Entrevista: Flor Grassi, cantora e compositora
1. Flor, seu novo EP “Novelo” será lançado em breve, e sabemos que ele celebra clássicos da música brasileira. Como foi o processo de seleção das músicas e quais foram suas maiores inspirações?
A seleção das músicas foi acontecendo muito naturalmente, algumas como “O Brasil que cai no samba” foi apresentada pra mim pelo Dan Oliveira, produtor do EP e de tudo que eu já lancei. Algumas outras como “Tela” eu participei da composição e quis incluí-la, então depende muito da música. Minhas maiores inspirações foram clássicos da MPB “classuda”, como Elis Regina e Chico Buarque que foram grandes exemplos, inclusive na hora de compor.
2. Você mencionou que morou fora do Brasil por alguns anos. Como essa experiência influenciou sua música e o que podemos esperar de “Novelo” em termos de fusão cultural?
Durante meu período fora do Brasil, eu estudei teatro musical e canto lírico e acredito que de alguma forma eu consigo trazer um pouco do lado mais lírico, incorporando um lado bem brasileiro.
3. O EP conta com a participação de músicos renomados, como Juarez Moreira e Marcos Frederico. Como foi trabalhar com esses artistas e como você acha que eles contribuíram para a essência do projeto?
Bom, trabalhar com esses grandes artistas é um prazer enorme pra mim. Não consigo expressar em palavras o que significa a participação de Juarez Moreira no meu primeiro projeto maior como cantora. Foi muito especial incluir essa geração de grandes músicos, que na maioria das vezes não são tão apreciados pela “juventude tik tok”. Além disso, eu também quis incluir grandes parceiros meus. Diogo Lucrécio, que além de meu melhor amigo também é um artista incrível que vai lançar seu EP logo mais, e Davi Leão que foi quem me inseriu nessa jornada toda e me acompanha sempre de perto, me ajudando em tudo. Creio que todos eles foram essenciais para a criação desse trabalho, por terem me ensinado muito e também por terem se aberto a me ouvir e aprender comigo. Foi uma linda troca.
4. Além das músicas, o EP também traz uma mensagem ou tema central? Se sim, qual é e como você espera que ele ressoe com o público?
Acho que o EP leva como temas centrais a brasilidade e os encontros e desencontros da vida. Espero que o público se sinta representado e se identifique com as letras. Também quero trazer esse lado visto como “antigo” para os jovens.
5. Como foi o processo criativo para o single “Dia Dourado”? Você poderia nos contar um pouco sobre a inspiração por trás dessa música e como ela se relaciona com o restante do EP?
Dia Dourado é um chorinho escrito por mim e pelos meus parceiros no Música aos Montes, com o objetivo de incorporar algo que fosse da minha infância no Brasil, algo nostálgico. Meu pai tinha uma banda de chorinho antes de eu nascer, onde ele tocava pandeiro, e na minha casa nós sempre fomos muito musicais. Quem tocou o pandeiro na música foi meu pai, Tiago Arakilian, que hoje é um grande cineasta, mas não seguiu na carreira musical.
6. Você mencionou suas influências musicais, como Elis Regina e Chico Buarque. Como esses artistas moldaram sua jornada musical e de que forma você os homenageia em “Novelo”?
Alguns dizem que não se faz mais música como antigamente. Por um lado, eu concordo. Por outro, isso só me faz querer provar o contrário. Pra mim, esses artistas fizeram grandes trabalhos de qualidade em épocas em que tudo era muito mais difícil. Eu cresci ouvindo muito MPB com meus pais e acredito que moldou sim muito da minha personalidade e sobretudo meu ouvido musical. Acredito que “Novelo” seja uma espécie de homenagem também aos grandes, que vão nos deixando cada vez mais.
7. O selo Música aos Montes desempenhou um papel fundamental na produção do EP. Como foi trabalhar com eles e como você acha que essa parceria impactou o resultado final do projeto?
Se não fosse no Música aos Montes, esse trabalho não seria tão especial. O que nós criamos lá foi um laço, todos nós nos aproximamos como família, e isso importa muito num ambiente de trabalho. Nós compomos juntos, gravamos juntos, fazemos reunião, rádio, televisão, entrevista, mas no final do dia sentamos juntos na sala pra conversar e ficamos horas, às vezes sem nem falar de trabalho. Trabalhar com pessoas que realmente acreditam em você e que te amam e querem seu bem é incrível e sendo pessoas extremamente talentosas e competentes é melhor ainda.
8. Além de cantora e compositora, você tem uma sólida formação artística, incluindo cursos no Grupo Galpão e no Grupo Corpo. De que maneira essa formação influenciou sua abordagem à música e ao palco?
Minha experiência com cursos na área das artes no geral foi o que me trouxe até aqui. Acho que eu ter tido essas oportunidades vem muito dos meus pais, que sempre quiseram me incentivar artisticamente. Com certeza abriu muitas portas e me ensinou muito como me portar no palco.
9. Sabemos que você cresceu em um ambiente artístico, com seu pai sendo diretor de cinema e músico. Como foi crescer nesse ambiente e de que forma ele influenciou sua paixão pela música?
Ter crescido nesse ambiente musical e artístico me permitiu enxergar a música como elemento básico de sobrevivência. Eu amo de paixão o meu trabalho e isso é muito interligado com a minha criação.
10. Agora que o EP está prestes a ser lançado, quais são seus planos futuros? Podemos esperar mais colaborações, turnês ou novos projetos?
Depois do lançamento do EP eu espero fazer muitos shows em lugares diferentes, e potencialmente lançar mais música no segundo semestre.