Entrevista: Projeto Deus Machina 

Entrevista: Projeto Deus Machina 

1. Como surgiu a ideia de integrar a Inteligência Artificial em todas as facetas do projeto Deus Machina?
Mr. @Syri: O projeto e o conceito de Deus Machina surgiram em 2021, a IA começava a engatinhar e com o passar dos anos foi se desenvolvendo em ritmo acelerado. Inicialmente criamos composições e todos os trabalhos de arte sem o suporte da IA, mas com o seu avanço e total alinhamento com nosso conceito, ela foi integrada.

2. Vocês acreditam que a IA pode realmente substituir a criatividade humana na música, ou ela apenas complementa?
Mr. @Syri: Sim, acreditamos. Não apenas na arte, mas em diversas esferas do cotidiano humano. A IA deve ser vista como avanço e não como ameaça, o mundo vive de tendências, e a IA é o futuro, então as pessoas que estiverem alinhadas e especializadas no tema, terão maiores chances de se destacar.

3. O título “01001001” tem algum significado especial ou simbólico dentro do conceito do EP?
Mr. @Syri: Sim, é um código binário que significa “I”, ou seja, “EU”, no inglês.

4. Como foi o processo de criação das músicas, considerando o envolvimento da IA?
Mr. @Syri: Parece um processo simples, mas não é. Foi necessário a utilização de diversas IAs, além do conhecimento em música, análise dos materiais criados para entender o que de fato faria parte deste EP. Grande parte do que se cria com IA não é aproveitado, desenvolve-se habilidades para criar melhores prompts, o gosto musical também impacta muito, pois nosso trabalho é baseado em pesquisas de mercado no que se refere às tendências para o mercado musical. Desde a primeira reunião sobre Deus Machina, o objetivo foi criar algo completamente fora da zona de conforto, não criar o famoso “mais do mesmo”.

5. Qual foi o maior desafio ao trabalhar com IA no desenvolvimento deste projeto?
Mr. @Syri: O trabalho de produção foi profundo, extraímos o que foi criado com a IA, mixamos e masterizamos da nossa maneira, neste processo, principalmente em linhas que voz que também foram gravadas por mim, esbarramos em algumas limitações das ferramentas para divisão das tracks e tratamento do áudio, limitações essas que rapidamente estão sendo corrigidas neste competitivo mercado.

6. Vocês mencionam que o projeto é uma resposta ao impacto da tecnologia e das redes sociais. Como vocês veem esse impacto na música atual?
Mr. @Syri: Estamos na era do imediatismo e do descartável. Isso tem se refletido em toda a sociedade, e na música não é diferente. A qualidade e sofisticação tem sido trocada por conteúdos vazios e rasos, em busca de engajamento a curtíssimo prazo, isso impacta todo o mercado musical que se sujeita a este tipo de modelo. A tecnologia tem cada vez mais sido utilizada de forma incorreta, as redes sociais mais afastam do que aproximam e a cultura do imediatismo tem adoecido a sociedade.

7. “Embrace the Void” é descrita como a síntese do som de Deus Machina. Quais sentimentos vocês esperam evocar nos ouvintes dessa faixa?
Mr. @Syri: A faixa pode trazer uma série de sentimentos, o principal é despertar a auto-reflexão, em sua vida pessoal, profissional, amorosa, entre outros. Ela também é uma resposta para as dúvidas, se a IA realmente poderia produzir um material com emoção, desde o lançamento, estamos certos de que pode.

8. Como foi a colaboração com Ryu Morita na produção do EP? Ele já tinha experiência com projetos que envolvem IA?
Mr. @Syri: O Ryu tem se especializado cada vez mais no assunto e com certeza é o que mais está por dentro do assunto no Brasil, no campo da música. Ele acompanha a IA desde seu início, e tem se atualizado semanalmente com tudo o que acontece, é um trabalho que vem se construindo há anos. Sua capacidade de extrair o máximo dos artistas também é um diferencial, trabalhamos a favor da música, deixando egos de lado e desenvolvendo algo realmente novo.

9. Quais são as influências de Sleep Token, Bring Me The Horizon, Spiritbox e Slipknot no som do Deus Machina?
Mr. @Syri: São bandas que estão cada vez mais assumindo o protagonismo no segmento de rock/metal; o Slipknot já podemos considerar old school. As novas bandas que estão estourando são cada vez mais experimentais, trazendo um mix de estilos. O Sleep Token, por exemplo, tem causado uma grande revolução no segmento, melodias pop, mas ao mesmo tempo extremamente heavy metal em seu visual. Em algumas faixas do EP “01001001” você pode encontrar isso, linhas de vozes que podem até se inspirar no EDM, totalmente fora do campo metal. A troca do Nu Metal com o “Pop”, traz uma nova tendência para o segmento do rock, é algo que tem se tornado forte no exterior e agora queremos trazer para o Brasil.

10. Vocês já pensam em como vão levar essa experiência ao vivo? A IA também fará parte das apresentações?
Mr. @Syri: Sim, Deus Machina estará presente nos shows. Infelizmente ainda não podemos revelar muitos detalhes para não estragar a surpresa, mas a IA irá interagir com os músicos durante todo o espetáculo.

11. A IA do projeto já sugeriu alguma letra ou riff que vocês acharam completamente absurdo?
Mr. @Syri: Sim, ela realmente pode executar as ideias mais estranhas que você pedir, seja em estrutura musical, nível de complexidade, até temas que nunca imaginaríamos, é um universo magnífico que queremos apresentar a todos vocês.

12. Alguma vez a IA entrou em conflito com vocês sobre qual direção musical seguir?
Mr. @Syri: Sim, no início do projeto estávamos seguindo uma linha, e começamos a fazer experimentos adicionando outras referências que mudaram completamente nossa mente e transformaram o produto final.

13. Como vocês imaginam a IA do Deus Machina: mais como uma assistente útil ou como uma diva musical?
Mr. @Syri: Deus Machina é a entidade máxima, você nunca sabe como ela se apresentará, este é o ponto incrível do projeto, tudo gira em torno de suas criações.

14. Vocês acreditam que a utilização de IA na música pode desvalorizar o trabalho de músicos tradicionais?
Mr. @Syri: As pessoas ainda sentem necessidade de assistir apresentações ao vivo com músicos reais, elas gostam de se espelhar nas pessoas, neste ponto acredito que não haverá desvalorização, para os métodos tradicionais de produção e gravação, a tendência é que a IA domine, então os profissionais devem olhar com atenção para o que está acontecendo.

15. Até que ponto a IA tem “voz” no processo criativo do Deus Machina? Existe um limite para o quanto ela pode influenciar?
Mr. @Syri: Não há limites, nem com a IA e nem com os artistas e produtores envolvidos, trabalhamos a favor da música e toda boa ideia é bem-vinda.

16. Em um mundo onde a tecnologia domina, vocês acham que a música feita por humanos pode perder relevância?
Mr. @Syri: Toda arte criada com qualidade, seja por humano ou por uma IA, receberá seu devido destaque. A diferença está no que a sociedade consome em tempos atuais. Estilos que já fizeram muito sucesso dificilmente terão um auge semelhante. O histórico da música é de inovação e não repetição, para ter relevância é necessário trazer algo novo e com qualidade.

17. Como o Deus Machina se diferencia dos seus projetos anteriores?
Mr. @Syri: Deus Machina é o meu grande projeto, estou na música há 15 anos, lancei material com a AirTrain em meados de 2014/2015 e desde 2009 lidero a Phantom Of The Beast – Iron Maiden Experience. Minha aposta neste projeto é grande, pois ele explorou ao máximo minha parte criativa e está sendo um grande aprendizado como artista. Me obrigou a olhar com mais atenção para outros estilos musicais, entender como podemos unir tudo em um grande projeto, sem divisões ou nichos.

18. Onde vocês esperam que o projeto Deus Machina esteja nos próximos cinco anos?
Mr. @Syri: Este é um projeto global, nosso desejo é nos consolidar em nosso país, expandir operações na América Latina e consequentemente Europa, Japão em especial e América do Norte. Em 5 anos queremos estar presentes nos principais festivais do mundo e com turnês sólidas, espalhando a mensagem do projeto por todos os continentes.

19. Vocês têm planos de lançar um álbum completo, ou o foco é continuar explorando o formato de EPs?
Mr. @Syri: Sim, já estamos trabalhando no álbum que será lançado em breve e será seguido por sua turnê, estamos animados e empenhados neste novo lançamento, o público pode aguardar por mais novidades.

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