- O que o inspirou a escrever “33 dias para acalmar a mente e despertar sua melhor versão”?
A minha grande inspiração foi compartilhar ferramentas práticas para redução do estresse e ansiedade.
- Como você descreveria o conceito de mindfulness para alguém que nunca ouviu falar sobre isso?
Eu gosto da definição de Thây, um grande instrutor: “Mindfulness é a capacidade que existe em cada um de nós de estar totalmente presente no que está acontecendo interiormente e a nossa volta.” O que é mais importante; esta habilidade pode ser desenvolvida.
- Quais são os principais benefícios da prática de mindfulness que você destaca no seu livro? Os principais benefícios além da redução do estresse e ansiedade é desenvolver o estado de presença. Muitas vezes nós temos atenção plena para muitas coisas e não cultivamos o estado de presença para as pessoas que mais amamos. Novamente eu cito Thây: “O presente mais precioso que você pode dar à pessoa querida é a sua verdadeira presença. Como você pode amar se você não está presente”
- De onde surgiu a ideia de criar um desafio de 33 dias? Por que esse número específico?
Os estudos de gratidão da professora Barbara Fredrickson demonstraram que se praticarmos a gratidão por trinta dias consecutivos aumentamos o nosso grau de satisfação com a vida. Este estudo me chamou a atenção e decidi acrescentar mais 10% a este número para ter uma margem de segurança. Por este motivo cheguei ao número 33.
- Como você sugere que alguém comece a integrar a prática de mindfulness em uma rotina já agitada?
Fazendo uma coisa por vez com atenção plena. O cérebro só consegue ter foco em uma atividade consciente por vez. Nós conseguimos fazer duas coisas ao mesmo tempo somente uma delas já estiver “no piloto automático” como por exemplo estudar (atividade consciente) e ouvir música ao mesmo tempo. (atividade “automática”). Quando tentamos fazer duas atividades conscientes ao mesmo tempo ficamos com atenção dividida.
- Qual prática do livro você acredita que é a mais desafiadora para os leitores e por quê?
Eu acredito que a prática do perdão é a mais desafiadora por que é algo que não pode ser forçado. É preciso praticar aos poucos, até nos sentirmos “prontos para perdoar”. Perdoar significa fazer uma escolha consciente para se libertar da dor de se apegar ao ressentimento. Apegar-se à raiva ou ao ressentimento pode gerar um estresse crônico. Quem sofre é você e não a pessoa que te causou o mal. O perdão é libertador porque ele pode te ajudar a se livrar deste ressentimento.
- Como você vê a relação entre autocontrole e redução da ansiedade através do mindfulness?
Nós podemos desenvolver o autocontrole e redução da ansiedade mindfulness através da prática da “pausa sagrada”. Se nós tivermos a habilidade de fazer uma pausa antes de tomar uma decisão impulsiva, tendemos a tomar decisões mais conscientes. Imagine respirar três vezes antes de responder uma mensagem de texto, esta “minipausa” já contribui para você não agir de forma impulsiva.
- Qual foi a parte mais difícil ao escrever este livro?
A parte mais difícil foi a prática do perdão. Eu percebi por experiência que o perdão não pode ser forçado. Como falou Dalai Lama, O perdão não significa esquecer o que aconteceu. Se algo é sério e é necessário tomar contramedidas. Isto nos faz refletir e nos lembrar que podemos criar limites saudáveis para nossos relacionamentos.
- Você mencionou que o livro inclui práticas para melhorar a saúde física e mental. Poderia dar um exemplo de como essas duas áreas estão conectadas?
Você não pode esperar despertar sua melhor versão se não cuidar de si mesmo de forma integral. É preciso cuidar do corpo e da mente ambos fazem parte de um único sistema.
- Como a prática do mindfulness pode ajudar na tomada de decisões mais conscientes?
Um hábito nada mais é do que resultado de uma ação repetida. Os hábitos são reações a situações, gravadas em nosso corpo e em nossas mentes e cada vez que são repetidos eles se fortalecem. É por este motivo que agimos de forma automática em diversas situações. Um hábito pode se referir ao que fazemos (ações), ao que pensamos(pensamentos) ou a que sentimos (emoções).
As práticas da atenção plena permitem que você pare e perceba seus impulsos antes de agir e isto é um recurso poderoso para mudança de hábitos. A habilidade de aumentar o tempo entre o estímulo e a resposta nos dá mais controle e opção de escolha.
- Se você pudesse escolher apenas um exercício de mindfulness para fazer todos os dias, qual seria?
Fazer uma atividade qualquer com atenção plena, como por exemplo alimentar-se.
- Existe alguma música que você acha que combina perfeitamente com a prática de mindfulness?
A prática de mindfulness não exige o uso de música. A música pode inclusive nos distrair durante a prática. Eu gosto muito de prestar atenção aos sons ao meu redor enquanto
pratico e isso s e torna “música para os ouvidos”.
- Você já tentou meditar enquanto comia uma pizza? Como foi a experiência?
A prática da alimentação consciente pode ser feita com qualquer alimento inclusive com a pizza. Eu já meditei enquanto comia uma pizza e a experiência foi incrível. O sabor se tornou mais intenso e comi muito menos.
- Você acredita que o mindfulness pode realmente substituir a terapia convencional para tratar a ansiedade?
Acredito que pode ser um apoio valioso para tratar a ansiedade, mas não substituir a terapia convencional. Acrescento que em alguns casos é preciso inclusive a utilização de medicação prescrita por um médico. Mindfulness não exclui as outras terapias.
- Algumas pessoas consideram o mindfulness como uma moda passageira. O que você diria para esses críticos?
Sou a favor da total liberdade de expressão. Eu gostaria que estes críticos experimentassem praticar mindfulness com regularidade para que eles pudessem avaliar o impacto sobre si mesmos. Mindfulness tem suas origens nos ensinamentos de meditação budista que é praticado há mais de dois mil anos.
- Como você responde àqueles que afirmam que o mindfulness é apenas uma forma de escapismo?
O conceito de mindfulness pressupõe lidar com a realidade como ela se apresenta, e não como gostaríamos que ela fosse. Simples assim. O conceito de escapismo não tem nada a ver com mindfulness
- Como sua carreira como instrutor de mindfulness começou?
Eu atuo há mais de 35 anos na área de desenvolvimento pessoal e iniciei meus estudos de Mindfulness como um curso de Mindful Eating ou de Alimentação consciente. Achei incrível o curso e descobri naquele momento que queria ser instrutor.
- Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao longo da sua carreira?
Ter a coragem de abordar um tema desconhecido para muitos antes que eles se tornassem moda.
19. Onde você se vê daqui a cinco anos em sua jornada de mindfulness?
A minha missão é tornar Mindfulness o mais popular possível e lançarei em breve um curso online e publicarei mais um livro sobre o tema.