Entrevista Reveladora: Bruno Paes Manso Denuncia Violência Policial e Milícias no Brasil
Em uma entrevista exclusiva, realizada nesta terça-feira (31/10), Marcelo Tas conduziu uma conversa esclarecedora com Bruno Paes Manso, jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP). O autor de diversos livros sobre as facções criminosas no Brasil trouxe à tona questões cruciais relacionadas à violência policial, às milícias e ao Primeiro Comando da Capital (PCC). O programa, transmitido pela TV Cultura às 22h, deixou os espectadores atentos à situação do país.
Manso destacou, durante a entrevista, que a violência policial é um sério problema no Brasil. Segundo ele, “uma polícia violenta é a semente das milícias, porque muitos homicídios praticados pela polícia são sintomas de descontrole da polícia, e quando a polícia tem carta branca para matar, ela passa a ganhar dinheiro com isso”. A relação entre violência policial e o surgimento de milícias é alarmante, e Manso explicou que isso ocorre por meio de atividades ilícitas como tráfico de drogas, roubo de carros e outras práticas criminosas. Ele descreveu como a polícia, quando perde o controle, transforma-se em grupos criminosos que atuam nos estados.
O pesquisador também discutiu o impacto do Primeiro Comando da Capital (PCC) na cena criminal do Brasil. Segundo ele, o PCC transformou a paisagem criminosa do país, levando à disseminação de gangues prisionais em todo o território nacional. Manso revelou que “hoje a gente tem mais de 50 gangues prisionais que passaram a disputar mercado em outros estados”. Ao ser questionado se essas gangues funcionam como franquias, ele explicou que são “modelos de negócios locais” e que operam nas prisões, que se tornaram “escritórios e faculdades” para o crime.
A entrevista também abordou a ética envolvida nas conversas com criminosos. Tas questionou Manso sobre o perigo de interagir com indivíduos perigosos no podcast “A República das Milícias”. Manso admitiu que, a princípio, isso lhe causava medo, mas que sempre era introduzido por pessoas de confiança. Ele compartilhou um momento ético e angustiante em que um assassino confessou que cometeria um homicídio em breve. Mesmo sentindo o dever ético de informar a polícia, Manso não pôde fazê-lo e desejou boa sorte ao criminoso. Isso levantou questões sobre a complexidade das histórias por trás dessas ações.
Bruno Paes Manso é um jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, doutor em Ciências Políticas pela USP e autor de diversos livros notáveis sobre a atuação das facções criminosas no Brasil. Seus trabalhos incluem “A Guerra: a Ascensão do PCC e o Mundo do Crime no Brasil” (2018), escrito em parceria com Camila Nunes Dias; “A República das Milícias: dos Esquadrões da Morte à Era Bolsonaro” (2020) e, seu terceiro e mais recente livro, “A Fé e o Fuzil: Crime e Religião no Brasil do Século XXI” (2023).
Essa entrevista reveladora com Bruno Paes Manso destacou as questões cruciais que envolvem a violência policial, as milícias e a ascensão das facções criminosas no Brasil. Sua pesquisa e experiência são fundamentais para entender as complexidades do crime no país e as transformações que ocorreram ao longo dos anos.
Fique ligado para mais informações e análises sobre essa importante entrevista, que lança luz sobre um dos problemas mais críticos que o Brasil enfrenta hoje.