1. Ajota, o lançamento do seu primeiro EP marca um momento de amadurecimento na sua carreira. Como foi o processo de criação desse projeto e o que você espera que o público absorva dele?
Esse EP surgiu de forma totalmente inesperada, pois não era o nosso objetivo a princípio. As músicas foram acontecendo, fui lançando singles e eles se conectaram de um jeito tão natural que, no fim, não havia como não transformá-los em um EP. Eu fui lançando as faixas conforme sentia que era o momento certo, e, quando reuni todas elas, percebi que formavam um ciclo de um relacionamento. O mais interessante é que eu não lancei as músicas na ordem que elas estão no EP, mas, ainda assim, algumas se alinharam perfeitamente com o que eu estava vivendo em cada época.
O que eu espero é que o público se veja refletido nessas fases e se conecte com as emoções e aprendizados que cada faixa traz.
2. Cada faixa do EP “Caso Encerrado” reflete uma fase de um relacionamento. Como você decidiu a ordem das músicas e como essa narrativa se conecta com suas próprias experiências?
Eu imaginei o ciclo de um relacionamento, começando pelo fim e trazendo o gancho para o recomeço. Até por uma analogia com a minha carreira, de estar encerrando uma fase para iniciar uma nova.
A ordem das músicas segue essa linha: primeiro, o término; depois, vem a fase de explorar novas experiências, sair com outras pessoas, mandar indiretas, se envolver novamente e lidar com as incertezas sobre namorar ou não.
Por fim, chega o momento de se redescobrir e aprender a se amar, ou até mesmo de se amar durante todo esse processo.
Essa narrativa se conecta diretamente com o que vivi — cada fase, cada emoção, está refletida nas músicas, criando um espelho do que passei e do que muitas pessoas também vivenciam em seus próprios relacionamentos.
3. A faixa-título, “Caso Encerrado”, aborda o fim de um ciclo amoroso e a celebração da vida solteira. Você acredita que essa mensagem de empoderamento tem ressoado de forma especial com o seu público?
Com certeza. “Caso Encerrado” é uma música sobre libertação de um relacionamento tóxico, e acredito que essa mensagem tem tocado de forma especial muitas pessoas, principalmente mulheres. Eu deixo isso claro em trechos como “tô sendo quem eu sempre quis e não quem você queria que eu fosse” e “troquei o amargo pelo doce”. Essas frases refletem o processo de resgate da própria identidade e o prazer de se redescobrir. Infelizmente, muitas mulheres passam por relações onde perdem a essência, e alcançar o momento do término, de libertação, é uma grande vitória. Eu vejo essa música como uma celebração dessa conquista, e tem sido incrível perceber como o público se identifica e se sente fortalecido por essa mensagem.
4. Suas composições têm letras cheias de personalidade e humor. Como você equilibra essas características nas músicas que tratam de temas como término de relacionamento e novas fases de vida?
Eu sou uma pessoa muito alto astral, sempre positiva e pra cima, então gosto de tirar algo bom até das situações difíceis. Isso reflete diretamente nas minhas músicas. Mesmo quando abordo temas mais pesados, como um término, eu busco trazer um toque leve e divertido, algo que combine com minha personalidade. Quero que, mesmo em faixas mais emotivas, o público sinta essa energia positiva e a ideia de que sempre há um lado bom nas mudanças da vida.
5. Você se inspirou em grandes nomes do pop brasileiro como Iza, Marina Sena, Duda Beat e Anitta. De que forma essas artistas influenciaram o som e a estética do seu trabalho?
Essas grandes nomes do pop brasileiro têm uma influência significativa no meu trabalho, tanto no som quanto na estética. A força vocal, a inovação e a autenticidade dessas artistas me inspiram a investir na qualidade da produção e a explorar novas sonoridades. O impacto das batidas envolventes e a capacidade de criar visuais marcantes também são aspectos que considero ao desenvolver meu próprio estilo. Juntas, essas influências ajudam a moldar o som e a identidade visual do meu trabalho, criando uma combinação única que reflete meu estilo pessoal e artístico.
6. “Hum Hum” foi uma das suas primeiras composições e tem uma pegada sensual. Qual foi a inspiração por trás dessa faixa e como você a enxerga dentro do contexto do EP?
“Hum Hum” nasceu da vontade de explorar e expressar a sensualidade feminina de uma maneira autêntica e empoderadora. A inspiração veio do desejo de transmitir confiança e atitude, celebrando o poder da sensualidade sem vulgaridade. Dentro do contexto do EP, essa faixa atua como um ponto de partida, introduzindo um tom mais ousado e confiante que ressoa com o tema do ciclo de relacionamentos e autodescoberta.
7. Sua colaboração com o produtor Anderson Nem parece ter uma sintonia especial. Como vocês construíram essa parceria e de que maneira ele ajudou a traduzir suas ideias para o EP?
Conheci o Nem por meio de um amigo em comum, pouco antes de lançar minha segunda faixa autoral da vida, “Me Encontra”, que ele também produziu. O resultado foi incrível, e os feedbacks positivos me incentivaram a continuar trabalhando com ele nas outras músicas do EP, com exceção de “Vai Encarar?”, que já estava pronta e foi produzida pelo meu grande amigo Miguel Travassos.
Eu sou uma pessoa que trabalha muito de forma intuitiva, pegando as coisas mais de ouvido, porque não entendo tanto da teoria musical. Quando quero expressar uma ideia, muitas vezes emito sons ou gesticulo para facilitar a comunicação. O Nem sempre conseguiu me entender bem nessas situações e trouxe a parte teórica que eu não domino, traduzindo minhas ideias de forma que elas se encaixassem perfeitamente no som que eu queria. Nossa parceria fluiu tão bem justamente por essa complementaridade entre intuição e técnica.
8. As faixas do seu EP têm uma mistura de MPB leve com o pop. Como você encontrou essa combinação de gêneros para criar um som que representasse sua identidade artística?
Desde pequena, cresci ouvindo muita MPB, porque meus pais sempre escutaram em casa. Então, esse gênero faz parte de mim, das minhas referências musicais. Ao mesmo tempo, amo músicas que fazem a gente se mexer, que são envolventes e trazem uma energia leve, como o pop. A combinação desses dois gêneros foi algo natural para mim, porque mistura essa essência mais introspectiva e poética da MPB com a vibração e o ritmo dançante do pop. Isso me permite criar um som que reflete quem eu sou, tanto no meu gosto pessoal quanto na minha identidade como artista.
9. O humor está presente em muitas das suas letras. Você sempre buscou incorporar esse toque mais leve nas suas músicas, mesmo ao tratar de situações emocionais intensas?
Sim, sempre busquei trazer um toque leve e divertido para minhas músicas, mesmo quando trato de temas emocionais intensos. Sou uma pessoa naturalmente alto astral e positiva, e tento encontrar algo bom até nas situações mais difíceis. Esse otimismo reflete diretamente no meu trabalho. Mesmo quando falo sobre assuntos pesados, como um término, quero que as músicas transmitam essa energia positiva e a ideia de que há sempre um lado bom nas mudanças da vida. Essa abordagem ajuda a criar uma conexão com o público, oferecendo uma perspectiva mais leve e encorajadora, mesmo em momentos de maior intensidade emocional.
10. Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao longo da criação e lançamento do EP “Caso Encerrado”?
O maior desafio foi encontrar o equilíbrio na combinação de sons das faixas para refletir minha identidade artística de maneira autêntica, especialmente sendo meu primeiro EP, que me apresenta ao mundo. Busquei algo que fosse fiel à minha essência, mantendo minha autenticidade e personalidade em cada faixa, o que foi crucial para garantir que o EP “Caso Encerrado” transmitisse a mensagem e a identidade que eu queria compartilhar com o público.
11. Você lançou clipes para todas as músicas do EP. Como foi a experiência de transformar suas canções em material visual? Alguma cena ou conceito que tenha sido especialmente marcante?
Transformar minhas músicas em material visual é sempre uma experiência incrivelmente gratificante, embora também bastante desafiadora. Envolve uma série de detalhes, desde a escolha da paleta de cores, cabelo, roupa e maquiagem, até a definição do cenário, objetos e locação, são muitos detalhes. Como artista independente, garantir que tudo saia conforme o planejado é um verdadeiro teste, mas o orgulho ao ver o resultado final compensa todo o esforço.
Tenho um carinho especial por todos os clipes, mas “Caso Encerrado” tem um significado emocional ainda mais profundo para mim. Gravamos o clipe com duas amigas: uma dirigindo o carro e a outra filmando com um celular. Quando chegamos à locação, na praia de Grumari, o pneu do carro estourou em um buraco enorme às 5:30 da manhã. Eu estava sem sinal no celular, sem poder pedir ajuda ou consultar um tutorial, e nunca tinha trocado um pneu antes. Conseguimos trocar o pneu em 20 minutos, o que foi um verdadeiro momento de girl power. Depois, seguimos para gravar o clipe, que teve uma vibe maravilhosa. Além disso, eu editei o clipe toda sozinha, o que foi um desafio adicional e tornou a experiência ainda mais especial. Encerrar o EP com essa faixa e esse clipe foi uma forma deliciosa e empoderadora de fechar o projeto, capturando perfeitamente o espírito dessa trajetória.
12. Agora que o “Caso Encerrado” já está no mundo, o que podemos esperar para a próxima fase da sua carreira? Tem novos projetos a caminho?
Com o “Caso Encerrado” concluído e lançado, estou animada para a próxima fase da minha carreira. Estou trabalhando em novos projetos que irão explorar ainda mais minha evolução artística e musical. Já estou desenvolvendo novas composições que prometem trazer sonoridades frescas e novas perspectivas. Fiquem ligados que vem aí!