados de carvão, marcham durante dez ou doze horas, incorporando os ‘cachorros de Bilibeu’ que, de casa em casa, de aldeia em aldeia, caçam. A matilha de cachorros e cachorras, sob orientação de um chefe, o ‘gato maracajá’, caçam comida e bebida para oferecer ao santo que em um determinando momento do ritual morre, é enterrado, sob o choro de mulheres, e renasce na manhã seguinte para continuar dando fartura e fertilidade ao povo Akroá Gamella. Se antes, era celebrado no carnaval, hoje o povo Akroá Gamella, escolheu outra data para o ritual. O dia 30 de abril é, desde de 2019, a data em que Bilibeu é cultuado. Bilibeu definitivamente não é uma festa, é um rito. Um rito que agora marca um evento de muita dor, tristeza e revolta. Pois foi nesse dia, no ano de 2017, que