1. O que te motivou a revisitar e orquestrar suas canções para o álbum “Concerto 1”?
O tempo, a pandemia, muitas coisas. A ideia primeira foi a de um show, que virou turnê em 2023. Com o material gravado, vi uma nova possibilidade de leitura daquelas músicas de discos tão diferentes entre si no som, na produção. Me soou coeso e bonito.
2. Como foi o processo de selecionar as músicas que fariam parte tanto do show quanto do disco?
Para o show foram mais músicas. O show tem momentos não orquestrados também, onde música eletrônica e outras coisas que influenciaram os discos também entram. Para o disco, me interessou o recorte da parte orquestrada, porque vi uma unidade diferente ali do que acontecia no show.
3. Você mencionou que sempre imaginou arranjos clássicos para suas músicas. Como foi ver essas ideias finalmente ganharem vida com a orquestra?
Pra mim é muito prazeroso ouvir as músicas nesse formato, me soam confortáveis.
4. A transição das estéticas low-fi para os arranjos orquestrais trouxe algum desafio inesperado?
Acho que não porque o Felipe Pacheco, que fez os arranjos para a orquestra, fez com muita sensibilidade essa transição. Foi muito respeitoso com as canções.
5. Como foi trabalhar com Felipe Pacheco e os músicos envolvidos nesse projeto?
Foi ótimo, foi um disco feito entre amigos. O Felipe, o Bruno Schulz, o Jonas Hocherman, que formou a orquestra, todos são pessoas pelas quais tenho grande afeto, isso reflete no disco.
6. A escolha de gravar os arranjos ao vivo influenciou na dinâmica ou na emoção transmitida pelas músicas?
Sim, o som é diferente, fisicamente até, pelos harmônicos no ar, mas também pela afinação, pela personalidade de cada músico. É um resultado único o que se chega ao juntar pessoas pra tocar ao vivo, diferente do que se chega juntando sons no computador. Ambos são arte, mas chegam em lugares diferentes.
7. Como você descreveria a contribuição de cada instrumento para a construção dos novos arranjos?
Os instrumentos contribuem para o arranjo na medida em que o músico tira dele o som mais ou menos conectado com o todo, com o sentimento da música. Nesse sentido acho que cada músico da orquestra, com sua personalidade, imprimiu uma camada a mais no sentimento da música, que é o que o arranjo busca.
8. “Tempo de Pipa” é uma das suas músicas mais conhecidas. Como foi ressignificar essa faixa após tantos anos?
Bem agradável, é uma música que carrega um sentimento básico meu que gosto de revisitar.
9. A música “Capim-limão” já era imaginada com esse tipo de arranjo. Qual é a sensação de vê-la finalmente concretizada da forma como você idealizava?
R: Gosto muito, a paisagem sonora dela sempre me deu uma sensação boa, agora são duas.
10. Algumas faixas, como “Ela e a Lata” e “De Passagem”, têm inspirações em cenas urbanas. Como os arranjos orquestrais influenciam a forma de contar essas histórias?
Acho que a orquestração, por serem várias pessoas tocando junto, trouxe mais dramaticidade para as letras.
11. Como foi revisitar momentos da sua vida e carreira através dessas músicas? Alguma memória marcante surgiu durante o processo?
Foi muito bom. Muitas memórias surgiram, sempre em lugares diferentes, o que me fez ver o quanto o meu deslocamento geográfico ao longo dos anos foi influenciando os discos, as temáticas, as inspirações. Foi como uma visita panorâmica ao que já fiz, deu um outro ponto de vista.
12. Você acredita que o álbum “Concerto 1” pode trazer uma nova percepção do seu trabalho tanto para o público quanto para você mesmo?
Acho que sim. Com o passar dos anos naturalmente a música ganha significados, acho que esse álbum trará novos.
13. Pretende continuar explorando essa abordagem orquestral em novos projetos ou está pensando em experimentar outros formatos?
Sempre quero fazer algo diferente do que acabei de fazer, acho natural. Em ciclos, acabo voltando a interesses de antes, acho que a música orquestral sempre vai estar presente no que faço, em maior ou menos intensidade.
14. Após o lançamento do “Concerto 1”, há planos para expandir a turnê ou realizar novos projetos relacionados a ele?
Penso em tocar mais o Concerto 1 ao mesmo tempo em que penso em gravar e lançar coisas novas, tudo em paralelo.
15. Que mensagem você gostaria de transmitir aos fãs ao lançar um álbum tão único e introspectivo como este?
Foi um processo longo e franco o que me trouxe até esse álbum, fico feliz de dividir com o mundo.