Espetáculo “Àwọn Irúgbin” estreia Ocupação Espaço O Poste

Espetáculo “Àwọn Irúgbin” estreia Ocupação Espaço O Poste

Em cartaz até 31/05, a peça teatral tem a produção e a encenação por jovens do núcleo de pesquisa “O Postinho”, com toda a temporada no próprio espaço cultural, no centro do Recife, e a entrada custando R$ 15 e R$ 30

A “Ocupação Espaço O Poste” estreia suas atividades artístico-culturais no ano de 2025 com a realização do espetáculo teatral “Àwọn Irúgbin” (significa sementes, na língua africana yorubá, falada principalmente na Nigéria). São oito apresentações na temporada durante todo o mês de maio, sempre com as sessões às 19h das sextas-feiras e sábados, no Espaço O Poste (Rua do Riachuelo, nº 641, bairro da Boa Vista, centro do Recife). As datas são 09 e 10; 16 e 17; 23 e 24; 30 e 31/05). A entrada por dia custa R$15 (meia) | R$30 (inteira), antecipadamente na internet (bit.ly/4k6xGbO).

Conheça o perfil @oposteoficial https://bit.ly/3YesgCT

Àwọn Irúgbin é fruto da “Residência O Postinho”, uma semente plantada há mais de dois anos, entre outras do O Poste Soluções Luminosas, grupo e espaço de teatro por artistas da cultura preta, em atividade desde 2004, com raízes na ancestralidade, comunidade afroindígena e terreiro de matriz africana. Inclusive, esta “Ocupação Espaço O Poste” tem o incentivo público do programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023 – Espaços Artísticos.

Com produção do núcleo de pesquisa “O Postinho”, para crianças e jovens, e direção geral do pernambucano Samuel Santos, a peça autoral “Àwọn Irúgbin” é encenada por Cecília Chá, Larissa Lira, Sthe Vieira e Thallis Ítalo (elenco). Ela começa acompanhando a história de uma jovem negra que encontra uma Iriti (esperança), e vai em busca de ser ouvida em um mundo que a silencia, descobrindo as referências ancestrais que a fazem falar e não ser mais silenciada.

“O espetáculo reúne cenas que interpretam personagens e vivências da negritude em diversos contextos, tocando em pontos como as noites dos bailes charmes, transformação social, identidade racial e visibilidade da mulher negra, com a operação de som e de luz ao vivo, realizada pelo próprio elenco. As histórias se entrelaçam simbolizando ‘sementes ancestrais’ trazidas no corpo negro. É por isso que o núcleo de pesquisa ‘O Postinho’ surge da necessidade de o grupo ‘O Poste Soluções Luminosas’ formar e oportunizar jovens negros e a periferia da Região Metropolitana do Recife, por meio da sua pesquisa ‘O corpo ancestral dentro da cena contemporânea’ e das diversas vivências”, acrescenta Samuel.

“Àwọn Irúgbin” também fala da história de uma jovem indígena em retomada, que busca seu lugar no mundo, vivendo numa sociedade que apaga sua existência. Durante a jornada, ela compreende que tudo isso é fruto das suas avós indígenas. Há também outra jovem, que traz para a cena as histórias atravessadas pelas energias das mulheres da própria família, exaltando a sabedoria das mais velhas. O espetáculo conclui com um jovem na procura de compreender a cor de sua própria pele e a ancestralidade que carrega, chegando a resposta ao encontrar o caminho das águas.

“O espetáculo tem dramaturgias próprias, vivências e memórias de jovens artistas em residência artística. Cada cena da peça brota da própria vida e da ancestralidade negra. Ela une escrevivências, identidade e força ancestral em cenas”, complementa Samuel Santos, à frente também da preparação performer ancestral e da dramaturgia.

Vale destacar que durante dois anos seis jovens negros/as da Região Metropolitana do Recife vivenciaram uma residência artística no espaço “O Poste”. No local, receberam formação em preparação para a atividade de ator, atriz, voz, corpo, danças afrodiásporicas, história do teatro negro, dramaturgia a partir das escrevivências, formulação de projetos culturais, economia criativa e letramento étnico-racial, com base em referências negras que contribuíram e continuam a colaborar para as práticas antirracistas.

Também na ficha técnica do espetáculo estão Naná Sodré (preparação corpo ancestral, voz e escrita criativa); Agrinez Melo (preparação poética matricial dos orixás e encantados e coordenação/criação dos figurinos); Darana Nagô (preparação danças diaspóricas); Jeff Vitorino e Matheus Amador (história – teatro negro-africano e performance Bantu); Dudu Silva (fotografias); Daniel Lima (assessoria de imprensa). A produção geral é do O Poste Soluções Luminosas, e a iluminação é assinada pelo próprio elenco.

Entre as atividades da Escola O Poste de Antropologia Teatral estão “Tradições da Mata: Cavalo Marinho e Maracatu de Baque Solto na construção do ator”, com Andala Quituche; “O Corpo Ancestral – Práticas de Treinamento Ancestral do grupo O Poste Soluções Luminosas” e “Voz Criativa”, da autoria de Naná Sodré; “Tradição indígena como preparação para o corpo do ator”, com Iara Campos; “Poética Matricial dos Orixás e Encantados” e “A criação do figurino e acessibilidade em perspectiva acessível de retomada”, ambas da autoria de Agrinez Melo; “O Performer Ancestral” e “Dramaturgia”, com Samuel Santos; “Capoeira no jogo do ator”, assinada por Gaby Conde

Escrevivência


As dramaturgias escritas pelos jovens em “Àwọn Irúgbin” surgem a partir do conceito de “Escrevivência”, da escritora Conceição Evaristo, interseccionando com os conceitos de Tempo Espiralar e Encruzilhada, da pós-doutora Leda Maria Martins. Pretende-se, por meio dos textos, trazer  o público para as encruzilhadas que compõem as culturas negras, pois “é preciso a imagem para recuperar a identidade” (Beatriz Nascimento).  

“As dramaturgias criam lugares de protagonismo para jovens negros e indígenas. São cenas, histórias e interpretações de jovens que evocam, através desse corpo-tela espiralar, as suas origens ancestrais, onde passado, presente e futuro se fundem; começo, presente e futuro são presentificados em ‘in-corpo-ações’, como nos terreiros de matrizes africanas e indígenas”, pontua Samuel Santos.

Ocupação Espaço O Poste – espetáculo teatral “Àwọn Irúgbin”

Datas: 09 e 10; 16 e 17; 23 e 24; 30 e 31/05; sempre às sextas-feiras e aos sábados do mês de maio

Local: Espaço O Poste (rua do Riachuelo, nº 641, bairro da Boa Vista, centro do Recife) – todas as apresentações

Horário: 19h (mesmo horário para as apresentações)

Entrada: R$ 15 (meia) e R$ 30 (inteira) – bit.ly/4k6xGbO

Ficha técnica

Preparação corpo ancestral, voz e escrita criativa: Naná Sodré
Preparação Poética Matricial dos Orixás e Encantados e coordenação/criação dos figurinos: Agrinez Melo
Preparação performer ancestral, dramaturgia: Samuel Santos
Preparação danças diaspóricas: Darana Nagô
História (teatro negro-africano e performance Bantu): Jeff Vitorino e Matheus Amador
Fotografias: Dudu Silva
Iluminação: O elenco
Direção geral: Samuel Santos
Elenco: Cecilia Chá, Larissa Lira, Sthe Vieira e Thallis Ítalo
Produção: núcleo O Postinho
Produção geral: O Poste Soluções Luminosas
Assessoria de imprensa: Daniel Lima
Incentivo público: edital da Funarte de Apoio a Ações Continuadas 2023 – Espaços Artísticos.

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