Entrevista: Marcelo Stefanovicz, designer

1. Marcelo, pode nos contar o que o inspirou a criar essa série “Rabiscos e Sombras”? Quais foram as principais influências por trás dela? 
Sempre acreditei que a perfeição é uma busca vazia, e é nas imperfeições e aleatoriedades da vida que encontramos a verdadeira essência do significado.
 
2. No texto curatorial, mencionam a ideia de “impregnação” em sua obra. Como você explora a conexão entre objetos banais e sentimentos íntimos em seu trabalho?
 
objetos cotidianos sao símbolos que transcendem sua aparência superficial, pense num sapato, numa chave…
 
3. A nova série parece explorar a dimensão do “caos cumulativo de linhas”. Pode compartilhar mais sobre como esse caos se transforma em expressão artística? 
Isso é um reflexo do caos e da ordem que coexistem em nossa experiência.  Cada linha é como um fragmento de dados, e sua acumulação cria um retrato abstrato da nossa realidade multifacetada.
 
4. As esculturas em aço retorcido ganham vida com a luz e a sombra. Como você aborda o aspecto da iluminação em sua arte? Qual o impacto dessa iluminação nas peças? 
A luz e a sombra se tornam como personagens coadjuvantes, revelando e ocultando detalhes, conferindo profundidade e dimensão às peças.
 
5. Seu estilo caligráfico é uma característica marcante em seu trabalho. Como você vê a relação entre sua caligrafia e as esculturas em aço? Existe uma conexão mais profunda entre esses elementos?
 
Como descreveu Heidegger as rasuras podem representar um veículo para significados que estão além das palavras, convidando o observador a refletir sobre a constante negociação entre estes signos.
 
6. O conceito de “rasura” parece ser fundamental em sua exposição. Pode explicar como isso se relaciona com a criação artística e o significado por trás dele?
 
 A “rasura” não é apenas um ato de apagar ou corrigir, mas um gesto que revela a ambiguidade inerente na expressão. É uma celebração da incerteza e da eterna busca por transcender as limitações da linguagem e da forma.  
 
7. Sabemos que essa exposição é uma colaboração com Herança Cultural. Como essa parceria afetou o desenvolvimento da série “Rabiscos e Sombras”? 

Fomos rápidos e seguros e isso levou à série o ritmo e firmeza necessários para que os rabiscos acontecessem de forma espontânea, ganhando vida, uma a uma. E além disso o espaço, pensar em algo é pensar em algo no espaço, é dar dar contorno a imagem. O conjunto, a quantidade de peças só é presente pela ação da Herança de propor este espaço expositivo. 
 
8. Marcelo, se você pudesse escolher um objeto banal do dia a dia que mais te inspira, qual seria?
Me sentiria totalmente preso nesse objeto, se algum dia eu o escolher quebro no instante. 
 
9. Se suas esculturas tivessem vida, qual música você acha que elas gostariam de ouvir?
Provavelmente algo entre Pietr Domistvisky, Dwarf McDougal e Chico Buarque.
 
10. Em um mundo onde suas esculturas pudessem se comunicar, qual mensagem você acredita que elas transmitiriam aos espectadores?
Nesse sentido talvez  gritassem coisas ininteligíveis, mas acredito que elas já se comunicam em forma de energias irracionais, explosões catárticas de angústia existencial e um diário cumulativo de preocupações frenéticas, uma orquestração de regras pessoais previamente não codificadas, delineando um híbrido de ordem dentro do caos aparente. 
 
11. Algumas pessoas consideram a arte contemporânea como algo difícil de entender. Como você responderia às críticas de que sua obra pode parecer complexa demais para o público em geral? 
Há complexidade na arte contemporânea assim como no design de coleção, isso muitas vezes surge de uma busca por novas formas de expressão, desafios à tradição e exploração de conceitos abstratos. Mas isso não deve ser um obstáculo e sim um convite à descoberta. Tente se imaginar criança e busque o simples que sempre habita o complexo. As coisas são mais fáceis de entender quando não buscamos respostas. 
 
12. A exposição “Rabiscos e Sombras” desafia as convenções tradicionais da arte. Você acredita que é importante para os artistas desafiarem o status quo? Por quê?
 
Estou seguro que se vc perguntar isso a um artista ele lhe responderá q a arte nem existe sem esse pressuposto, como designer concordo com eles, como artista eu não responderia.