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Entrevista: Fernanda Misailidis, atriz - Marramaque

Entrevista: Fernanda Misailidis, atriz

Entrevista: Fernanda Misailidis, atriz

1. Como foi o processo de preparação para interpretar três personagens tão distintos como Hebe Camargo, Sônia Maria Dorce e uma das amantes de Assis Chateaubriand?

Foi um mergulho em mundos muito diferentes. Cada uma dessas mulheres tem uma trajetória única e marcante, então eu precisei me despir de qualquer ideia pré concebida e buscar o que há de mais humano nelas. A Hebe, por exemplo, me exigiu um trabalho de mais percepção de como ela falava, do ritmo, da maneira de se expressar, o sorriso que é muito marcante, a simpatia… Até mesmo pela presença midiática que ela tinha. A Sônia Maria Dorce, que foi uma atriz mirim muito famosa nos anos 50, me levou a um grande desafio, porque ser criança, para que não ficasse em um lugar extremamente clichê.  Já a amante do Chatô é quase um arquétipo, cheia de camadas de sedução e poder. Foi intenso — e delicioso — transitar por essas personas.

2. Qual dessas personagens foi o maior desafio para você e por quê?

Acredito que a Hebe. Justamente porque é uma personagem muito conhecida, a cena é rápida, então preciso entregar a mensagem imediatamente, e eu senti uma grande responsabilidade em dar vida a ela de forma que ficasse claro quem era, mas sem caricaturas. 

3. Você teve contato com materiais históricos ou referências específicas para construir esses papéis?

Sim! O processo foi muito documental pra mim. Pesquisei entrevistas antigas da Hebe, assisti vídeos, li sobre ela. No caso da Sônia, recorri a fotos e matérias. Já a amante do Chatô, apesar de ser uma personagem mais livre por ser fictícia, é uma representação de várias mulheres ao mesmo tempo, e também exigiu pesquisa sobre o contexto histórico, os costumes da época, a posição da mulher na sociedade daquele tempo, além de criatividade. (Risos!!!) Foi quase um trabalho investigativo.

4. Como foi trabalhar sob a direção de Tadeu Aguiar e ao lado de nomes tão consagrados do teatro e da televisão?

Tadeu é um diretor generoso e extremamente atento ao detalhe. Ele sabe exatamente onde te provocar para extrair o melhor de você. E estar ao lado de nomes que eu admiro, tanto nos palcos quanto na TV, é uma escola à parte e uma grande honra!

5. O espetáculo retrata um período marcante da imprensa brasileira. Qual a importância dessa história para o público de hoje?

É fundamental. Estamos vivendo um momento em que a informação virou um campo de batalha — e entender como a mídia se consolidou no Brasil, como ela foi usada como instrumento de poder, ajuda a gente a enxergar o presente com mais clareza. É quase um alerta histórico disfarçado de entretenimento.

6. Seu envolvimento com as artes vem de família, já que seu pai, Marcelo Misailidis, é um renomado coreógrafo. Como essa influência impactou sua carreira?

Totalmente. Eu cresci nos bastidores. Meu pai e minha mãe são bailarinos! Então foi uma explosão de arte na infância inteira. Enquanto outras crianças estavam brincando, muitas vezes nas minhas férias escolares eu estava vendo aulas de ballet, ensaios. Isso me deu uma bagagem enorme, além de um olhar muito amplo sobre o palco, e um respeito profundo por esse ofício. Meus pais sempre me ensinaram que arte é disciplina, entrega e generosidade. 

7. Você já tem experiência em teatro musical. Como essa vivência ajudou na sua atuação neste espetáculo?

Cada trabalho traz um aprendizado. Quanto mais vivência temos, mais conhecimento, bagagem, ferramentas adquirimos para nos desenvolvermos, e superarmos os obstáculos. 

8. Além do teatro, você também se dedica à música. Como concilia essas duas carreiras?

Com organização e paixão. Às vezes é puxado, não vou negar, mas a música me alimenta tanto quanto o teatro. Uma linguagem complementa a outra. E nos momentos em que estou mais focada em uma área, a outra acaba se retroalimentando também. É como se fossem dois braços do mesmo corpo.

9. O que mais te surpreendeu nos bastidores dessa produção? Alguma curiosidade dos ensaios que possa compartilhar?

O elenco é maravilhoso! E nem sempre temos a sorte de ter um elenco tão legal. Somos todos muito parceiros, e estamos dispostos a nos ajudar o tempo todo. 

Preciso mencionar também a diretora residente: Erika Affonso, que além de ser uma profissional super competente, é igualmente uma pessoa encantadora. 

Uma curiosidade é sobre a direção musical do Thalyson Rodrigues, que sempre com muito bom humor e repleto de energia, conduzia os ensaios de forma leve e divertida. Ele sempre trazia analogias e ensinamentos musicais que constantemente nos faziam refletir e aprender. 

10. O espetáculo tem uma trilha sonora elaborada e coreografias de Carlinhos de Jesus. Como foi trabalhar com esses elementos?

Um privilégio! O Carlinhos é uma figura muito importante. Ele não coreografa só o corpo, ele coreografa a intenção. E adapta tudo para os corpos de cada pessoa. E a trilha ajuda a criar a atmosfera necessária para transportar o público. Tivemos a sorte de ter um diretor musical como o Thalyson Rodrigues, que só engrandeceu ainda mais esse projeto. 

11. Qual é a sua expectativa para a estreia e para a recepção do público?

Estou ansiosa e muito emocionada. Acho que o público vai se surpreender — tanto pelo conteúdo histórico quanto pela forma poética como ele é contado. É um espetáculo inteligente, bonito e necessário.

12. O que você espera que o público leve dessa experiência ao assistir “Chatô e os Diários Associados”?

Quero que o público saia com vontade de investigar mais sobre o Brasil. Sobre a mídia, sobre o poder, sobre os bastidores da história que a gente acha que conhece. E também quero que saiam tocados, emocionados — porque no fundo, é uma peça sobre gente. Sobre pessoas reais que marcaram uma época e deixaram marcas em todos nós, mesmo que a gente não saiba. 

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