A fotógrafa pernambucana vence Prêmio Pierre Verger e reforça a importância da memória afro-indígena no Brasil. A artista Uenni, moradora da periferia do Recife, conquistou o prêmio nacional com a série “Canjerê dos Pretos Velhos na Jurema Sagrada”. O trabalho destaca a força espiritual dos Pretos Velhos e valoriza a tradição da Jurema Sagrada, registrada ao longo de três anos de convivência no Ilê Axé Oxalá Talabi.
Fotógrafa pernambucana vence Prêmio Pierre Verger com série etnográfica
A fotógrafa pernambucana vence Prêmio Pierre Verger em uma das categorias mais simbólicas da edição: Ancestralidades e Representações. A série reúne 19 imagens registradas entre 2022 e 2025. Dez delas já haviam vencido o Prêmio Mário de Andrade, tornando Uenni a primeira mulher negra a conquistar esse título na categoria série.
As outras nove fotografias são inéditas e aprofundam o retrato afetivo e espiritual do terreiro. O conjunto revela um olhar sensível sobre práticas que sofrem intolerância religiosa, mas seguem resistindo.
Fotógrafa pernambucana vence Prêmio Pierre Verger com obra sobre Jurema Sagrada
As imagens destacam o canjerê dos Pretos Velhos, expressão profunda da Jurema Sagrada. O trabalho cria um arquivo visual essencial para a preservação das tradições afro-indígenas. Segundo Uenni, a série nasceu da convivência, e não de um projeto formal. O tempo dentro do terreiro moldou a identidade da obra.
O impulso inicial veio de registros feitos pela avó da artista, que fotografou um terreiro nos anos 1990. Essa memória familiar guiou a trajetória de Uenni, que encontrou na fotografia uma forma de continuidade, afeto e resistência.
Fotógrafa pernambucana vence Prêmio Pierre Verger e amplia circulação nacional
Com o reconhecimento, Uenni integra a exposição e o catálogo do prêmio. Em 2024 e 2025, ela ampliou sua circulação com mostras no Rio de Janeiro, no Agreste e uma formação audiovisual em terras indígenas no Acre. A troca com povos originários fortaleceu sua pesquisa e aprofundou seu compromisso com a ancestralidade.
O Ilê Axé Talabi, onde a série foi produzida, é Patrimônio Vivo de Pernambuco e referência na preservação da cultura afro-indígena. O terreiro desenvolve ações culturais e sociais, reafirmando sua importância histórica.
