Entrevista: Phil Miler, ator

Entrevista: Phil Miler, ator

1.  Como tem sido a experiência de interpretar um personagem tão carismático como Goma Behr? 

Tem sido uma experiência maravilhosa. Goma Behr me possibilitou pesquisas e descobertas muito enriquecedoras, desde o sotaque até a cultura suíça. Mergulhei fundo neste universo para chegar a um personagem que pudesse representar a essência do povo suíço, através das aventuras do Goma Behr.

2.  O Goma tem um lado quase infantil e emocionalmente intenso. Como você se preparou para trazer essa característica para a tela? 

Eu me preparei me concentrando nas reações que observava do meu filho Nicholas, quando tinha entre 5 e 6 anos de idade. Eu ficava deslumbrado ao ver que ele era “puro coração”, reagia sempre de forma genuína e “sem filtros” a tudo o que acontecia a sua volta. Quando eu contava histórias de ninar, ele interagia verdadeiramente com cada personagem. Usei muito do que aprendi com ele para compor o Goma Behr.

3.  Os doces mágicos do Goma influenciam as emoções das pessoas. Se pudesse escolher um “doce mágico” para a vida real, qual seria e por quê? 

Ah! Acho que eu escolheria a pipoca Pop Tick, que faz todos voltarem a ser crianças. Nada melhor que isso.

4. O personagem tem muitas relações na trama, desde seu ajudante até suas paixões. Qual dessas interações foi mais desafiadora para você construir? 

Acho que a mais desafiadora foi a relação com o meu ajudante. Porque, embora seja um grande prazer trabalhar com o Henrique Sganzerla, que vive o papel do Thomas, ambos precisamos nos policiar para manter o frescor das cenas e sempre trazer surpresas, sem cair em repetições de comportamento. Em cada cena, trabalhamos juntos para isso.

5. Como tem sido trabalhar em uma novela voltada para o público infantil? 

Tem sido um verdadeiro presente. O carinho dos fãs que encontro na rua, torna tudo ainda mais especial e gratificante. Várias crianças e adultos vem me abordar, pedir para tirar fotos e para falar com elesusando o sotaque do Goma. É muito divertido. Muito terno.

6.  Você mencionou que o clima nos bastidores de “A Caverna Encantada” é ótimo. Existe alguma história divertida que possa compartilhar? 

Ah! Tem muitas. Nos divertimos muito juntos. Já fizemos churrascos, tem gente que leva bolos e, recentemente, eu ofereci sushis feitos por mim para parte da produção e elenco da novela. Foi uma festa. Tive até o prazer de ensinar algumas crianças do elenco a comer com hashis.

7. Como foi o desafio de interpretar um personagem tão diferente em “Americana”, como Thommybug? 

Ah! Tommybug foi um desafio bem diferente. Este personagem vive em um universo muito diatinto do Goma Behr. O Thommybug vive um momento histórico que lhe causa muita tristeza e desgosto. É um personagem torturado, que vive seus dias na Terra sob a sombra da derrota e a vivência em um novo mundo que lhe é estranho, e ao qual sente não pertencer.

8.   Você passou por um treinamento para reproduzir a embriaguez de Thommybug. Como foi essa experiência e qual foi a reação da equipe ao seu desempenho? 

Eu recorri ao Marcio Mehiel, um preparador de atores, para poder viver a eterna enbriaguez de Tommybug, sem recorrer ao álcool para conseguir todo o realismo que pretendia. Eu ficava fazendo vários minutos de exercícios de respiração antes das cenas para conseguir o efeito desejado. Foi um desafio, mas também, muito gratificante. Houve interações engraçadas em que uma moça que havia entrado no meio do projeto, se recusou a instalar o meu microfone de lapela. Ela disse à sua chefe: “Eu não vou chegar perto desse cara não! Olha lá! Ele está bêbado! Como deixaram esse cara entrar aqui assim?”. Houve também um figurante que se preocupou comigo e chamou a atenção dos produtores falando: “Alguém precisa ajudar este senhor, ele não parece estar bem.” Eu ficava feliz ao saber, pois tinha certeza que os exercícios que praticava estavam funcionando.

9.   Em “Arcanjo Renegado” e “Passaporte para a Liberdade”, você interpretou personagens intensos e ligados a temas pesados. Como foi esse processo? 

Foram ambos muito interessantes. Ambos mexeram muito comigo, porque o “mundo cênico” criado pelo Jayme Monjardin e pelo Heitor Dhalia eram muito convincentes. Facilitava muito o trabalho do ator, mas também me deixava muito “mexido” no fim do dia, principalmente o Passaporte Para A Liberdade. 

10.   Você atuou em produções como “Brooklyn 99”, “Rio” e “Saga Crepúsculo”. Como foi essa experiência em Hollywood? 

Trabalhar em Hollywood e no Brasil é sempre muito parecido. A diferencia é a “temperatura da equipe”. O brasileiro é mais “quente”, amoroso e o americano é sempre um pouco mais formal. Como sou brasileiro e americano, conheço bem as duas culturas e trânsito bem nos dois universos.

11.  Em “Millennial Mafia”, você filmou em uma locação icônica de “Pulp Fiction”. Como foi estar no mesmo cenário de um clássico do cinema? 

Foi muito divertido. Foi uma homenagem velada à obra prima do Tarantino, com direito ao pé no pescoço e arma apontada pra cabeça, no chão da loja. E melhor ainda, ouvir as histórias do dono da loja, sobre os bastidores da filmagem do Tarantino. Vou revelar um dos segredos: atentem para o tom de pele dos braços que pegam a espada de samurai da parede da loja. Não são do Bruce Willis, porque ele estava irritado no dia, foi embora antes de filmar a cena e precisaram usar alguém da produção pra isso.

12. Você trabalha tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Como você equilibra essas duas carreiras e mercados tão diferentes? 

Eu já estou acostumado a viver nesta “ponte aérea”. O pessoal de Los Angeles tem um ritmo diferente do Brasil. Quando chego na cidade, é como se virasse uma chavinha e passo a operar da forma que fazemos lá. O mesmo acontece aqui.

13. Além de atuar, você também trabalha com dublagem e áudio descrição. O que mais te fascina nesse universo? 

O mais fascinante da dublagem é poder viver personagens completamente diferentes do meu biotipo em vários projetos. Na audiodescrição, existe sempre o desafio de conseguir descrever toda a ação das cenas de forma inteligível para os deficientes visuais. É bastante intenso.

14.  Você cresceu na Califórnia e voltou para o Brasil ainda jovem. Como essa vivência multicultural influenciou sua carreira? 

Essa vivência me trouxe uns “anticorpos”. Me fez conseguir me adaptar mais rápido a ambientes diferentes e ter mais jogo de cintura para encarar diferenças culturais.

15. Algum projeto futuro que possa nos adiantar? 

Fui convidado para um longa metragem de ação que será filmado nos EUA agora, em 2025. O roteiro ainda está em desenvolvimento, mas, pelo que li dos primeiros tratamentos, vou ter que perder certa quantidade de peso pra fazer o papel.

16.  Para quem quer seguir uma carreira internacional como ator, que conselho você daria?

O conselho que posso dar é de sempre tentar entender bem como funciona a cultura de cada país onde vai trabalhar e se adaptar às regras do jogo de cada local.

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