Christian Dunker fala sobre crise de saúde mental no Provoca

Nesta terça-feira (26), o psicanalista Christian Dunker, autor de 14 livros, é o convidado do Provoca, programa apresentado por Marcelo Tas na TV Cultura, às 22h. Em uma entrevista exclusiva, Dunker aborda questões fundamentais sobre a saúde mental, a medicação excessiva, a importância da escuta e os perigos de diagnósticos apressados.
A crise da saúde mental e o excesso de medicação
Na conversa, Dunker revela que a crise de saúde mental atual resulta de um modelo falho que prometia curas rápidas, como o uso generalizado de antidepressivos, como o Prozac. Ele aponta que, embora esses medicamentos tragam alívio temporário, não resolvem as questões profundas do indivíduo. “O modelo não entregou o que prometeu. Despejamos antidepressivos para todo mundo e esperamos que isso resolva a busca pela felicidade”, diz.
Dunker critica a promessa de que a medicação seria a solução para a saúde mental, enfatizando que, apesar de trazer algum alívio, a medicação não pode substituir o trabalho contínuo de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal.
O problema do excesso de diagnóstico
Dunker também aborda o aumento de diagnósticos, como TDAH e autismo, e a crescente prática de autodiagnóstico na internet. O psicanalista alerta sobre o perigo da medicalização excessiva da sociedade e destaca que a indústria farmacêutica influenciou a elaboração do DSM-5, um dos principais manuais de diagnóstico. “70% dos autores do DSM-5 tinham compromisso com a indústria farmacêutica. Isso gerou a criação de centenas de novos diagnósticos nos últimos 50 anos, sem uma base científica sólida”, explica.
Dunker defende tratar a saúde mental de maneira mais cuidadosa e empática, enfatizando que não devemos simplificar ou padronizar os transtornos.
A importância da escuta no cuidado psicológico
Durante a entrevista, o psicanalista também fala sobre a importância de escutar o outro e compreender suas vulnerabilidades. Para Dunker, a escuta verdadeira vai além da simples troca de palavras: ela exige uma conexão profunda e o reconhecimento das complexidades internas do outro. “Escutar implica se despir e se abrir para o outro, reconhecendo suas próprias limitações”, afirma.