Entrevista: Fabiana Ratti, psicóloga e escritora

  1. Como a psicanálise, através dos ensinamentos de Freud e de Lacan, pode contribuir para entender e lidar com os desafios da saúde mental no ambiente de trabalho?

R: Através de interrogações frequentes no consultório, fui explicando e trabalhando os conceitos de Freud e de Lacan com aqueles que fazem análise comigo e percebendo que os conceitos não estavam acessíveis no mercado de trabalho. Assim que surgiu a ideia de publicar em livros. Um exemplo muito frequente: “Engulo muito sapo.” Então é discutido o conceito de ‘tempo lógico’, ‘laços políticos’ e ‘semblante’. Em alguns momentos, é melhor realmente guardar um pensamento ou outro para si e ouvir sem retrucar. Entretanto, se a pessoa fizer um esforço emocional e político, ela consegue achar a hora certa, o momento adequado e a forma de falar que suas palavras tenham um efeito na direção que se aproxima de seu desejo. Para tal, é necessária uma administração emocional. Senão, a pessoa pode ficar brava e retrucar, fazer de uma forma que não é interessante para o ambiente de trabalho. Ou pode ficar triste e zangada e nunca mais tocar no assunto, sentindo-se excluída. Percebe que todas essas são reações emocionais ineficazes? Que só geram medo e apatia? O livro traz conceitos para que a pessoa usufrua de uma sabedoria emocional e consiga posicionar-se melhor perante seus pares, autoridades e funcionários.  


2. No contexto atual, onde a inteligência artificial ameaça muitos empregos, como a psicanalista enxerga o papel da singularidade e da saúde emocional na preservação do espaço individual de cada indivíduo?

R: O primeiro ponto é a pessoa não ficar desesperada. Muitas vezes, apenas de falar sobre inteligência artificial e sobre o futuro, o profissional já é tomado pelo medo e isso dificulta muito a pessoa conseguir ter novas ideias para sobreviver a esse novo momento. O segundo passo é o substrato absoluto da Psicanálise: o UM da diferença radical de cada sujeito. A aposta da Psicanálise é de que cada um tem um talento ímpar. Se cada um descobre e desenvolve este talento único, ele consegue sobreviver e usufruir dos recursos da inteligência artificial. Entretanto, se a pessoa faz o que muitos fazem, esse espaço será ocupado pelas máquinas. O ideal seria pensar e trabalhar, encontrar o talento único antes da invasão da inteligência artificial. 


3. Quais são os principais conceitos abordados no segundo volume de “Café com Freud e Lacan” que podem auxiliar os profissionais a enfrentarem os dilemas do empreendedorismo?

R: São apresentados 10 pontos emocionais muito frequentes que as pessoas têm dificuldades ao ser discutido o trabalho autônomo e empreendedor: Liberdade. O ser humano realmente quer ser livre? Decidir os caminhos a seguir? Muitas vezes, as pessoas voltam correndo para empregos onde é determinado o que fazer e como, com prazos e direcionamento. Relatam um alívio em não precisar decidir. Desta forma, podemos dizer que o aparelho psíquico tem uma certa zona de conforto, uma inércia, difícil de sair. Enfrentar o vazio, muitas vezes é difícil. Precisar usar a criatividade e a iniciativa, parece simples, mas não é o que observamos na clínica.  O preço a pagar pelas escolhas, é outro ponto. Toda escolha implica em uma renúncia e algumas perdas. O aparelho psíquico tem horror a perdas, então a pessoa fica em um impasse. Não toma uma iniciativa, não dá um passo por medo do que pode perder. E assim tem dificuldade em virar a mesa. O ego, a paixão pela ignorância, as satisfações a curto, médio e longo prazo, a massificação e a frequências com que as pessoas tendem a pensar na forma de rebanho são outros pontos emocionais desenvolvidos ao longo do livro e que dificultam a criatividade, a iniciativa e a pró-atividade necessária para o trabalho autônomo e empreendedor. 


4. Como o senso comum pode influenciar negativamente a saúde mental dos trabalhadores, especialmente em um mundo onde a inovação e a reflexão são essenciais para o progresso?

R: As pessoas estão estudando mais, fazendo mais esporte, cuidando da alimentação, o que é maravilhoso. Mas para as questões emocionais ainda usam muito o senso comum com frases como: ‘tudo vai dar certo no final’ e se não deu certo é porque ‘Não era para ser.’ Esse tipo de pensamento reduz a iniciativa e o investimento do sujeito em seus projetos e desejos. A sociedade fica apática esperando o Universo manifestar-se. Com medo de ousar e de tentar. As pessoas acreditam que ‘tudo dá certo para o outro’, ‘as coisas só acontecem com ela’. Esse raciocínio leva à frustração e à tristeza. É uma das razões para escrever a coletânea. Novas ideias, conceitos e articulações emocionais, chegaremos em outros resultados. Uma sociedade mais ativa. Articulada. 


5. Você poderia nos contar um pouco mais sobre o Movimento pela Saúde Mental Café com Freud e Lacan e como ele se relaciona com o lançamento deste novo volume?

R: Cada vez mais recebemos semanalmente na clínica de psicanálise Unbewusste pedido de ajuda de famílias que passaram pela tentativa de suicídio de um de seus membros. Entre tantos outros sintomas e pedidos de tratamento. Desta forma, temos de nos responsabilizar de que algo não está indo bem em nossa sociedade e precisamos agir de maneira propositiva. A partir desta realidade, passamos a escrever articulando os conceitos da psicanálise com questões cotidianas e do mercado de trabalho. De uma forma que todos possam compreender e usufruir dos recursos. Além disso, estamos promovendo palestras, debates, vídeos, podcasts. Uma forma de reverter esta situação tão urgente e atual.   


6. Quais são os maiores desafios enfrentados pelos profissionais autônomos e empreendedores no que diz respeito à saúde mental, segundo sua experiência clínica?

R: Na pergunta 3 já expliquei um pouco. Aqui posso dizer que uma das maiores dificuldades é sair da zona de conforto de satisfações de curto prazo como: tv, séries, joguinhos, redes sociais, substâncias que trazem satisfação como álcool e drogas, para seguir o caminho das satisfações a mais longo prazo. Conseguir plantar, regar, amadurecer, para depois colher. A sociedade está muito imediatista. As pessoas acham que são azaradas e só elas que não ganham 1 milhão em seis meses de trabalho. E assim, observamos muita frustração, desistência, desânimo e apatia. 


7. Quais são as principais diferenças entre o primeiro e o segundo volume de “Café com Freud e Lacan” em termos de abordagem e temática?

R: No primeiro volume, apresentamos a noção de inconsciente, explicamos a respeito do narcisismo, essência da constituição do EU, pela via da identificação, e o diferenciamos do sujeito do inconsciente. Entre tantos tópicos trabalhados, falamos sobre o tempo lógico emocional, divisões topológicas do inconsciente e semblantes necessários de utilizar na vida social. Desenvolvemos a ideia de liderança através de laços afetivos e políticos que todos podem construir para alcançar seus objetivos. Falamos também sobre os sintomas e o saber-fazer com características e habilidades específicas do sujeito para conseguir uma saída possível pela via de projetos e desejos, fugindo de sintomatologias tão comuns do século XXI.  

No segundo Café com Freud e Lacan, abordamos a independência no trabalho, a criatividade, a iniciativa e o empreendedorismo do ponto de vista emocional. Explicamos que ao fazer escolhas, o ser está atrelado a repetições, inércias e compulsões. O ser humano tem medo do que é diferente e vai pelo que é familiar, muitas vezes, em ciclos repetitivos. É acentuada a dificuldade que o sujeito tem em partir do zero. Em aguentar o vazio criativo. Em ficar na falta. Assim, angustia-se. Tentando tapar o vazio, de diversas formas. Muitos, ao invés de criar, produzir, ousar; voltam-se para o mesmo, sintomatizam. Como reinvestir as energias psíquicas de forma produtiva em projetos do coração e destacar-se na multidão? É o mote do 2º volume do livro. 


8. Como as palestras e eventos de lançamento do livro buscam disseminar os conhecimentos da psicanálise para um público mais amplo e diversificado?

R: Tenho ficado muito satisfeita com a receptividade da sociedade. Independentemente do que é discutido nos livros, cada um pede um tema e 25 anos de trabalho clínico me possibilita essa maleabilidade. Em escolas, muitas vezes, eles pedem para falar sobre depressão, stress, burnout na adolescência. A dificuldade com sexualidade e uso de drogas também é bem requisitado. Na Faculdade, perguntam sobre o medo em relação ao mercado de trabalho. Em empresas a questão é mais voltada para o emocional no impacto com o plano de carreira e os sonhos que nem sempre são possíveis realizar no tempo esperado, causando sintomas emocionais. É muito bom poder contribuir com a interrogação de cada instituição, responder às necessidades de cada grupo. 


9. Diante da crescente preocupação com a saúde mental, especialmente no ambiente de trabalho, quais são as principais recomendações que você daria aos gestores e líderes?

R: As pessoas ficam repetindo a ideia de que o inconsciente é “o boicotador”. E isso é uma ignorância a respeito do aparelho psíquico. O inconsciente boicota apenas quando ele não está tratado. Quando ele não está sendo respeitado. Aí ele grita. Faz escândalo. Mas na verdade, é o último recurso que o inconsciente está tendo para que o sujeito o veja e o trate bem. A pessoa esquece coisas, troca nomes, não entrega no prazo. Começa a sentir ansiedade. Se vamos escutar o sujeito na clínica, algo não está bem. Algo está deixando o sujeito infeliz. O dia a dia, o massacre de tantos compromissos, não fazer o que ama, faz com que o inconsciente vire uma panela de pressão e surja em momentos inconvenientes. A maior recomendação seria escutar o sujeito. Observar o talento e a capacidade de cada um. Colocar a pessoa naquele trabalho que ela mais tem potencial. Então o ser humano floresce e o inconsciente, ao invés de boicotar, joga no mesmo time. Tem novas ideias, a criatividade e o amadurecimento emocional crescem.   


10. Como a formação de analistas na Clínica Psicanalítica Unbewusste contribui para a disseminação dos princípios da psicanálise na sociedade contemporânea?

R: Aqui a formação é muito voltada para a clínica. Do meu ponto de vista, a saúde mental está deteriorada porque os psicólogos não fazem “residência”. Para falarmos de saúde mental, precisamos sair do cartesianismo e incluir que existe uma outra lógica para além da razão. Mas é necessária uma ação conjunta. Que todos precisamos enfrentar. Ficar na lógico de que devemos apenas retirar o sintoma e não ouvir o sujeito, está sufocando a sociedade sem resolver a essência da saúde mental. 

Todas as especialidades médicas fazem residência: cardiologia, urologia, psiquiatria, pediatria, ginecologia. Abrangendo todas as áreas. O que é a residência? É a prática. É o dia a dia. É a ação. Na área da saúde, não pode ficar apenas com a teoria. É preciso a prática. 

Por que a saúde mental está tão profundamente devastada neste primeiro quarto de século? Existem muitas Faculdades de Psicologia. Está saindo no mercado uma quantidade enorme de Psicólogos formados, todavia, sem residência, sem prática. O que acontece?

O profissional entra no mercado, como todo recém-formado, sem recursos financeiros. Para começar a atender em consultório, é preciso pagar horários de sala, fazer análise pessoal, supervisão, estudo continuado. O profissional recém-formado tem recursos para isso? 

Não. O que acontece? Muitas vezes, não faz análise, não se trata. O que já é perigosíssimo. Por quê? Por algumas razões. 

Primeiro, o profissional precisa estar bem emocionalmente. Os assuntos trazidos, a rotina de escuta, lidar com emoções, pode ser muito pesado, ainda mais neste primeiro momento recém-formado. Comum haver dúvidas e inseguranças para toda pessoa. O inconsciente é em 3D. Se não colocamos os óculos especiais para vê-lo, as imagens ficam embaçadas, distorcidas. Como vai tratar o outro? O analista não precisa estar perfeito. Ninguém é. Mas precisa se cuidar, fazer avanços e sobretudo, usar os óculos 3D. Conseguir diferenciar entre Eu imaginário e sujeito simbólico. Entre vontades cotidianas e desejos profundos.

O que o tratamento de saúde mental se transforma? Em opinião. Aconselhamento. Apoio. 

É alguma coisa. Sim. Lógico.

Mas está bem longe de tratar o aparelho psíquico. De tratar o emocional. Do sujeito poder falar tudo o que pensa e sente e assim fazer avanço psíquicos. Tomar sérias resoluções. Reerguer as barreiras emocionais que estão frágeis e desgastadas. Esse é um dos maiores problemas em saúde mental. Psicologia vira aconselhamento, opinião, conversa de comadre. 

Após a faculdade, muitos profissionais não investem em recursos para pagar uma supervisão. Discutir os casos, pensar cada paciente de forma singular, articular teoria e prática. Entender como se comunicar de maneira a dialogar com o emocional do sujeito. 

Desta forma, o que observamos em nossa sociedade? A pessoa que precisa de tratamento posterga de todas as maneiras. Busca um profissional, somente quando os sintomas já estão se repetindo há um bom tempo. Quando consequências já começaram a afetar a vida, como perda de trabalho ou de namoro. Ou seja, no estopim. Quando a pessoa está dilacerada, arrasada ou com sintomas muito graves.

Ao procurar um psicólogo, encontra um profissional com pouca prática, sem investimento em sua própria análise, sem supervisão e estudo. O que acontece? 

A pessoa vai em meia dúzia de sessões, fica um processo de apoio e aconselhamento, ela não tem vontade de voltar. E o que é fatal em saúde mental, a pessoa diz: “Terapia não funciona.” É muito comum as pessoas não procurarem outro profissional. Não buscarem entender as linhas de tratamento da psico. As especialidades. Os autores. O tipo de tratamento. Simplesmente, desistem. 

Voltam a procurar quando uma segunda leva de acontecimentos paralisa a vida. Então o sujeito cria forças e volta a procurar. Esta é uma constante no mundo clínico psicológico. Mas este movimento posterga muito o tratamento. Gera efeitos terríveis. Tanto para o paciente, como para o profissional. Vira um looping. O paciente sai do atendimento depois de cinco, seis sessões, o psicólogo não consegue o dinheiro para investir em sua carreira. O paciente leva cinco, seis anos para voltar a pensar nisso, assim os sintomas e efeitos colaterais já aumentaram. Passado esse tempo, os psicólogos também não cresceram em suas clínicas. Não avançaram na análise e nem na supervisão. E ficam essas estatísticas alarmantes de casos de burnout, depressão e tentativas de suicídio, entre tantos outros sintomas. 

Desta forma, através do Movimento pela saúde mental Café com Freud e Lacan, com livros e palestras, vídeos, podcasts, esperamos informar a população, trazer acesso e conhecimento de conceitos e da necessidade de tratamento. Em paralelo, estamos organizando uma residência em saúde mental com apoio e patrocínio de grandes empresas para buscar reverter a situação tão séria em que se encontra a saúde mental atualmente. 


11. Se Freud e Lacan estivessem vivos, eles usariam inteligência artificial em suas sessões?

R: A inteligência artificial pode ser interessante para os estudos, compreensão de conceitos, formação de projetos. Mas na clínica ela contribuiria para o looping da dificuldade de tratamento. 


12. O café mencionado no título do livro é necessário para entender os conceitos, ou podemos usar chá?

R: No começo de formada já investia na articulação da Psicanálise com outras áreas do saber. Tínhamos um grupo que fazíamos “Cafés Filós.” De maio de 2006 a maio de 2007, por exemplo, fizemos 1 ano de debates semanais em centros culturais como: MASP, Casa das Rosas, Cinemateca da PUC, Teatros do Bixiga, comemorando os 150 anos de Freud e articulando com a pintura, a literatura, o cinema, o teatro. São iniciativas fundamentais para tirar as pessoas de casa, fomentar os encontros e os debates intelectuais. Oxigenar os pensamentos e os afetos. E sim, pode ser chá!  


13. Qual seria a cor da camiseta mais terapêutica para um dia de trabalho: azul ou verde?

R: À escolha do sujeito e de seu time de preferência. 


14. Você acredita que a inteligência artificial poderia substituir os psicanalistas no futuro?

R: Não acredito. Uma das razões da saúde mental estar tão devastada é a permanência do sujeito diante das máquinas e sem contato com pessoas.


15. O senso comum é sempre prejudicial para o progresso humano ou há momentos em que ele pode ser útil?

R: ‘Sempre’ e ‘nunca’ estão fora do vocabulário da Psicanálise. Para a Psicanálise, a singularidade impera. Sim, há momentos em que o senso comum pode ser útil. A questão é a repetição, o tempo todo só usar o senso comum asfixia e paralisa o sujeito. Não gera novos pensamentos.  


16. Como você responderia às críticas de que a psicanálise é uma abordagem ultrapassada para lidar com os desafios modernos da saúde mental?

R: Eu diria que a pessoa está falando sem conhecimento de causa. Sem estudo e aprofundamento. A psicanálise é o único estudo que compreende as leis do inconsciente e que trata o sujeito. Isso jamais será ultrapassado. Todas as outras linhas focam no sintoma e travam a luta contra o sintoma. 

Agora, se a pessoa foi atendida por um psicanalista e não sentiu os efeitos do tratamento, eu posso dizer que pode ter ocorrido alguns pontos:

1º – o looping da saúde mental, a falta de estudo e comprometimento do profissional que atendeu (não tem nada a ver com Freud).

2º – o comprometimento do paciente. A psicanálise é um tratamento ativo. Se o sujeito não se compromete em ir com frequência, falar, discutir pontos importantes, tornar-se, analisante, ativo, o tratamento não funciona. 

3º – Se é um estudante que fala da linguagem gongórica de Freud, então precisa participar de grupos de estudos, aulas, discussões clínicas para conseguir aplicar a linguagem para os tratamentos da atualidade.

4º – Se é um profissional da saúde imediatista que quer somente a dissolução rápida do sintoma, é alguém que não está pensando no sujeito em sua totalidade. Para o aparelho psíquico, se o sujeito não é ouvido e tratado, o sintoma pode sumir, mas outro pior pode aparecer. A gastrite emocional pode sumir. Mas então vem a insônia, a psoríase, o vitiligo. Somente muda de órgão. A cura pode ser uma ilusão.  


17. Qual foi o ponto de virada na sua carreira que a levou a se dedicar mais à psicanálise e à escrita? Como a sua formação em psicologia clínica contribui para a sua abordagem enquanto psicanalista lacaniana?

R: Desde a faculdade me dedico à psicanálise. A responsabilidade em fazer publicações voltadas para o cotidiano e o mercado de trabalho, como foi escrito na pergunta 5 está em ver um aumento de sintomas com risco de vida. A formação em psicologia clínica e a psicanálise lacaniana se misturam. A linha de pesquisa na psicologia clínica é a lacaniana. 


18. Quais são os principais desafios que você enfrenta ao tentar simplificar conceitos complexos de Freud e Lacan para um público mais amplo através de suas aulas e palestras?

R: Eu não diria que os conceitos são simplificados. Como expliquei na questão 12, o exercício de dialogar, com as outras áreas do saber, vem desde o começo de formada. Penso que este também é um dos sucessos que tenho na clínica. Deixar os conceitos acessíveis, com linguagem prática e do cotidiano, para os analisantes compreenderem seus processos. A partir disso, o principal desafio seria o de fazer palestras para um público que não tem o menor conhecimento de saúde mental e do exercício de refletir e perguntar. Empresas que não costumam promover a reflexão. Faculdades em que não existem debates. É difícil. Não sabemos se o público está entendendo, está gostando ou precisa ser explicado de uma outra forma. Mas é preciso começar de alguma forma. Estamos aqui para vencer os desafios e abrir espaços de reflexão e inclusão da saúde mental mesmo em terrenos árduos e íngremes.