Duhigó: Primeira indígena do Amazonas marca história na Bienal de Veneza

Duhigó: Primeira indígena do Amazonas marca história na Bienal de Veneza

A artista visual Duhigó, do povo Yepá Mahsã (Tukano), se consagra como a primeira indígena do Amazonas a participar da Bienal de Veneza, a maior e mais antiga bienal de arte do mundo. A partir deste sábado (20), três obras da artista estarão expostas no Pavilhão da Bolívia, na mostra “Olhando para o futuro-passado, seguimos em frente”, que reúne artistas de diversos países amazônicos.

Reconhecimento internacional e ancestralidade indígena

Duhigó, já premiada com o Funarte “Mestras e Mestres das Artes 2023”, recebeu o convite do vice-ministro da Cultura da Bolívia, Juan Carlos Cordero Nina, para participar da Bienal. A artista destaca a importância desse momento: “Estou muito feliz com esse reconhecimento. A minha história não foi fácil e ainda é difícil o indígena ocupar espaços de arte no Amazonas, no Brasil e fora dele. Mas agora meus trabalhos estão na Bienal do mundo e só tenho a agradecer por todos que me ajudaram a chegar até aqui.”

As obras

As três obras de Duhigó na Bienal de Veneza exploram a memória, a ancestralidade e a relação dos povos indígenas com a natureza:

  • Tacapé: Em acrílica sobre tela, a obra apresenta um tacape recolhido há mais de 200 anos pelo viajante português Alexandre Rodrigues Ferreira na Amazônia. Os grafismos aplicados representam a relação entre o homem e a natureza, além da tensão entre os povos indígenas e o colonizador.
  • Maloca Tuyuka II: Também em acrílica sobre tela, a obra retrata os Tuyukas, grupo indígena próximo aos Tukano, etnia da artista. A segunda versão da obra apresenta os Tuyukas e sua gráfica corporal em frente à maloca.
  • Duhporocacé (coisa do passado, na língua Tukano): A obra resgata as memórias da infância da artista na aldeia de São Francisco, às margens do rio Tiquié. A pintura apresenta a maloca de sua família e seus familiares.

Outras presenças amazônicas

Além de Duhigó, a Bienal de Veneza também conta com a participação de outros artistas da região amazônica:

  • Manauara Clandestina (1992): Presente no Núcleo Contemporâneo da exposição.
  • Denilson Baniwa (1984): Curador do Pavilhão Brasileiro na mostra “Ka’a Pûera: somos pássaros ambulantes”.

Serviço

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