Cia. Dos à Deux faz últimas apresentações de
Enquanto você voava, eu criava raízes
no Sesc Santo Amaro
Vencedora do Prêmio Shell de melhor cenário e indicado ao Prêmio Cesgranrio de Teatro em cinco categorias, incluindo melhor espetáculo, a peça encerra a temporada paulistana com sessões de quinta a domingo
Em cena, André Curti e Artur Luanda Ribeiro criam narrativas visuais e ilusões por meio da fisicalidade e da virtuosidade. Foto: Nana Moraes.
A Cia Dos à Deux, de teatro gestual, já arrebatou plateias em mais de 50 países, e neste trabalho a partitura de corpos traça uma jornada interna de conhecimento e dor
Enquanto você voava, eu criava raízes, mais recente espetáculo da Cia Dos à Deux, encerra sua temporada paulistana nesta semana, com apresentações de quinta a domingo, de 30 de março a 2 de abril, no Sesc Santo Amaro. Em São Paulo, com realização do Sesc SP, o trabalho trata o medo como um propulsor, um sentimento, uma sensação que nos paralisa, mas também nos lança para outros caminhos. Em 2023, a peça foi vencedora do prêmio Shell na categoria cenário; e está indicado no prêmio Cesgranrio nas categorias: melhor iluminação, cenário, espetáculo, direção e música.
Sem uma dramaturgia linear, Enquanto você voava, eu criava raízes tem diversas cenas, que se completam e transitam entre o onírico e a realidade. O corpo é o guia da partitura e a fonte de leitura do trabalho. Por ele, mergulhamos nessa pesquisa da dupla de artistas sobre esse tema que acompanha o ser humano ao longo de sua vida, o medo e sua transformação.
Na cena, dois corpos que se fundem e se perdem. Nos estranhamos tanto a ponto de nos perdermos no próprio reconhecimento? As imagens dos corpos são marcados pela dor e pesar, mas ainda assim há um caminhar, seguir em frente. Uma tela se interpõe entre plateia e artistas e cria o ilusionismo: corpos se fundem, se prolongam, ficam em partes ou menores; equilibram-se no ar ou entre si.
É um espetáculo sensorial e nos toca ao tratar de múltiplos medos “espaços íntimos de sensações”, como disseram os criadores. Na sequência de cenas, alguém parte e outro fica. Dois pontos que se completam como processo de conhecimento. Um corpo que se levanta e é cuidado para prosseguir.
As imagens projetadas, criadas pelo diretor de fotografia Miguel Vassy e pela artista plástica Laura Fragoso, dialogam com a dramaturgia, assim como a música original criada por Federico Puppi, que ajuda a criar diversos climas ao longo do espetáculo.
Os dois artistas André Curti e Artur Luanda Ribeiro são responsáveis pela dramaturgia, cenografia, coreografia, direção e performance. Nos 25 anos de trajetória e parceria, com grande reconhecimento e trânsito internacional e nacional, os dois costumam dizer que, para além do teatro gestual, como a companhia é caracterizada, são bougeurs de théâtre (algo como “movedores do teatro”). Essa dança gestual em cena, elaborada a partir de temas de seus espetáculos, lança o público na magia do teatro.
CIA. DOS À DEUX
Há 25 anos, André Curti e Artur Luanda Ribeiro se conheceram durante um festival em Paris e decidiram começar uma pesquisa teatral e coreográfica, tendo como inspiração a obra Esperando Godot, de Samuel Beckett. Em 1998, nasceu o primeiro trabalho, Dos à Deux, peça que deu nome à companhia. No Festival de Avignon, com esse primeiro trabalho, os dois então jovens criadores tiveram um imediato reconhecimento da crítica e dos curadores, lhes impulsionando pelas estradas de todos os países da Europa, além da África, América do Sul, Coreia do Sul e na Índia.
A premiada companhia franco-brasileira de teatro gestual arrebatou plateias em mais de 50 países, com mais de 3 mil apresentações por toda a Europa, África Central, Ásia, Polinésia Francesa, Emirados Árabes e América do Sul. O repertório é formado por onze espetáculos: Dos à Deux (1998), Je suis bien moi (2000), Fulyo (2000), Aux pieds de la lettre (2002), Saudade em terras d’água (2005), Fragmentos do desejo (2009), Ausência (solo com Luís Melo, de 2012), Dos à Deux – 2º ato (2013), Irmãos de sangue (2013), Gritos (2016) e Enquanto você voava, eu criava raízes (2022). Em 2021, sete espetáculos da companhia foram exibidos na mostra online “Dos à Deux – A Singularidade de uma Trajetória”.
FICHA TÉCNICA
Direção, dramaturgia, cenografia, coreografia e performance: André Curti e Artur Luanda Ribeiro
Música original: Federico Puppi
Iluminação: Artur Luanda Ribeiro
Cenotecnia: Jessé Natan e VRS
Assistentes de cenotecnia: Bruno Oliveira, Eduardo Martins e Rafael do Nascimento
Criação de objetos: Diirr
Criação videográfica: Laura Fragoso
Imagens: Miguel Vassy e Laura Fragoso
Figurino: Ticiana Passos
Operação de som e vídeo: Gabriel Reis
Operação de luz: Francisco Alves – PH
Contrarregragem: Iuri Wander
Preparação/criação percussiva: Chico Santana
Costura da caixa preta: Cris Benigni e Riso
Costura dos figurinos: Atelier das Meninas
Assessoria de imprensa: Canal Aberto Comunicação
Mídias sociais: Mariã Braga
Designer gráfico: Dante
Adaptação das artes: Thiago Ristow
Fotos: Nana Moraes e Renato Mangolin
Coordenação administrativo-financeira: Alex Nunes
Produção executiva: Silvio Batistela e Amora Pinheiro
Produção executiva em São Paulo: Pedro de Freitas e Adolfo Barreto (Périplo Produções)
Direção de produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela – Galharufa Produções
Realização: Cia Dos à Deux
Instagram: @ciedosadeux Facebook: dosadeux
SERVIÇO:
Enquanto você voava, eu criava raízes
Últimas apresentações: dias 30 e 31 março, 1 e 2 de abril
Quinta e sexta, às 21h; sábado, às 20h e domingo, às 18h.
Local: Sesc Santo Amaro (Rua Amador Bueno, 505 – Santo Amaro, SP)
Tel: (11) 5541-4000
Ingressos: R$ 40/ R$ 20/ R$ 12
Capacidade: 279 lugares – *Unidade acessível
Duração: 55 min.
Classificação indicativa: 18 anos.