Entrevista: Rodrigo Dib, especialista em carreiras

1. Por que a mensagem de que o sucesso imediato é uma “fake news” é tão urgente para os jovens de hoje?
Porque vivemos na era da superexposição digital, onde se vende a ideia de que sucesso é sinônimo de velocidade. Isso gera frustração, comparação tóxica e ansiedade. A verdade é que o sucesso real exige processo, consistência e tempo — e é essa desconstrução que o livro propõe de forma direta e prática.
2. O que te motivou a transformar sua trajetória em uma obra literária agora? Houve um ponto de virada?
Sim. Após 25 anos liderando organizações voltadas à educação, empregabilidade e juventude, percebi um padrão: muitos jovens estavam se perdendo entre expectativa e realidade. O ponto de virada foi ver talentos em potencial incríveis desistindo cedo demais de trajetórias que poderiam ser brilhantes a longo prazo, por acreditarem que não estavam “no tempo certo”. Decidi escrever para mostrar que o tempo certo é construído, não herdado.
3. Como foi o processo de organizar essas vivências em 14 pontos de discussão? Houve algum critério?
Sim. Cada capítulo representa um obstáculo ou dilema comum que ouvi de milhares de jovens e gestores. A estrutura é lógica e sequencial: começa desmistificando o sucesso, passa por temas como propósito, vocação, saúde mental, e termina com atitudes práticas para se manter em movimento. É quase um roteiro de carreira com base real.
4. Como surgiu o convite para Luiza Helena Trajano escrever o prefácio?
Luiza sempre foi uma referência para mim — não só como empreendedora, mas como alguém que construiu tudo com trabalho, coragem e valores. A conheci anos e anos atrás, sempre em trabalhos voltados para a juventude. Em muitos trabalhamos juntos, sempre em prol de gerar boas oportunidades para a juventude. Quando finalizei o livro, vi que ela era a pessoa ideal para endossar essa mensagem. Enviei o original e ela aceitou com generosidade e entusiasmo. Foi simbólico demais para mim, um verdadeiro presente em minha trajetória.
5. O que significa o “desapego das orientações vocacionais”? Como aplicar isso na prática?
Significa parar de buscar uma única resposta pronta sobre o que “você nasceu para ser”. A vocação não é uma linha reta, é uma construção feita de tentativas, erros e adaptações. Na prática, o jovem precisa agir, experimentar, trabalhar — e só assim entender suas forças. A clareza vem do movimento, não da reflexão isolada. A gente muda o tempo todo, não pode achar que o que fazia sentido ontem com certeza fará sentido amanha.
6. Quanto sua atuação no CIEE influenciou ou inspirou o livro?
Bastante mas, o livro é reflexo da somatória de experiências que vivi em toda minha carreira. Desde o Instituto Ayrton Senna, em que olhava para a base da educação pública, passando pelo PROA, em que mergulhei na formação de jovens para o mundo do trabalho, culminando com o CIEE, que é um dos maiores integradores do país entre empresas e jovens. Convivo diariamente com os dois lados da moeda: jovens buscando oportunidades e empresas buscando talentos. Essa intermediação constante moldou boa parte do conteúdo do livro.
7. Como manter os “pés no chão” sem perder a capacidade de sonhar alto?
Com planejamento e consciência. Sonhar alto é fundamental — mas é preciso executar com disciplina, fazer escolhas, lidar com frustrações e ajustar rotas. O livro defende a ideia de “sonhar grande com os pés sujos de barro”, ou seja, construir com realidade, sem perder o brilho no olhar.
8. O que os leitores podem esperar do evento de lançamento na Livraria da Vila? Alguma surpresa?
Papos inspiradores com grandes lideres como Diego Barreto, CEO do ifood, Rogerio Barreira, presidente do McDonalds e a propria presença inspiradora da Luiza Helena Trajano.
9. Há planos para novos livros ou desdobramentos dessa obra?
Sim. Esse é só o começo. Já estão prontas uma série de palestras temáticas por capítulo, parcerias com escolas e ONGs, e conteúdos digitais para aprofundar as ideias do livro. Em breve, também, vem novidade para a televisão e redes sociais.