De onde vem o fascínio por livros, filmes e séries sobre crimes?
Novas produções culturais desse segmento aguçam a curiosidade do público pelo lado mais instintivo e obscuro do ser humano
Seja no cinema, na literatura, na TV ou em qualquer plataforma de streaming, há uma forte presença de produções que abordam casos de crimes, reais ou ficcionais. Podcasts que investigam ocorrências do passado têm grande popularidade, assim como séries que exploram o desejo de vingança e o uso da violência – até mesmo a TV aberta vai relançar um programa sobre crimes que chocaram o Brasil. Como explicar tamanho interesse do público por tais obras?
Segundo Uranio Bonoldi, escritor da série de thriller “A Contrapartida”, o segredo está na dualidade do ser humano que o faz esconder o seu lado mais obscuro e, ao mesmo tempo, buscá-lo em produções culturais. “Metade da natureza humana é movida pela irracionalidade, pelos instintos, baseada no desejo, no prazer, no medo… A outra metade é guiada pela racionalidade, pela sabedoria, por valores e virtudes. Assim, tendemos a esconder esse lado irracional animalesco, mas não perdemos a atração e a curiosidade por aquilo que dá vazão ao que há de mais obscuro em nossa personalidade”, diz.
O escritor acredita que, ao assistir uma série sobre crimes bárbaros ou ler um livro sobre assassinatos em série, o público sana a curiosidade pelo comportamento instintivo. “Em alguns casos, o interesse se dá pelo choque, pela surpresa, perguntando ‘Como alguém é capaz de cometer tal atrocidade?’. Em outros, a pessoa diz ‘Eu cometeria o mesmo crime se tivesse na mesma situação e tivesse coragem’. Há um jogo complexo de identificação, justamente porque essas produções dão luz àquilo que é inerente ao ser humano mas que, por motivos justos, da boa convivência e, por que não dizer, da ética, vive escondido pelas máscaras sociais”, opina.
Os livros da saga “A Contrapartida” exploram a complexidade do comportamento humano, revelando como é possível se aproximar ou se afastar da nossa racionalidade por meio de nossas escolhas. “Não somos capazes de sermos 100% racionais, os nossos instintos têm papel fundamental na nossa formação, e podem até mesmo contribuir para nosso desenvolvimento pessoal. A questão é saber dosar cada um desses lados, e para isso o melhor caminho é reconhecê-los e entendê-los”.
O último lançamento, “A Contrapartida III – A Contra-história”, discute o poder do “não”. A trama revisita os livros anteriores para mostrar o que aconteceria com o protagonista se ele tivesse feito uma escolha diferente na história original. “Tentações ou propostas corta-caminhos que as pessoas nos propõem podem induzir e manipular. O ‘não’ tem a capacidade de nos fazer caminhar pela nossa essência, pelos nossos valores”, comenta o autor.
Sucesso no gênero
A saga é considerada uma das mais bem-sucedidas no gênero thriller no mercado nacional, apresentando ambientações tipicamente brasileiras, com conflitos que vão desde a violência de São Paulo ao garimpo ilegal na Amazônia. Em “A Contrapartida” e “A Contrapartida II – O contra-ataque”, a trama gira em torno de Tavinho, um jovem que para não frustrar a mãe e honrar a memória do pai, aceita tomar o elixir da sabedoria para se tornar mais astuto, com o raciocínio mais ágil e uma inteligência acima da média. A escolha, contudo, tem um alto preço: o assassinato de pessoas em série.
Com a boa recepção de público e de crítica, a série atingiu o topo do ranking dos mais vendidos do gênero thriller na Amazon, e já está com a continuação planejada. “Serão cinco volumes no total, abordando os poderes do homem e suas consequências. Muita coisa ainda está por vir”, revela Bonoldi.
A Contrapartida – Livro 3: A Contra-história Link
Editora: Valentina; 1ª edição (31 janeiro 2023)
Idioma: Português
Capa comum: 248 páginas
ISBN-10: 6588490534
ISBN-13: 978-6588490532
Dimensões: 23 x 1 x 16 cm
Sobre o autor:
Uranio Bonoldi é palestrante e especialista em negócios e tomada de decisão. Atuou em grandes empresas como diretor e CEO. É autor dos thrillers da saga “A Contrapartida” e de “Decisões de alto impacto: como decidir com mais consciência e segurança na carreira e nos negócios”. Educado pelo método Waldorf, sua graduação e em seguida a pós-graduação em administração de empresas foi feita na FGV-SP.