Entrevista: Duo Música de Interior

1. “Braços Abertos” é o quarto álbum de vocês. O que inspirou a criação desse novo trabalho e como ele se diferencia dos álbuns anteriores?
“Braços Abertos” foi inspirado pela necessidade de explorar as conexões entre a música do interior paulista e a diversidade musical da América Latina. Diferente dos nossos álbuns anteriores, que eram mais focados na sonoridade caipira tradicional, este trabalho expande nossos horizontes ao incorporar ritmos e texturas instrumentais de diferentes culturas latinas. Queríamos que cada faixa fosse uma ponte entre as raízes que nos sustentam e as novas influências que nos inspiram.
2. O álbum reúne influências da música do interior paulista com ritmos de outras regiões do Brasil e de países vizinhos. Como foi o processo de pesquisa e seleção dessas influências musicais?
O processo de pesquisa foi intenso e cuidadoso. Mergulhamos em registros musicais de diferentes regiões, estudando ritmos como chacarera, ijexá, samba chula, a zamba argentina, entre outros. Buscamos criar um diálogo autêntico entre essas influências e nossas raízes caipiras. As escolhas foram feitas com base na afinidade que sentimos com cada ritmo e na sua capacidade de se integrar harmonicamente com a sonoridade que já exploramos em nossos trabalhos anteriores.
3. Vocês mencionam que cada faixa do álbum é uma jornada pela tradição e inovação. Como equilibram a preservação das raízes musicais com a exploração de novas sonoridades?
Esse equilíbrio vem da nossa reverência pelas tradições e da nossa vontade constante de inovar. Como exemplo da música “Guardiã das Tradições”, é uma obra que tem inspiração do Samba Chula e ao mesmo tempo utiliza elementos do Catira Paulista. O resultado é uma sonoridade que honra nossas raízes, mas que também se abre para novas possibilidades musicais, sempre com o cuidado de não perder a essência da nossa música.
4. Algumas das músicas do álbum já foram lançadas como singles. Como tem sido a recepção do público até agora?
A recepção tem sido muito positiva! Os singles lançados até agora, como “Rumo ao Mar”, trouxeram um retorno caloroso tanto do nosso público fiel quanto de novos ouvintes. Cremos que todos os nossos álbuns já lançados e mais os singles recentes, criam uma atmosfera sonora muito diversa, atingindo uma grande variedade de pessoas.
5. O álbum foi gravado com o apoio de uma banda de músicos talentosos. Como foi a experiência de trabalhar com essa equipe e de que forma eles contribuíram para a sonoridade final do álbum?
Trabalhar com essa equipe foi um privilégio. Cada músico trouxe sua bagagem cultural e técnica, contribuindo de maneira única para a sonoridade do álbum. As interações durante as gravações foram ricas em troca de ideias, e isso se reflete na diversidade de timbres e na profundidade dos arranjos.
6. Vocês têm dois shows de lançamento programados, ambos com entrada gratuita e acessibilidade. O que o público pode esperar dessas apresentações?
Os shows de lançamento serão uma celebração da música e da cultura, com performances que vão desde o intimismo de canções ao violão e sanfona até momentos mais vibrantes e rítmicos, de banda completa. Acreditamos que o público irá viajar em uma jornada que contempla muita variedade rítmica, alegria, ancestralidade, filosofia e a leveza da canção latino-americana.
7. Acreditam que “Braços Abertos” pode ajudar a fortalecer o diálogo entre as tradições musicais do interior paulista e outras culturas da América Latina?
Acreditamos que sim. A música tem um poder único de conectar culturas e pessoas. Com “Braços Abertos”, queremos mostrar que as tradições do interior paulista têm muito em comum com outras culturas latinas, e que esse diálogo pode enriquecer e fortalecer ambas as partes. Esperamos que o álbum inspire outros músicos a explorar essas conexões e que o público se sinta tocado por essa mistura de tradições.
8. Como o ProAC contribuiu para a realização deste projeto? Qual a importância de programas como esse para a produção musical no Brasil?
O ProAC foi fundamental para a realização de “Braços Abertos”. O apoio financeiro e institucional nos permitiu dedicar o tempo e os recursos necessários para desenvolver o álbum com a qualidade que ele merece. Programas como o ProAC são essenciais para a produção musical no Brasil, especialmente para artistas independentes que buscam criar trabalhos inovadores e culturalmente relevantes. Eles proporcionam a oportunidade de expandir nossos projetos e alcançar um público mais amplo.
9. O título “Braços Abertos” sugere uma postura receptiva e inclusiva. O que essa escolha representa para vocês enquanto artistas?
O título “Braços Abertos” representa nosso desejo de acolher, integrar e celebrar a diversidade musical e cultural. Queremos que nossa música seja um espaço onde diferentes tradições possam coexistir e dialogar, sempre com respeito e admiração mútua. Enquanto artistas, acreditamos na importância de estar abertos ao novo, sem perder a conexão com nossas raízes, e essa é a mensagem que queremos transmitir com este álbum.
10. Como vocês veem a importância da música folclórica e tradicional no cenário musical atual, especialmente no Brasil?
A música folclórica e tradicional é a base sobre a qual grande parte da música brasileira se desenvolveu. No cenário atual, ela continua sendo uma fonte inesgotável de inspiração e identidade. Preservar essas tradições é essencial, mas também é importante reinventá-las e trazê-las para o presente, dialogando com outras influências e contextos. Acreditamos que essa música tem um papel crucial na manutenção e renovação da nossa cultura, ajudando a formar novas gerações de músicos e ouvintes.
11. O que mais desejam alcançar com o lançamento deste álbum e os shows de divulgação?
Com “Braços Abertos”, queremos expandir nosso público e criar novas conexões culturais. Desejamos que nossas músicas toquem as pessoas de maneira profunda, promovendo a valorização da cultura do interior paulista e das tradições latino-americanas. Nos shows, queremos proporcionar ao público uma experiência inesquecível, que vá além da música, e que reforce a ideia de que, juntos, podemos celebrar nossas diferenças e semelhanças. Além disso, almejamos que o álbum continue a ser uma referência no diálogo entre o tradicional e o contemporâneo.