Exposição Colagens de Roberto Scorzelli e Esculturas de Marcos

Galeria reúne obras inéditas de Roberto Scorzelli e também obras inéditas de Marcos Scorzelli
Imagens em alta resolução: https://drive.google.com/drive/folders/1wvkN3daKTsbne1fxi5p35HXjs2bc2MG8?usp=drive_link
A Galeria Evandro Carneiro Arte apresenta de 3 a 24 de maio a Exposição Colagens, que reúne trabalhos inéditos de colagens em papéis de seda e papéis de origami japoneses de Roberto Scorzelli (1938-2012). Importante arquiteto e artista plástico, Scorzelli seguiu uma sólida carreira com exposições em galerias consagradas, como a Bonino e a Saramenha, e abriu uma loja de design na badalada Ipanema dos anos 70. A galeria apresenta, também, a Exposição Esculturas, de Marcos Scorzelli. A curadoria é de Evandro Carneiro.
Roberto Scorzelli começou a se interessar pelas colagens no final dos anos 60, quando se tornou amigo da escultora Mary Vieira. O artista era arquiteto do Itamaraty e ela estava em Brasília para instalar no Palácio dessa instituição a icônica obra Ponto de Encontro (1969-1970).
Em uma viagem ao Japão na década de 90, Roberto encontrou lojas especializadas em papeis de seda em coloridos especiais como os dourados, com texturas e ranhuras. Ele passava as tardes explorando essas opções, buscando inspiração para retomar a criação de colagens. Dessa experiência, nasceu uma nova série nos anos 1990, com motivos que remetiam àquelas que ele havia desenvolvido duas décadas antes.
Além da mostra Colagens, a galeria exibirá também a Exposição Esculturas, trabalhos em aço do artista Marcos Scorzelli, filho de Roberto. Após o sucesso de público em diversas exposições pelo Brasil, incluindo o Museu Castro Maya (2019 e 2023), a Ópera de Arame (2022 e 2023) em Curitiba, que recebeu 30 mil visitantes, o Ecolodge (2024), a Pedra Azul – ES e a Caixa Cultural Fortaleza (2024), Marcos apresentará no Rio de Janeiro sua coletânea composta por aproximadamente 30 esculturas em aço que evocam a fauna e a flora brasileiras. Entre as representações, destacam-se obras cacto, bracatinga, como também as inéditas coruja, tamanduá, porco-espinho e a obra ema, que possui 1,70m de altura.
”Meu pai iniciou o desenvolvimento das colagens durante minha infância, e o rigor geométrico e matemático que permeia não apenas essas obras, mas todo o seu trabalho, exerce uma influência profunda e duradoura em meu processo criativo.”
Marcos Scorzelli.
Exposição Colagens de Roberto Scorzelli e Exposição Esculturas de Marcos Scorzelli
Roberto Scorzelli (PB, 1938 – RJ, 2012) foi um importante arquiteto e artista plástico. A Galeria Evandro Carneiro já realizou duas exposições de suas pinturas, em 2018 e 2022. Agora apresentamos seus inéditos trabalhos de colagens em papéis de seda e papéis de origami japoneses.
Em conversa com sua viúva e mãe de seus dois filhos, um dos quais também presente nesta mostra (Marcos, de quem falaremos adiante) Rosa Bernstein Scorzelli me contou toda a história por trás dessas maravilhosas formas coloridas que ora se apresentam. Assim, usamos a metodologia da memória oral (entrevista gravada em áudio, transcrita e referenciada aqui) na pesquisa para escrever o texto que se segue.
No finalzinho da década de 1960 e início dos anos 1970, Roberto Scorzelli se interessou pelas colagens, desde que se tornou amigo da escultora Mary Vieira, quando ele era arquiteto do Itamaraty e ela estava em Brasília para instalar no palácio dessa instituição a icônica obra Ponto de Encontro (1969-1970). Nessa ocasião, a escultora presenteou o arquiteto com algumas peças de papeis de seda suíços.
Mary viveu muitos anos na Europa e fixou residência em Basel, Suíça. Roberto foi algumas vezes à Berna para reuniões sobre o projeto da embaixada do Brasil que seria construída nesta cidade e era assinado por ele. Foi quando aprofundou suas pesquisas sobre os papeis coloridos de excelente qualidade que ali pôde comprar e trazer para o Brasil.
Rosa lembra que o processo era complicadíssimo à época: primeiramente porque não havia a diversidade de colas que existem hoje. Roberto usava cola de sapateiro para o trabalho, pois era mais adequada à lisura dos papeis. Aquilo exalava um cheiro tóxico e ele precisava interromper a produção de quando em vez para não prejudicar a saúde dele e de sua família. Neste momento, Isabella era pequena e Marcos acabara de nascer. Não bastasse isso, em alguns trabalhos, ele desejou criar um efeito diferencial e precisava queimar controladamente os papéis. Para tal, punha-se com o material dentro do box do apartamento para, se preciso, abrir as torneiras d´água e não incendiar a casa. Em conversas de casal, Rosa e Roberto concordaram que aquele processo era demasiadamente arriscado. O artista, então, continuou se dedicando à pintura a óleo e tinta acrílica e aos desenhos.
Seguiu uma sólida carreira, com exposições em galerias consagradas, como a Bonino e a Saramenha, abriu uma loja de design na badalada Ipanema e seu escritório de arquitetura “bombava”. Situado em uma casa com quintal em Botafogo, seus filhos têm uma doce e lúdica lembrança da fase das colagens: Roberto enchia uma piscina inflável e com uma mangueira e seus papeis de seda, fazia cachoeiras coloridas com a tinta que o material soltava na água.
Passados muitos anos, na década de 1990, Rosa que é física, estudava os meteoritos da Antártica e ia muito a Congressos realizados no Japão. Roberto adorava a cultura japonesa, o Zen-budismo, os monumentos sagrados e acompanhava a esposa. Certa vez ela precisou trabalhar um mês em um laboratório em Kyoto e, nos tempos vagos e andanças pela cidade, Roberto encontrou lojas especializadas em papéis: de seda em coloridos especiais como os dourados, com texturas e ranhuras, cortados geometricamente para origamis. Passava as tardes por ali, experimentando ideias para, no retorno ao seu país, voltar a criar colagens.
Assim, surgiu uma nova série nos anos 1990, com motivos semelhantes aos de vinte anos antes, mas utilizando papéis japoneses e não mais suíços. A amizade com Mary Vieira sempre foi constante e Roberto a presenteou com algumas dessas novas colagens. Mary se casara com Carlo Belloli, crítico de arte e galerista em Milão que quando viu o trabalho, quis realizar uma exposição em sua galeria. A mostra aconteceu em 2000. Depois disso, as colagens não mais foram apresentadas ao público até a presente data.
Reunimos aqui 30 colagens dos dois tempos, 1970 e 1990. Guardadas com o primor dos princípios norteadores da conservação de obras de arte, os exemplares da produção foram acondicionados em mapotecas e chegaram até aqui intactos. Ainda inéditos no Brasil, expomos agora estes lindos trabalhos de papeis de seda e papeis de origami colados sobre cartão.
Inspirado na obra do pai, foi a partir dos desenhos de bichos de Roberto que Marcos Scorzelli, designer e artista, criou em 2017, a sua série de esculturas em chapas de aço representando animais brasileiros. Seguindo a premissa de somente dobrar as chapas, sem cortes nem colas ou soldas, o escultor desenvolveu uma técnica genial, com resultado colorido, lúdico e de uma beleza que encanta a todos que entram na galeria e percebem a originalidade do trabalho. Expusemos os Bichos em 2018 e, depois disso, ele seguiu trabalhando com o mesmo conceito em uma série floral, com vários espécimes da nossa flora, sobretudo a nordestina e do cerrado. Expusemos essas novas peças em 2022 e agora trazemos 30 exemplares de ambas as séries para complementar, na tridimensionalidade do espaço na galeria, as obras na parede de seu pai Roberto.
O diálogo entre os conjuntos escultóricos e das colagens é evidente. Geométrico, colorido, impactante. A exposição fica na Galeria Evandro Carneiro de 03 a 24 de maio de 2025.
Laura Olivieri Carneiro.
Serviço: Exposição Colagens, de Roberto Scorzelli e Exposição Esculturas, de Marcos Scorzelli
Galeria Evandro Carneiro Arte: Rua Marquês de São Vicente, 124 (Shopping Gávea Trade Center). Salas 108 e 109.
Abertura: 3 de maio, sábado
De 3 a 24 de maio.
Visitação: de segunda a sábado, das 10h às 19h.
Telefone: (21) 2227.6894
Estacionamento coberto no local.
Site: http://www.evandrocarneiroarte.com.br/
Instagram: @galeriaevandrocarneiro